- Qual é o objetivo ou propósito de Deus ao
criar e governar o mundo?
- Como posso sintonizar a minha vida com
esse objetivo ou propósito de Deus?
Aqui temos duas questões centrais.
Se desconheço, por ignorância ou desinteresse, qual é esse objetivo
de Deus e como me ajustar a ele, não compreenderei as realidades e implicações
do sacrifício de Cristo na cruz e estarei excluído do seu Reino futuro. Isso é
algo terrível.
Por outro lado, nada inspira mais coragem e paciência para o nosso
dia a dia do que conhecer o propósito de Deus e sentir-se sinceramente em
harmonia com ele. Nada pode fortalecer mais a minha fé e a minha vida cristã do
que saber qual é o objetivo final para o qual Deus trouxe à existência o mundo
e tudo quanto nele existe, e sentir-me integralmente participante disso.
Por essa razão, hoje e no próximo domingo desejo tratar dessas duas
perguntas. Primeiro, qual é o objetivo ou propósito de Deus ao criar e
preservar o mundo, especialmente ao criar e preservar a humanidade. No próximo
domingo, veremos como podemos ajustar e harmonizar as nossas vidas com esse
objetivo ou propósito.
O TEXTO
O nosso texto está em Isaías, capítulo 43, do qual leremos apenas
os sete primeiros versículos:
“Mas agora, assim diz o SENHOR, que te criou, ó Jacó, e que te
formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és
meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não
te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá
em ti. Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei
o Egito por teu resgate, a Etiópia e Sebá por ti. Visto que foste precioso aos
meus olhos, digno de honra, e eu te amei, darei homens por ti e povos pela tua
vida. Não temas, pois, porque sou contigo; trarei a tua descendência desde o
Oriente e a ajuntarei desde o Ocidente. Direi ao Norte: Entrega! E ao Sul: Não
retenhas! Trazei meus filhos de longe e minhas filhas das extremidades da
terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, os que criei para a minha
glória, que formei e fiz.”
O ponto principal desta passagem é encorajar o povo de Deus a não
temer o que o homem ou a natureza possam fazer contra eles. Esse imperativo é
repetido duas vezes na passagem, nos versículos 1 e 5.
Após cada uma dessas ordens para não temer, Deus apresenta as suas
razões para que o seu povo não tema, não se desespere e não entre em pânico.
Nos versículos 1 a 4, Deus fala do seu amor para com eles. Vocês
não deveriam temer, porque o que eu fiz por vocês no passado prova o meu amor e
o meu cuidado para com vocês: “Mas agora, assim diz o SENHOR, que te criou, ó
Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo
teu nome, tu és meu” (v. 1).
Por essa razão, vocês podem contar comigo quando as grandes ondas
ou o fogo destruidor ameaçarem destruí-los (v. 2). “Eu sou o SENHOR, teu Deus,
o teu Salvador; vocês são preciosos para mim.” Lembrem-se de que eu subjuguei
outras nações para salvá-los (vv. 3–4). Por causa disso, não tenham medo das
dificuldades e das circunstâncias adversas que vierem sobre vocês.
Esse é o primeiro argumento, a primeira razão pela qual o povo de
Deus não deve temer.
No versículo 5, Deus repete a mesma ordem: “Não temas”, e
acrescenta novos argumentos nos versículos 5 a 7. “Não temas, pois, porque sou
contigo. Eu mesmo trarei os meus filhos e filhas de volta, ainda que estejam
espalhados pelos lugares mais distantes da terra. Sim, trarei todos aqueles que
eu mesmo criei e preparei para a minha glória.”
CRIADOS PARA A GLÓRIA DE DEUS
Qual é a base ou o fundamento dessa contínua ação de Deus em favor
do seu povo? No versículo 4, Deus diz: “Vocês são preciosos aos meus olhos. Eu
amo vocês.” Em certo sentido, essa é a resposta. Quando o evangelista João
declara que “Deus é amor”, ele nos ensina que toda ação de Deus em nosso favor
decorre do seu amor.
Mas o texto de Isaías nos conduz ainda mais profundamente ao
coração de Deus e nos leva a uma pergunta: para que Israel existisse, ele teve
de ser criado. Eu tenho dois filhos, e eles são preciosos para mim, e eu os amo
muito. Mas eles não eram preciosos para mim antes de existirem, antes de serem
concebidos. A pergunta, portanto, é esta: por que Israel foi concebido ou
criado? Por que Deus trouxe à existência esse povo que Ele considerava
precioso?
O versículo 7 dá a resposta: Deus criou e formou Israel para a sua
glória. A existência de Israel foi planejada, concebida e realizada porque Deus
desejava ser glorificado por meio dele.
Esse propósito pode ser visto claramente em toda a história desse
povo. O Êxodo do Egito pode ser compreendido como o nascimento de Israel como
nação. Nesse momento, Deus deu a sua lei para regulamentar a vida da nação, e
essa lei e aliança tornaram-se a espinha dorsal do povo desde então.
Se o Êxodo foi o nascimento de Israel, então a eleição e a chamada
de Abraão, registradas em Gênesis 12, podem ser entendidas como o momento da
concepção da nação. Os períodos dos patriarcas e da escravidão no Egito
correspondem ao tempo da gestação. Assim, quando Deus diz que formou Israel
para a sua glória, Ele está mostrando a razão e o motivo pelos quais deu todos
esses passos: concepção, gestação e nascimento, para trazer à existência a
nação israelita.
Sendo isso verdade, temos um elo que une e explica a história da
Torre de Babel, em Gênesis 11, e a chamada de Abraão, em Gênesis 12. Isso nos
mostra que o propósito de Deus em ser glorificado não se originou na formação
de Israel, mas existe desde o princípio da criação.
Em Gênesis 11, a frase-chave que revela a razão da ira de Deus
contra os construtores da torre está no versículo 4: “Vinde, edifiquemos para
nós uma cidade e uma torre cujo topo chegue até aos céus, e tornemos célebre o
nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra.”
Desde o princípio, quando Adão e Eva escolheram comer do fruto
proibido, o objetivo era tornarem-se como Deus, independentes dele, dirigindo a
própria vida. A raça humana tem sido escravizada por um coração rebelde que
odeia confiar e depender de Deus, mas ama fazer um nome para si mesma.
A Torre de Babel foi uma manifestação clara dessa rebelião. Eles
desejaram fazer um nome para si mesmos e alcançar o céu, mas Deus frustrou
completamente os seus projetos.
Apesar dessa terrível rebelião, Deus não abandonou a raça humana à
própria sorte. Em Gênesis 12, Ele inicia algo novo: escolhe um homem, Abraão,
cuja esposa era estéril, e faz a ele uma promessa registrada em Gênesis 12:1–3.
“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, do meio dos teus
parentes e da casa de teu pai, e vai para a terra que eu te mostrarei; de ti
farei uma grande nação, e te abençoarei, e engrandecerei o teu nome; sê tu uma
bênção.”
Os construtores da Torre de Babel diziam: “Faremos um nome para nós
mesmos”. Deus escolhe o pai da nação israelita e diz: “Eu farei grande o teu
nome”.
O ser humano foi criado para confiar em Deus e dar-lhe glória, mas
preferiu confiar em si mesmo e buscar a própria glória. Por isso, Deus escolhe
um homem em toda a sua fragilidade e compromete-se a alcançar o seu propósito
por meio dele e de seus descendentes, de modo que Deus, e não o homem, seja
glorificado.
Assim, o objetivo de Deus ao criar Israel para a sua glória não se
limita à história desse povo. Esse é o seu propósito desde a criação da raça
humana. O ser humano foi criado à imagem de Deus para refletir a sua glória e
encher a terra com o conhecimento do Senhor.
Desde a queda, porém, a humanidade tem resistido a esse propósito.
Ainda assim, todos os atos de Deus apontam para a sua realização.
Não somente Israel, mas nós também fomos criados, escolhidos,
separados e salvos para manifestar a glória de Deus. O Novo Testamento afirma:
“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo
para a glória de Deus” (1Co 10:31). “Assim brilhe também a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está
nos céus” (Mt 5:16).
Isso não é uma condição para que Deus nos abençoe, mas uma ordem
para ajustarmos e harmonizarmos nossas vidas com esse propósito eterno. Ele nos
criou para a sua glória.
O QUE É A GLÓRIA DE DEUS?
A glória de Deus é a beleza e a excelência das perfeições do seu
ser. É a harmonia perfeita de todos os seus atributos: poder, bondade,
sabedoria e santidade.
Quando Deus diz que nos criou para a sua glória, isso não significa
que Ele precise de nós para se tornar mais glorioso. Deus é completo e
perfeitamente glorioso em si mesmo. Nada do que fazemos pode acrescentar algo
ao seu ser.
Em Isaías 43:7, Deus declara que nos criou para manifestar, por
meio de nós, a sua glória, para que ela seja conhecida e louvada.
Esse é o propósito de Deus ao qual devemos ajustar o nosso pensar,
falar, sentir e agir.
Há também um grande e terrível perigo: se permanecermos vivendo
fora desse propósito, enfrentaremos a ira e o juízo de Deus. Ele não repartirá
a sua glória com ninguém.
Por isso, somos chamados hoje a refletir: temos glorificado a Deus
com as nossas vidas? Ajustemos o nosso coração e a nossa caminhada Àquele que
nos criou para a sua glória.
Questões Para Reflexão
1. Tenho vivido com a consciência de que fui criado principalmente
para a glória de Deus, e não para a minha própria realização pessoal?
( ) Sim ( ) Não
2. Minhas decisões diárias refletem confiança na soberania de Deus,
mesmo em meio a dificuldades e incertezas?
( ) Sim ( ) Não
3. Reconheço que o amor e o cuidado de Deus por mim estão ligados ao
Seu propósito maior de glorificar o Seu nome?
( ) Sim ( ) Não
4. Tenho buscado fazer “um nome para mim mesmo” ou permitido que Deus
seja glorificado por meio da minha vida?
( ) Sim ( ) Não
5. Minha fé cristã se expressa de forma concreta — no pensar, agir e
viver — como resposta ao propósito eterno de Deus?
( ) Sim ( ) Não
Utilização livre desde que citando a fonteGuedes,
Ivan PereiraMestre
em Ciências da Religião.me.ivanguedes@gmail.comOutro
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