terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Sermão: Deus Nos Criou Para Sua Glória - Isaías 43:1-7


 Se há um Deus, como eu acredito que há, e se Ele controla o mundo de forma soberana, como a Bíblia diz que Ele faz, e se Ele está conduzindo a história humana para uma conclusão segundo o seu propósito, e determina o destino eterno de todas as pessoas, como Jesus ensina que Ele fará, então duas das perguntas mais importantes que qualquer pessoa precisa responder são estas:
  1. Qual é o objetivo ou propósito de Deus ao criar e governar o mundo?
  2. Como posso sintonizar a minha vida com esse objetivo ou propósito de Deus?

Aqui temos duas questões centrais.

Se desconheço, por ignorância ou desinteresse, qual é esse objetivo de Deus e como me ajustar a ele, não compreenderei as realidades e implicações do sacrifício de Cristo na cruz e estarei excluído do seu Reino futuro. Isso é algo terrível.

Por outro lado, nada inspira mais coragem e paciência para o nosso dia a dia do que conhecer o propósito de Deus e sentir-se sinceramente em harmonia com ele. Nada pode fortalecer mais a minha fé e a minha vida cristã do que saber qual é o objetivo final para o qual Deus trouxe à existência o mundo e tudo quanto nele existe, e sentir-me integralmente participante disso.

Por essa razão, hoje e no próximo domingo desejo tratar dessas duas perguntas. Primeiro, qual é o objetivo ou propósito de Deus ao criar e preservar o mundo, especialmente ao criar e preservar a humanidade. No próximo domingo, veremos como podemos ajustar e harmonizar as nossas vidas com esse objetivo ou propósito.

O TEXTO

O nosso texto está em Isaías, capítulo 43, do qual leremos apenas os sete primeiros versículos:

“Mas agora, assim diz o SENHOR, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate, a Etiópia e Sebá por ti. Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei, darei homens por ti e povos pela tua vida. Não temas, pois, porque sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente e a ajuntarei desde o Ocidente. Direi ao Norte: Entrega! E ao Sul: Não retenhas! Trazei meus filhos de longe e minhas filhas das extremidades da terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, os que criei para a minha glória, que formei e fiz.”

O ponto principal desta passagem é encorajar o povo de Deus a não temer o que o homem ou a natureza possam fazer contra eles. Esse imperativo é repetido duas vezes na passagem, nos versículos 1 e 5.

Após cada uma dessas ordens para não temer, Deus apresenta as suas razões para que o seu povo não tema, não se desespere e não entre em pânico.

Nos versículos 1 a 4, Deus fala do seu amor para com eles. Vocês não deveriam temer, porque o que eu fiz por vocês no passado prova o meu amor e o meu cuidado para com vocês: “Mas agora, assim diz o SENHOR, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu” (v. 1).

Por essa razão, vocês podem contar comigo quando as grandes ondas ou o fogo destruidor ameaçarem destruí-los (v. 2). “Eu sou o SENHOR, teu Deus, o teu Salvador; vocês são preciosos para mim.” Lembrem-se de que eu subjuguei outras nações para salvá-los (vv. 3–4). Por causa disso, não tenham medo das dificuldades e das circunstâncias adversas que vierem sobre vocês.

Esse é o primeiro argumento, a primeira razão pela qual o povo de Deus não deve temer.

No versículo 5, Deus repete a mesma ordem: “Não temas”, e acrescenta novos argumentos nos versículos 5 a 7. “Não temas, pois, porque sou contigo. Eu mesmo trarei os meus filhos e filhas de volta, ainda que estejam espalhados pelos lugares mais distantes da terra. Sim, trarei todos aqueles que eu mesmo criei e preparei para a minha glória.”

CRIADOS PARA A GLÓRIA DE DEUS

Qual é a base ou o fundamento dessa contínua ação de Deus em favor do seu povo? No versículo 4, Deus diz: “Vocês são preciosos aos meus olhos. Eu amo vocês.” Em certo sentido, essa é a resposta. Quando o evangelista João declara que “Deus é amor”, ele nos ensina que toda ação de Deus em nosso favor decorre do seu amor.

Mas o texto de Isaías nos conduz ainda mais profundamente ao coração de Deus e nos leva a uma pergunta: para que Israel existisse, ele teve de ser criado. Eu tenho dois filhos, e eles são preciosos para mim, e eu os amo muito. Mas eles não eram preciosos para mim antes de existirem, antes de serem concebidos. A pergunta, portanto, é esta: por que Israel foi concebido ou criado? Por que Deus trouxe à existência esse povo que Ele considerava precioso?

O versículo 7 dá a resposta: Deus criou e formou Israel para a sua glória. A existência de Israel foi planejada, concebida e realizada porque Deus desejava ser glorificado por meio dele.

Esse propósito pode ser visto claramente em toda a história desse povo. O Êxodo do Egito pode ser compreendido como o nascimento de Israel como nação. Nesse momento, Deus deu a sua lei para regulamentar a vida da nação, e essa lei e aliança tornaram-se a espinha dorsal do povo desde então.

Se o Êxodo foi o nascimento de Israel, então a eleição e a chamada de Abraão, registradas em Gênesis 12, podem ser entendidas como o momento da concepção da nação. Os períodos dos patriarcas e da escravidão no Egito correspondem ao tempo da gestação. Assim, quando Deus diz que formou Israel para a sua glória, Ele está mostrando a razão e o motivo pelos quais deu todos esses passos: concepção, gestação e nascimento, para trazer à existência a nação israelita.

Sendo isso verdade, temos um elo que une e explica a história da Torre de Babel, em Gênesis 11, e a chamada de Abraão, em Gênesis 12. Isso nos mostra que o propósito de Deus em ser glorificado não se originou na formação de Israel, mas existe desde o princípio da criação.

Em Gênesis 11, a frase-chave que revela a razão da ira de Deus contra os construtores da torre está no versículo 4: “Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo topo chegue até aos céus, e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra.”

Desde o princípio, quando Adão e Eva escolheram comer do fruto proibido, o objetivo era tornarem-se como Deus, independentes dele, dirigindo a própria vida. A raça humana tem sido escravizada por um coração rebelde que odeia confiar e depender de Deus, mas ama fazer um nome para si mesma.

A Torre de Babel foi uma manifestação clara dessa rebelião. Eles desejaram fazer um nome para si mesmos e alcançar o céu, mas Deus frustrou completamente os seus projetos.

Apesar dessa terrível rebelião, Deus não abandonou a raça humana à própria sorte. Em Gênesis 12, Ele inicia algo novo: escolhe um homem, Abraão, cuja esposa era estéril, e faz a ele uma promessa registrada em Gênesis 12:1–3.

“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, do meio dos teus parentes e da casa de teu pai, e vai para a terra que eu te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e engrandecerei o teu nome; sê tu uma bênção.”

Os construtores da Torre de Babel diziam: “Faremos um nome para nós mesmos”. Deus escolhe o pai da nação israelita e diz: “Eu farei grande o teu nome”.

O ser humano foi criado para confiar em Deus e dar-lhe glória, mas preferiu confiar em si mesmo e buscar a própria glória. Por isso, Deus escolhe um homem em toda a sua fragilidade e compromete-se a alcançar o seu propósito por meio dele e de seus descendentes, de modo que Deus, e não o homem, seja glorificado.

Assim, o objetivo de Deus ao criar Israel para a sua glória não se limita à história desse povo. Esse é o seu propósito desde a criação da raça humana. O ser humano foi criado à imagem de Deus para refletir a sua glória e encher a terra com o conhecimento do Senhor.

Desde a queda, porém, a humanidade tem resistido a esse propósito. Ainda assim, todos os atos de Deus apontam para a sua realização.

Não somente Israel, mas nós também fomos criados, escolhidos, separados e salvos para manifestar a glória de Deus. O Novo Testamento afirma: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10:31). “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5:16).

Isso não é uma condição para que Deus nos abençoe, mas uma ordem para ajustarmos e harmonizarmos nossas vidas com esse propósito eterno. Ele nos criou para a sua glória.

O QUE É A GLÓRIA DE DEUS?

A glória de Deus é a beleza e a excelência das perfeições do seu ser. É a harmonia perfeita de todos os seus atributos: poder, bondade, sabedoria e santidade.

Quando Deus diz que nos criou para a sua glória, isso não significa que Ele precise de nós para se tornar mais glorioso. Deus é completo e perfeitamente glorioso em si mesmo. Nada do que fazemos pode acrescentar algo ao seu ser.

Em Isaías 43:7, Deus declara que nos criou para manifestar, por meio de nós, a sua glória, para que ela seja conhecida e louvada.

Esse é o propósito de Deus ao qual devemos ajustar o nosso pensar, falar, sentir e agir.

Há também um grande e terrível perigo: se permanecermos vivendo fora desse propósito, enfrentaremos a ira e o juízo de Deus. Ele não repartirá a sua glória com ninguém.

Por isso, somos chamados hoje a refletir: temos glorificado a Deus com as nossas vidas? Ajustemos o nosso coração e a nossa caminhada Àquele que nos criou para a sua glória.

Questões Para Reflexão

1.     Tenho vivido com a consciência de que fui criado principalmente para a glória de Deus, e não para a minha própria realização pessoal?
( ) Sim ( ) Não

2.     Minhas decisões diárias refletem confiança na soberania de Deus, mesmo em meio a dificuldades e incertezas?
( ) Sim ( ) Não

3.     Reconheço que o amor e o cuidado de Deus por mim estão ligados ao Seu propósito maior de glorificar o Seu nome?
( ) Sim ( ) Não

4.     Tenho buscado fazer “um nome para mim mesmo” ou permitido que Deus seja glorificado por meio da minha vida?
( ) Sim ( ) Não

5.     Minha fé cristã se expressa de forma concreta — no pensar, agir e viver — como resposta ao propósito eterno de Deus?
( ) Sim ( ) Não

 

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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