quinta-feira, 31 de julho de 2025

Gênesis: A Vida de Jacó & José – Linha do Tempo Integrada e Devocional

 


 

Capítulo

Jacó

José

25.19–34

Nascimento de Jacó e Esaú.

30.22–24

Jacó tem filhos com Raquel, incluindo José.

Nascimento de José.

33

Jacó reconcilia-se com Esaú.

35

Deus renova a Aliança com Jacó.

37

Jacó envia José aos irmãos. José é vendido.

Início da trajetória de José no Egito.

39

José prospera na casa de Potifar, mas é preso injustamente.

40–41

José interpreta sonhos e torna-se governador do Egito.

42–45

Jacó lida com a escassez e os irmãos voltam ao Egito.

José reencontra os irmãos e revela sua identidade.

46–47

Jacó vai ao Egito com sua família.

José prepara a recepção e administra a terra.

48

Jacó abençoa os filhos de José.

José apresenta Efraim e Manassés a Jacó.

49–50

Jacó profetiza sobre seus filhos e falece.

José sepulta Jacó e reafirma a promessa divina.


🔍 Observações Espirituais

  • A vida de Jacó é marcada por encontros com Deus, reconciliações e amadurecimento espiritual.
  • José é exemplo de fidelidade e confiança mesmo em circunstâncias injustas.
  • Ambos mostram como a Aliança de Deus atravessa gerações e molda os corações dos seus escolhidos.
  • Gênesis termina com a expectativa do cumprimento da promessa: o retorno a Canaã.

📘 Devocional: Reflexões e Aplicações

Reflexões sobre Jacó

[ ] Como os encontros de Jacó com Deus moldaram sua jornada espiritual?

[ ] Quais lições podemos aprender com a reconciliação entre Jacó e Esaú?

[ ] Como a renovação da Aliança com Jacó reflete a fidelidade de Deus?

Reflexões sobre José

[ ] Como José manteve sua fidelidade em meio às adversidades?

[ ] Quais princípios podemos aplicar da liderança de José no Egito?

[ ] Como a história de José nos ensina sobre perdão e restauração?

Versículos-Chave

  • Gênesis 28.15 – "Estou com você e cuidarei de você onde quer que vá."
  • Gênesis 50.20 – "Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem."

Aplicações Práticas

[ ] Confie na soberania de Deus mesmo em tempos difíceis.

[ ] Busque reconciliação e paz em seus relacionamentos.

[ ] Lidere com integridade e sabedoria, seguindo o exemplo de José.

 

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Historiologia Protestante

 

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segunda-feira, 14 de julho de 2025

Reflexão - Uma Pessoa que se Considerava Boa


O dia amanheceu ensolarado, o que o despertou cheio de ânimo. Verificou seu guarda-roupa e escolheu o que considerou ser a roupa mais adequada para aquele dia, que prometia ser de calor intenso.

Enquanto tomava seu café matinal, examinou a agenda de compromissos para o dia, que incluía algumas atividades importantes. Mentalmente, enquanto saboreava o desjejum, foi alinhando diversos pontos que deveriam ser abordados em seus encontros de negócios.

Apesar de ter diversas pessoas à sua disposição, sabia muito bem que algumas coisas deveriam sempre ser tratadas por ele. Lembrava-se constantemente de um ditado dito por seu velho pai: “Os olhos do dono engordam o rebanho.”
Ele mesmo conhecia histórias tristes de amigos e conhecidos que deixaram seus bens nas mãos de outrem e acabaram enganados e roubados. Trabalhou muito para conquistar tudo o que tinha e não pretendia deixar tudo se perder facilmente.
Gostava de acordar cedo e aproveitar o tempo da refeição matinal para se inteirar dos últimos acontecimentos do dia, ouvindo seus diversos serviçais, que os coletavam enquanto realizavam suas atividades cotidianas.

Foi então que tomou conhecimento de um rabino que estava em evidência nos últimos dias e que passaria pelas proximidades de onde morava. Diziam que ele atraía multidões e que suas palavras eram cheias de sabedoria.
Apesar de ainda jovem, interessava-se profundamente por assuntos religiosos. Crescera, como todo judeu, aprendendo sobre a Torá, e sabia de memória muitos trechos dela, incluindo os chamados Dez Mandamentos.
Como um bom cidadão judeu, frequentava com regularidade as reuniões na sinagoga mais próxima. Tinha afeição e admiração pelos diversos rabinos que ali passavam e explicavam os textos sagrados. Ouvia-os com avidez e com o desejo sincero de ajustar sua vida às normativas divinas. Considerava-se uma pessoa boa e cumpridora de suas obrigações religiosas, familiares e sociais.
Então, chamando um de seus serviçais, pediu que descobrisse qual caminho aquele famoso rabino utilizaria e em que momento do dia ele passaria pelas proximidades. Uma curiosidade crescente começou a ocupar sua mente.

Precisava conversar com aquele homem sábio. Quem sabe poderiam trocar experiências, afinal, ele não era um neófito no que dizia respeito à Torá e ao judaísmo.
Após algumas horas, o serviçal retornou informando que, segundo suas pesquisas, o famoso rabino estaria se aproximando entre a 9ª hora (15 horas) e a 11ª hora (17 horas).
Excelente, pensou ele. Haveria tempo para se organizar, resolver algumas questões e sair para encontrar-se com essa pessoa. Ordenou ao serviçal que ficasse atento e o avisasse quando o eminente rabino estivesse próximo.

Já era a 10ª hora do dia quando o serviçal entrou apressado e ofegante, avisando que o rabino estava se aproximando da região.
Rapidamente, ele cingiu-se de sua vestimenta pública, colocou dois de seus anéis preferidos, além de dois cordões de ouro — usados apenas em ocasiões muito especiais, especialmente em recepções de autoridades. Afinal, queria causar uma boa impressão. Então saiu, acompanhado pelo serviçal.

A uma distância razoável, percebeu a movimentação de um grupo de pessoas. Pelo ritmo, deduziu que acompanhavam a caminhada de alguém importante. O serviçal então lhe disse:
— É o rabino, acompanhado de seus discípulos e de algumas pessoas da vila que desejam vê-lo e ouvi-lo.

Aguardou mais alguns instantes e, em seguida, começou a caminhar em sua direção.

Enquanto se aproximava, não percebeu nada de especial na roupa ou na aparência daquele homem que o identificasse como um famoso rabino. Pareceu-lhe alguém comum, até mesmo extremamente humilde. Seria, de fato, esse o rabino tão comentado? Teria ele algo a aprender com essa pessoa?

Posicionou-se próximo ao grupo em movimento e, com educação e reverência, saudou o mestre. Em seguida, proferiu uma pergunta mais retórica que inquisidora:
— Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

O som da pergunta teve o efeito imediato de interromper a caminhada. Um breve silêncio se formou.
Todos os olhares agora se voltaram ao Mestre, centro das atenções.
Como reagiria? Qual seria sua resposta?

Então Jesus olhou para aquele jovem e lhe respondeu com uma pergunta:
— Por que me chamas bom?

Em seguida, completou:
— Ninguém é bom, senão um: Deus.

O jovem inquiridor certamente não compreendeu completamente aquela resposta, mas manteve-se em silêncio.
Ainda olhando nos olhos do rapaz, Jesus perguntou:
— Você conhece os mandamentos?

Referia-se às duas Tábuas da Lei. E começou a citá-los:
— Não matarás; Não adulterarás; Não furtarás; Não darás falso testemunho; Honra teu pai e tua mãe; Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

A resposta do jovem veio rápida, demonstrando um certo alívio:
— Sim, Mestre. Não apenas os conheço, como tenho procurado praticá-los desde minha adolescência.

Em outras palavras, ele estava dizendo: desde que assumi as rédeas da minha vida, tenho buscado seguir cada um desses mandamentos.

O olhar de Jesus se reveste de profunda ternura por aquele rapaz. Ele percebe a genuinidade de seus esforços em observar os preceitos da Lei. Há nele uma certa maturidade, apesar da juventude. Tem se esforçado por viver de modo honesto e justo.

Mas ainda lhe falta uma coisa — a mais importante de todas.
A próxima pergunta de Jesus trará à tona a lacuna silenciosa que atravessa todo o projeto de vida daquele jovem entusiasta.

Jesus sabe, desde antes, o que Sua pergunta vai provocar: desconforto, reflexão, talvez tristeza. Mas Ele precisa fazê-la.
Precisa conduzi-lo a um ponto de pausa, onde — enfim — possa sondar com mais profundidade o próprio coração e a alma.

Então Jesus declara: “Falta-lhe uma coisa”, e respirando profundamente continua “vai vende tudo o que você tem (herdado ou acumulado ao longo dos anos) e dê todo o dinheiro arrecadado aos pobres, e você terá um tesouro no céu. E respirando profundamente novamente completa: “Então, venha e siga-me”.

Um silêncio absoluto se fez sentir.
Os olhares agora se voltam para o rapaz, que está completamente atônito diante das palavras pronunciadas por Jesus.

Ele está pronto para muitas coisas.
Talvez ampliar os dias de jejum; aumentar suas contribuições ao Templo; financiar a produção de cópias da Torá — que eram caríssimas; ou até mesmo destinar uma quantia generosa para ajudar os mais carentes.

Mas o que Jesus pede vai além.
Não se trata de fazer mais, e sim de abrir mão — de tudo.
De deixar de controlar o que possui para se tornar plenamente disponível ao Reino.

Mas quando Jesus disse: “Vende tudo o que tens e dá aos pobres”, todo o seu castelo religioso desmoronou.
A estrutura que havia construído ao redor da própria vida foi demolida por aquelas palavras... “vende tudo e dá...”.

O rapaz não estava preparado para isso.
Ninguém jamais lhe dissera tal coisa! Soava como um absurdo. Era radical demais, acima do que ele considerava razoável.
Todo seu entusiasmo inicial, toda a disposição que o movera até Jesus... simplesmente desapareceram.

Foi como se, num ringue, recebesse um gancho de direita certeiro no queixo.
Implacável, foi ao chão — completamente sem forças para reagir.
Não tinha resposta, não tinha argumento.

Só lhe restou uma alternativa: “afastou-se triste...”.

O evangelista Marcos explica o motivo: “pois possuía muitos bens”.

Quando Jesus citou os mandamentos ao jovem, propositalmente deixou de mencionar o primeiro: “Não terás outros deuses diante de mim”.
Jesus sabia que o deus daquele rapaz era a sua riqueza.

E a pergunta que se torna necessária diante dessa narrativa é:
QUAL É O MEU DEUS?

 

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Observação

Está narrativa é tão relevante que três dos quatro evangelistas, contendo pequenas variações, a inserem em suas narrativas evangélicas: Marcos 10:18, Lucas 18:19 e Mateus 19:17.

 

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sábado, 5 de julho de 2025

Comentário Devocional: Salmos 119.9-16 Letra Bete (בַּ)


Estamos degustando o Salmo 119. Ele contém 22 divisões que correspondem às 22 letras do alfabeto hebraico — portanto, trata-se de um salmo em forma poética acróstica.

Já vimos a primeira estrofe deste salmo (versículos 1–8), que se inicia com a primeira letra do alfabeto hebraico: Álef (א).

Neste texto, veremos a segunda estrofe (versículos 9–16), que começa com a letra Bete (בַּ). Essa segunda letra do alfabeto significa “casa” em hebraico. Assim, utilizando a linguagem poética, podemos fazer do nosso coração um lar para a Palavra de Deus.

Essa estrofe se inicia com uma pergunta retórica: Como pode o jovem — ou seja, a próxima geração — manter puro o seu caminho (ou o seu coração)?

Por que o jovem?

O livro de Provérbios nos dá a resposta: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele” (Pv 22.6). Portanto, o salmista está pensando na nova geração e em como preservar suas mentes e corações das contaminações nocivas e nefastas produzidas por uma sociedade doente e depravada.

Os jovens são entusiastas, mas completamente desprovidos da experiência da vida — como exemplifica a parábola do filho pródigo. Assim, a única esperança para as novas gerações está em ensiná-las a amar a Palavra de Deus e a viver por ela, pois ela se constitui no único Caminho para a verdadeira felicidade.

O jovem Daniel e seus amigos, apesar de terem sido levados cativos para o coração da Babilônia — símbolo do que havia de mais depravado e idólatra na época —, mantiveram-se firmes em seus princípios de fé. Isso porque suas mentes e corações estavam amalgamados com a Palavra de Deus. Rejeitaram toda sorte de atrativos e pressões que lhes sobrevieram. Nem a fornalha aquecida sete vezes, nem a cova dos leões foram capazes de demovê-los de suas convicções.

Daniel e seus amigos verdadeiramente aprenderam a amar a Palavra de Deus e a guardá-la em seus corações.

Qualquer outra escolha os teria levado à infelicidade — e à morte.

Estamos contemplando os resultados de gerações que têm se afastado, cada vez mais, da Palavra de Deus, optando por andar em seus próprios caminhos. O que vemos é uma geração fútil e tola, obstinada e intratável.

O versículo 9 levanta uma pergunta retórica: “Como pode o jovem manter pura a sua conduta neste mundo atolado no lamaçal do pecado?” O próprio texto oferece a resposta: por meio da Palavra de Deus. No entanto, essa pergunta se aplica a todos nós, independentemente da idade. A única coisa que pode manter nosso caminho — nossa vida — puro e limpo é a Palavra de Deus.

Embora o termo “pureza” esteja quase completamente em desuso, seu significado permanece atual e necessário: viver com fidelidade a nós mesmos e aos princípios divinos, sem concessões. Infelizmente, poucos estão dispostos a aceitar esse desafio.

Expressões distorcidas como “o novo normal” têm levado milhares de jovens — e também adultos — a negociar seus princípios de fé, adotando como normativas de vida os nefastos valores sociais antibíblicos e anticristãos.

Enquanto os “Happy Hours” lotam os bares e multiplicam o consumo de bebidas alcoólicas, as igrejas estão se esvaziando.

verso 10 - “De todo o meu coração te busco.” Talvez o salmista tivesse lido — ou ouvido — as palavras de Jeremias (29.13): “Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.” Ele não desejava apenas obedecer às leis de Deus, mas ter comunhão com Ele.

Vivemos o boom do saber enjaulado — academicista, autorreferente e distante da vida real. Cursos de mestrado e doutorado se multiplicam nas esferas teológicas. Nunca se produziu tanto conhecimento bíblico-teológico como em nossos dias. O conhecimento acadêmico virou vitrine.

Mas a questão fundamental é: Quanto desse conhecimento tem contribuído para uma vida mais santa e compromissada com as verdades imutáveis da Palavra de Deus? Quanto desse saber tem sido transferido do cérebro para o coração?

Saber sobre Deus não é o mesmo que vivenciar Deus na vida cotidiana. O quanto desse conhecimento biblicista tem produzido genuíno arrependimento e transformação de caráter? Infelizmente, não se respira nos centros acadêmicos uma atmosfera de contrição, mas sim de orgulho e arrogância dos saberes.

Mas a declaração de fé do salmista vem acompanhada de uma oração fundamental:

“Ó, não me deixes desviar dos teus mandamentos.”

Em palavras simples: “Ajuda-me a obedecer a todos os teus mandamentos.”

Quando o salmista olha para si mesmo, ele reconhece o mesmo dilema descrito pelo apóstolo Paulo: “O bem que quero fazer, não faço; mas o mal que não quero, esse prático. Miserável homem que sou!” (Romanos 7.19).

O salmista tem plena consciência de que, sem a ajuda de Deus, ele não será capaz de vivenciar a Palavra nem de fazer a vontade divina. Ele entende que não conseguirá manter puro o seu coração, sua mente e suas ações por esforço próprio. Por isso, sua oração é humilde, sincera e urgente — um clamor por graça para obedecer.

Essa não pode ser uma oração-mantra, repetida mecanicamente; deve ser uma oração sincera e madura, vinda de um crente que verdadeiramente deseja viver uma vida de pureza — uma vida que agrade a Deus, e não a si mesmo ou à sociedade.

“Ajuda-me” deve ser o grito de uma alma que deseja ter uma única fonte de felicidade: Deus. Asafe, no Salmo 73, compartilha sua terrível crise existencial, na qual, por muito pouco, não se afastou por completo de Deus. Depois de duvidar de tudo e de todos, Deus, com paciência, lhe mostra o fim do caminho dos ímpios e o fim do caminho dos justos — daqueles que mantêm puro o coração. Então Asafe faz uma declaração maravilhosa: “A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti” (Salmo 73.25).

E como completaria Davi: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará” (Salmo 23.1). Ou seja, Yahweh é o bem maior — no céu e na terra. Ele é o que temos de mais precioso na vida. E, quando Ele é tudo, nada mais é necessário para nos satisfazer.

Verso 11 – O melhor lugar para guardar a Palavra de Deus: “Escondi a tua palavra no meu coração.” O coração é o centro da vida. A prática vivencial tem demonstrado que as ações nascem no coração e movem o cérebro. Por isso, muitos dos nossos maiores erros — talvez 90% deles — têm origem no coração.

A sabedoria de Provérbios nos alerta: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Provérbios 4.23)

Jesus também confirma essa verdade ao afirmar: “A boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6.45). E Ele vai além, revelando a profundidade do que habita no interior humano: “Porque de dentro, do coração dos homens, procedem os maus pensamentos, os adultérios, as imoralidades sexuais, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez. Todos esses males vêm de dentro e contaminam o homem.” (Marcos 7.21–23)

Por isso, o salmista declara que o melhor lugar para guardar a Palavra de Deus é o coração — não apenas a memória, não apenas os lábios, mas o centro da vida, onde decisões são geradas e valores são formados. Quando a Palavra está escondida ali, ela se torna escudo contra o pecado e guia para a santidade.

Verso 12 – Louvor: “Bendito és tu”

É uma expressão de louvor e uma declaração de reconhecimento de que todas as bênçãos vêm da parte de Deus. Nossas orações devem sempre refletir essa mesma verdade: tudo de que necessitamos — inclusive discernimento e sabedoria para tomarmos decisões e fazermos escolhas — vem da direção de Deus. Viver sem esse reconhecimento é viver loucamente, conduzido pelos ditames de nossas mentes e corações contaminados pelo pecado.

No pedido que completa a frase – “Ó Senhor, ensina-me os teus estatutos” - o salmista expressa sua insuficiência para apreender a essência do ensino bíblico. Sem a ação capacitadora do Espírito Santo somos analfabetos tentando ler seus textos, sem jamais alcançar o entendimento correto de suas verdades. O que nos leva à cena do diácono Felipe e o funcionário governamental Etíope. Percebendo que aquele homem está lendo um texto do profeta Isaías, lhe faz uma pergunta: você compreende o que está lendo? A resposta sincera do Etíope é de que não, pois não há quem lhe explique. Então convida Felipe a subir na carruagem e ouve atenciosamente a explicação e finalmente declara sua fé em Cristo e solicita que Felipe o batize.

O salmista faz o mesmo pedido em sua oração – “ensina-me os teus estatutos”. Quantas vezes lemos a Bíblia como se fosse um livro qualquer, sem discernirmos que trata-se da Palavra de Deus. Esta pequena oração sintetizada em uma pequena frase, faz toda diferença quando se trata das Escrituras. O Espírito Santo a inspirou (soprou) e somente Ele pode nos capacitar a apreendermos genuinamente seus ensinos.

A História do Cristianismo está repleto de homens e mulheres que se utilizaram (e continuam se utilizando) da Bíblia para ensinar as mais terríveis heresias e mentiras. O próprio Satanás teve a ousadia de tentar Jesus, utilizando-se das palavras registradas de Deus ... “não está escrito...”, mas Jesus o repreende utilizando-se do correto ensino bíblico. Antes de lermos a Bíblia tenhamos o cuidado de orarmos como o salmista – “ensina-me Seus estatutos”. Quando assim fizermos estaremos tendo uma postura de humildade diante de Deus, qualquer outra postura é contaminada pela arrogância e soberba da vida.

Verso 13 – o salmista canta que vai repetir as palavras da Tora, mas aqui não trata-se de uma repetição religiosa mecanizada, mas a ideia é de dar testemunho das verdades ali contidas, ou compartilhar com outras pessoas o que tem aprendido. Ele quer aprender para ensinar. Este foi o último imperativo de Jesus para os discípulos (de ontem e de hoje), “sede minhas testemunhas”, ou seja, tudo que vocês viram e ouviram, compartilhem com todas as pessoas. O conhecimento bíblico não compartilhado torna-se perigoso, pois tal pessoa torna-se arrogante e intolerante. O cristão que não testemunha torna-se uma lagoa, onde prolifera toda sorte de micróbios que adoecem e matam a alma; o cristão que testemunha, compartilha, torna-se semelhante a um rio que se renova e produz vida...em abundância.

Verso 14A Genuína Felicidade e Alegria – as Escrituras se constituem na única fonte genuína de prazer e satisfação, pois nelas usufruímos da comunhão com Deus (ouvimos o que Ele tem para falar) e não apenas usuários de Suas bênçãos. Ao nos criar à Sua imagem e semelhança Deus nos tornou únicos em toda Criação. Somos os únicos seres habilitados à conhece-Lo e dialogar com Ele. Uma das cenas mais lindas da Criação é quando Deus na viração do dia (o dia judaico inicia-se ao pôr do sol) Deus passava pelo jardim do Éden para dialogar com Adão e Eva. Infelizmente o pecado rompeu esse diálogo, mas em Cristo Jesus somos novamente habilitados a dialogarmos com Deus, agora por meio de Sua Palavra. O ser humano sem Deus é um infeliz maltrapilho vagando por este mundo árido e ressequido pelo pecado. Sem a comunhão com Deus a raça humana não passa de um “vale de ossos secos".   

Verso 15Meditar na Palavra de Deus (de dia e de noite – Salmo 1) é o segredo para mantermos nossa mente e coração sintonizados com a Vontade de Deus em todo o tempo.

Verso 16 – Conclui a segunda estrofe com uma declaração de amor e um voto.

Vou pular de alegria – explosão de alegria (torcedor de futebol). Em ter entendimento do Valor da Palavra de Deus.

Voto – Eu não me esquecerei da Tua Palavra! Mas o voto é consequência direta das ações anteriores: o pensar/meditar/estudar gera satisfação, e a satisfação ajuda a memória e a prática. Havia dito: “Meditarei em teus preceitos”; e “me alegrarei em teus estatutos”; o que produz um benefício adicional: “não esquecerei tua palavra”. A mente/memória se concentra naquilo que o coração se alegra; e o coração é onde está o tesouro (Mateus 6.21). Os ímpios não se alegram com a Palavra de Deus e por isso não se lembram dela.

Deste modo, todas as vezes que nos “esquecemos” da Palavra de Deus, nos assemelhamos aos ímpios e degenerados. Todos aqueles que não amam a Palavra, todos os seus preciosos ensinamentos entram por um ouvido e sai pelo outro – nada aproveitam.

Mas esse prazer na Palavra de Deus não deve ser uma mera especulação — assim como os hipócritas têm seus gostos e seus lampejos — mas em crer, praticar, obedecer. As Escrituras não são apenas para serem admiradas e enaltecida em suas belezas literárias e princípios universais, mas acima de tudo, para serem amadas e vivenciadas. Parafraseando o apostolo Paulo – “não sou eu quem vive, mas a Palavra de Deus vive em mim e através de mim” (Gálatas 2.20).

Questões Para Reflexão

v O quanto da bíblia você já memorizou desde sua conversão?

v Por que o salmista se dirige aos “jovens”?

v Como podemos nos afastar do pecado que nos assedia?

v O que significa buscar a Deus de “todo o coração?”

v Quem ou o que é seu bem maior?

v Por que guardar a Palavra de Deus no coração e não na mente?

v Quais as implicações na expressão “Bendito és Tu”?

v Você tem orado para que Deus te ensine a Palavra?

v Você tem ensinado a Palavra de Deus a outras pessoas?

v Neste mundo tenebroso, onde está a genuína fonte da felicidade?

v Você tem se esquecido da Palavra de Deus?

 

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Guedes, Ivan Pereira
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Referências Bibliográficas

ARNOLD, Bill T.; BEYER, Bryan E. Descobrindo o Antigo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.

BAXTER, J. Sidlow. Examinai as Escrituras. v. 3. São Paulo: Vida Nova, 1993.

BRIDGES, Charles. An Exposition Of PSALM 119. grace-ebooks.com (eBook).

BULLOCK, C. Hassell. An Introduction to the Old Testament Poetic Books. Chicago: Moody Press, 1988.

CALVINO, João. O livro dos Salmos. Tradução de Valter Graciano Martins. São Paulo: Edições Parakletos, 2002.

CHOURAQUI, André. A Bíblia – Louvores II (Salmos). v. 2. Tradução de Paulo Neves. Rio de Janeiro: Imago, 1998. (Coleção Bereshit).

HARMAN, Allan M.  Comentários do Antigo Testamento - Salmos. Tradução Valter Graciano Martins. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.

KIDNER, Derek. Salmos 73-150 – introdução e comentáriov. 14. São Paulo: Sociedade Vida Nova e Mundo Cristão, 1981. [Série Cultura Cristã].

MANTON, Thomas. An Exposition of Psalm 119. Monergism (eBook).