terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Profeta Oséias – Síntese dos Capítulos

 

            As profecias de Oséias abrem a subdivisão das literaturas proféticas denominada de Profetas Menores ou os Doze ou ainda o Rolo dos Dozes, pois os escritos desses doze profetas podiam ser preservados em um único Rolo de Pergaminhos, enquanto por exemplo as mensagens do profeta Isaías precisavam de dois Rolos para serem registradas. Eu optei por denomina-los de “Os Doze Notáveis” visto que suas mensagens são indispensáveis para uma compreensão da revelação divina, bem como estão permeados de temáticas de extrema relevância para os nossos dias.
            Apesar de em nossa bíblia o livro venha logo após os escritos de Daniel, Oséias viveu e pregou sua mensagem centenas de anos antes, e divide o ofício profético com Amós, com uma diferença significativa, pois enquanto Oséias é natural do reino do Norte (Israel – capital Samaria - Efraim é outro nome do Reino do Norte), Amós tem origem no reino do Sul (Judá – capital Jerusalém). Ainda que ambos preguem uma mensagem contundente de juízo, arrependimento e salvação (o triple de toda mensagem profética e de toda bíblia, incluindo evangelhos e apocalipse), a mensagem de Oséias está prenha de um amor profundo por seus contemporâneos israelitas. Entretanto, em nenhum momento faz vistas grossas aos pecados abomináveis de sua sociedade e como seu colega profeta os nomeia de forma clara e sem qualquer subterfúgio, todavia, é facilmente perceptível a linguagem amorosa de sua dura mensagem.
            Uma demonstração prática deste amor de Deus para com os israelitas rebeldes é que o ministério profético de Oséias durou aproximadamente 40 anos. Mas em nenhum momento as lideranças e o povo de Israel deram crédito à mensagem de arrependimento do profeta e as consequências vieram em força máxima.

PROFETA OSÉIAS

CAPÍTULO

Síntese

Reflexão

1

O registro das profecias de Oséias é a revelação do profundo amor que Deus manifesta em favor dos pecadores. A vida familiar do profeta torna-se uma parábola ilustrativa e didática do relacionamento de Deus com os israelitas (Reino do Norte), oito séculos antes de Cristo.

A profecia começa com um relato do próprio profeta, em um período extremamente complexo e decadente da nação de Israel (Reino do Norte). Oséias torna-se um Tipo, bem como um modelo de Pregador, na Igreja atual.

Oséias foi o primeiro a usar a imagem de adultério, como representativo da relação de Israel e Deus, mas posteriormente foi utilizada por outros escritores bíblicos (Jeremias 3.8-9; Ezequiel 23.1; Apocalipse 17.1-6).

O contexto religioso de Oséias é um perfeito espelho do contexto evangélico dos dias atuais.

A igreja pós moderna pode ser chamada pelos nomes de dois dos filhos de Oséias com sua esposa adultera Gomer: Lo-Ruama (1.6). “Não compaixão” e Lo-AmiNão meu povo”. Deus julgaria Israel como se fosse uma nação idólatra, e sem compaixão, porque não era seu mais povo.

Assim como nos dias atuais o juízo de Deus era eminente sobre os israelitas, mas eles continuavam alienados dos conceitos fundamentais da Torá (Escrituras) como se Deus não fizesse conta.

O preço que haveriam de pagar seria altíssimo, pois os exércitos assírios haveriam de invadi-los e destruir por completo a jovem Nação israelita, que jamais seria reconstruída novamente.

2

Temos aqui um capítulo muito interessante, descrevendo o tratamento gracioso de Deus com um povo ingrato e rebelde. As palavras iniciais do capítulo revelam o princípio de um remanescente, amado e preservado por Deus que se constitui no objeto de Sua misericórdia, enquanto os demais são rejeitados pelo Senhor. No último verso do capítulo 1 os remanescentes são identificados como ocupando seu lugar dentro do propósito salvador de Deus. Os justos nunca foram arrancados com o joio. 

É possível fazermos uma relação direta entre esse capítulo e a mensagem evangélica. Aqui temos a essência do Evangelho – o amor imensurável de Deus que por pura graça salva o pecador.

A salvação é uma iniciativa de Deus, pois os israelitas estavam alienados dele, mas Deus mantem-se fiel à sua aliança. Deus é quem os chama ao arrependimento – aqui temos outro jogo de nomes “Troque os nomes de seu irmão e de sua irmã. Chame seu irmão de Ami (meu Povo); chame sua irmã de Ruhamah (amada).

O Projeto da Redenção foi estabelecido por Deus desde a eternidade e foi plenamente realizado no Calvário e será concluído na Nova Terra e Novos Céus.

E todos aqueles pelos quais Cristo morreu serão alcançados pelo chamado da irresistível graça de Deus – os pecadores redimidos serão chamados de povo de Deus e amados de Deus. E nada e nem ninguém poderá separá-los do amor de Deus que está em Cristo Jesus.

A mesma graça salvadora que preservou os remanescentes israelitas é a mesma graça que continuará sendo manifestada até o último dia! Glória e louvor ao Deus da nossa salvação!

 

3

Este é um capítulo curto, porém pleno de simbolismo do relacionamento de Deus com os israelitas rebeldes.

Por um período indefinido de tempo eles ficariam separados de Deus, mas posteriormente Deus mesmo os traria de volta à comunhão.

Deus poderia deixar os israelitas ingratos e rebeldes à própria sorte, mas por causa de sua misericórdia e graça Deus os chama de volta.

Assim como Oséias recebe sua esposa adultera de volta, bem como seus filhos rebeldes, assim Deus fará com os israelitas (e faz conosco).

A graça de Deus não salva pessoas boazinhas, mas pessoas que vivem e até mesmo tem prazer no pecado. A natureza pecaminosa ama o mal e aborrece-se do bem; apesar dos israelitas terem conhecimento de Deus eles voluntariamente praticam e incentivam outros a praticarem tudo aquilo que contraria a vontade de Deus, conforme estabelecida nos termos da Aliança e registradas nas Escrituras.

A atual onda de rejeição aberta à Bíblia é apenas um reflexo dessa rejeição que as pessoas tem de Deus e sua vontade – confirmando o que dizia Salomão: não há nada novo debaixo do sol.

Mas assim como Deus fez com os israelitas, resgatando-os para si mesmo, Deus continua manifestando Sua graça salvadora e através da pregação do Evangelho continua chamando eficazmente pecadores ao arrependimento e à fé salvadora.

4

Este capítulo contém um novo sermão ou profecia, sem tipos e figuras, como no capítulo anterior. A nação de Israel é convocada a comparecer ao tribunal de Deus, para ouvir a acusação apresentada contra eles, que resumidamente são: abandono dos termos da Aliança e adoção do estilo de vida dos povos ímpios.

E o capítulo conclui advertindo os moradores de Judá (Reino do Sul) a não adotarem a mesma postura rebelde e pecaminosa dos israelitas. Infelizmente, mesmo após a total destruição dos israelitas, os judeus trilharam o mesmo mau caminho e foram igualmente desarraigados de sua terra e levados cativos para a Babilônia.

Aparentemente tudo estava funcionando adequadamente na Nação israelitas. O templo estava aberto, os sacrifícios estavam sendo oferecidos, os cultos tinham plena assistência (não tinha pandemia naqueles dias); todavia, a Nação se distanciava de Deus cada vez mais e se associavam a toda sorte de expressões religiosas pagãs.

A função do profeta é espinhosa e suas mensagens sempre mal compreendidas. Eram enviados para confrontarem as pessoas com seus pecados, e para avisá-los dos julgamentos de Deus. Oséias assume aqui a figura de advogado do Rei dos Reis, abrindo uma acusação contra o povo de Israel, e alertando-os de que o rompimento com os termos da Aliança (Escrituras) os levaria a uma condenação no tribunal Divino e que somente lhes restavam uma alternativa: arrependerem-se e voltarem à pratica da genuína fé conforme estabelecida na Torah (manual de instruções dada por Deus).

Assim como aconteceu nos dias de Oséias, os evangélicos brasileiros também prosperaram e adquiriram o tão desejado status quo social, mas na mesma proporção afastaram-se do genuíno Evangelho. Os templos são arquitetonicamente belos, os cultos cheio de efeitos tecnológicos e pirotécnicos, mas o coração e a mente do povo estão totalmente voltados para o estilo devida dos ímpios e se afastam diametralmente de uma genuína relação com Deus e a sua Palavra. Igualmente haverão de serem chamados ao Tribunal de Deus e se não se converterem de seus maus caminhos enfrentaram o Juízo de Deus, de maneira que tudo que aparentemente conquistaram de nada lhes valerá.

5

Este capítulo é um desdobramento do anterior, onde o profeta continua desnudando toda a religiosidade hipócrita dos israelitas, agora incluindo os moradores de Judá. Deus havia alertado os israelitas para que não atraíssem seus coirmãos de Judá aos mesmos caminhos pecaminosos deles, mas ignoraram o alerta de Deus e seduziram os judeus com seus falsos deuses e suas celebrações licenciosas e idolatras e com suas alianças com outras nações pagãs. As consequências será o juízo de Deus sendo manifestado em ambos os reinos.

Uma geração rebelde e depravada somente pode gerar uma nova geração de delinquentes céticos e irreverentes. Mais tarde, eles procurariam Yahweh e não o encontrariam.

No Reino do Norte (Israel) predominavam os falsos profetas e uma linhagem sacerdotal profana. A função deles era produzir uma falsa religiosidade suficiente para aplacar as mentes medíocres em cujos corações proliferavam toda sorte de concupiscência carnal e maligna.

A falsa religiosidade pode iludir as pessoas, mas jamais poderá iludir ao Deus que sonda mente e coração. O profeta tira das sombras da hipocrisia os pecados cultivados e incentivados.

Tentar iludir a Deus com templos e liturgias enfeitadas é não apenas inútil como extremamente mortal. O juízo de Deus será implacável com os falsos sacerdotes e profetas, bem como com as lideranças políticas que as endossam e enganam e exploram a população incauta e crédula.

Em vez da mensagem de Oséias de confrontação com o pecado, os púlpitos hoje são usados para justificar os comportamentos pecaminosos e as verdades bíblicas são substituídas por conceitos filosóficos, sociológicos, psicológicos e ideológicos. Nas bigornas do inferno são forjadas o “novo normal” que é a expressão espúria de um cristianismo evangélico despojado de conceitos politicamente incorretos como o juízo de Deus contra toda sorte de pecados.

Como nos púlpitos israelitas dos dias de Oséias, hoje os pregadores querem ajustar Deus e a Sua Palavra ao estilo de vida das pessoas e da sociedade impostas pelas mídias e não ajustarem suas vidas ao padrão imutável da Palavra de Deus.

Todavia, como os registros históricos bíblicos demonstram claramente que não deu certo para Israel e Judá, certamente não dará certo para os pseudos religiosos do “novo anormal” do século XXI.

6

A pregação de Oseias ao menos produziu efeito em um número restrito de israelitas. As palavras finais do capítulo anterior davam alguma esperança de que os ouvintes se converteriam ao Senhor, mas a grande maioria continuou obstinada.

A cidade de Gileade é o representativo de uma sociedade iniqua, e é acusada de derramamento de sangue; sim, até os sacerdotes eram culpados de assassinato e lascívia.  

O último verso parece antever o retorno dos judeus, todavia, os israelitas nunca mais reconstituíram seu reino.

Não existe meia conversão, assim como não existe uma mulher meio grávida. O que parecia ser um avivamento espiritual dos israelitas, não passou de uma nuvem sem chuva. Mesmo confrontados com seus pecados e o eminente juízo de Deus eles deliberadamente optaram por manterem seus estilos de vida pecaminosos.

A grandeza de Deus está no fato de que em sua graça ele jamais rejeita aquele que genuinamente se arrepende de seus pecados e abandonando seu velho estilo de vida voluntariamente se submente à sua Palavra, pois onde abundou o pecado superabundou a graça salvadora de Deus.

Mas igualmente a bíblia declara que o cão volta ao seu próprio vomito e que aquele que escolhe permanecer no pecado mais pecado praticara, pois um abismo chama outro abismo. Um coração sem Deus torna-se uma lagoa pútrida onde se produz todo tipo de imundícia e doença.

A Sociedade brasileira tem escolhido viver sem Deus e a sua depravação torna-se notória a cada dia e o seu fim será trágico.

7

O assunto do juízo de Deus continua ao longo deste capítulo. Mas está mesclado com Sua misericórdia. Mesmo nos períodos mais escuros da história de Israel e Judá, Deus continuamente manifestou sua graça salvadora. Homens e mulheres que não se prostituiu espiritualmente.

Efraim é o terrível exemplo da quase vitória, quase arrependimento e quase avivamento, mas que por fim sofreu o pleno juízo de Deus.

Diferentemente de Asafe (salmista) que reconhece que havia sido tolo, ignorante e que agira como um animal irracional, quando cobiçou o estilo de vida dos ímpios (Salmo 73.22); com Efraim nunca houve tal disposição.

Seduzidos pela ascensão material social, eles abraçaram alegremente o estilo de vida materialista hedonista e como uma pomba tola caíram nas redes dos predadores. O fracasso era inevitável e as consequências devidamente profetizado seria severo.

Efraim foi plenamente rejeitado por Deus porque jamais se submeteu verdadeiramente à vontade de Deus; seus cultos e sacrifícios eram apenas formais, mas sem qualquer compromisso de vida – uma fé sem obras – sempre estiveram mortos, apenas não sabiam disso.

A genuína fé que produz o genuíno arrependimento produz a perseverança. Nenhum daqueles que o Pai dá ao Filho, jamais apostataram. A mesma graça que salva é a mesma que preserva e sustenta até o final.

Mesmo nos dias mais escuros da Idade Média, Deus preservou homens e mulheres piedosos; Deus preservou e sustentou Sua Igreja, dentro das estruturas depravada e idolatra do catolicismo romano.

Mesmo dentro das estruturas ideológicas perniciosas e satânicas dos dias atuais, Deus haverá de preservar e sustentar Sua Igreja.

Nenhum sistema deste mundo e nem todas as forças do mal poderão destruir a Igreja de Deus que foi comprada pelo precioso sangue de Jesus Cristo no Calvário.

8

Oséias continua sua série de alertas conforme iniciara no capítulo anterior, denunciando seus pecados e deixando claro que o juízo de Deus é eminente sobre a vida deles.

A mensagem é dirigida primariamente aos líderes religiosos e políticos, que tinham em seus ombros a responsabilidade de conduzir a nação, mas também a todos os israelitas que com mais ou menos conhecimento tinha ciência da vontade de Deus contida na Torah.

Vivemos dias muito semelhantes ao contexto deste capítulo de Oséias. E mais do nunca se faz necessário que as vozes proféticas ressoem com mais intrepidez suas trombetas que pré-anunciam o eminente juízo de Deus sobre toda a nação.

A igreja definha em todas as suas fronteiras e a areia da ampulheta do tempo da graça está se esvaindo rapidamente.

Mas como nos dias de Oséias os púlpitos parecem alienados do eminente juízo divino. Os ouvintes são iludidos com uma falsa sensação de paz e prosperidade.

O pecado distorce, desvia, degrada e destrói. Devemos admitir que enche nossos manicômios, amontoa nossas casas de correção, desmoraliza nossa juventude, arruína a nação, destrói lares, estraga a felicidade e enche os cemitérios.

Diante deste quadro caótico a ordem de Deus ao Seu profeta(s) é “toque a trombeta” – o mais alto que puder – pois o juízo de Deus virá com a rapidez de uma águia (v. 1) descendo sobre sua presa com precisão mortal.

O espírito humanista diz: "Estou no controle do meu destino. Eu faço o meu caminho. Eu sou o capitão do meu navio”. E quando o navio vai afundar clamam a Deus “salva-nos ... nós te conhecemos”; mas Deus lhes diz: “não vocês não me conhecem” - eles estão fazendo o jogo religioso por anos, nunca realmente comprometidos com Deus; o tempo todo no fundo de suas mentes imaginando que eles tinham tempo e Deus era o plano B deles, se tudo der errado, Deus entraria e os salvaria. Esse jogo não deu certo para os israelitas dos dias de Oséias e não dará certo nos dias atuais.

A inversão de valores que vem predominando na sociedade brasileira com a complacência dos púlpitos evangélicos terá em breve que enfrentarem a justiça de Deus.

Muitos me dirão naquele dia, Senhor, Senhor ... E então eu irei dizer: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade" (Mateus 7.22, 23).

9

O profeta de forma insistente e persistente continua tocando fortemente sua trombeta alertando o povo do eminente juízo de Deus. Não é tempo de festa e de alegria, mas de contrição e arrependimento; não de vestes festivas, mas de saco e cinza.

Mas quanto mais a trombeta profética ressoa, mais os líderes e o povo dissimulam e rejeitam o aviso proclamado.

O evangelicalismo materialista-hedonista que tem predominado nos últimos tempos tem produzido gerações de crentes descompromissados com os valores fundamentais da Palavra de Deus.

Os púlpitos baratearam a graça salvadora e a transformaram em um instrumento para autossatisfação pessoal e coletivo.

O silêncio absoluto quanto às realidades do juízo de Deus contra toda sorte de pecados abriu as comportas da depravação eclesiástica e social.

Todo status quo e prosperidade acumulada por esta geração em troca de uma religiosidade estéril de compromisso com a Palavra de Deus, de nada lhes valerá quando o juízo de Deus for derramado sobre eles.

Em Gilgal se concentrava o foco maior da idolatria, um ponto fora da curva do juízo de Deus sobre todo o Israel. Efraim o segundo filho de José recebeu de Jacó a bênção da primogenitura; todavia, com um grande privilégio vem uma grande responsabilidade e Efraim nunca se portou a altura, tropeçou e caiu, falhando nessa responsabilidade, por esta razão não mais seriam vistos como as uvas refrescantes no deserto (v.10); mas apenas como uma videira seca inútil para ser queimada.

"O que vocês farão no dia solene, e no dia da festa do Senhor?"

Como raramente o povo de Deus pensa nessas coisas como deveriam! Atraídos pelo mundo, estimulados pela ambição profana e movidos pelo orgulho, os crentes muitas vezes se permitem ser afastados da simplicidade que está em Cristo!

Mas Deus disse aos israelitas inconsequentes e continua dizendo a esta geração hedonista “Aí de vocês quando eu me afastar”.

 

10

O profeta em seu longo ministério (40 anos) repetidamente enumera os erros da nação na esperança que o povo se arrependa e volte para o Senhor. O profeta os acusa de infrutíferos e egoístas. Deus os plantou e cuidou, mas os frutos não vieram. A prosperidade apenas revelou o que tinha em seus corações: aumento do pecado; a multiplicação de idolatria; a propagação de engano, perjúrio e corrupção. Eles se revelaram uma videira degenerada, luxuosa em folhas, mas vazia de frutos bons.

Os evangélicos brasileiros buscaram incansavelmente a prosperidade econômica e o status social e alcançaram, mesmo que para isso abrissem mão de uma vida cristã fundamentada nas Escrituras.

O terrível engano dos israelitas e que se repete na geração evangélica atual é que eles tentaram servir a Deus e a si mesmo; agradar a Deus e a Mamom – mas ninguém pode servir a dois senhores igualmente.

Deus nunca aceitou uma adoração compartilhada. As palavras do profeta Elias continuavam ressoando: escolhei hoje a quem quereis servir.

Enquanto embelezavam o templo de Yahvé e enriquecem suas liturgias, multiplicavam os altares nos altos para os deuses canaanitas e principalmente a Baal (deus da fertilidade). Essa bigamia espiritual foi a ruina deles e será desta geração materialista.

 O comportamento dos israelitas dos dias de Oseias e seus assemelhados atuais é a mesma do personagem da parábola que tendo obtido uma supersafra amplia seus celeiros e se vã gloria, pois pensava que teria muitos anos para usufruir de sua prosperidade, mas naquela mesma noite morreria e toda sua riqueza e sucesso de nada lhe serviria.

Para não haver qualquer duvida é só seguir a terrível trajetória do Reino do Norte: os exércitos assírios arrasaram totalmente seu território, como uma praga de gafanhotos; os sobreviventes da carnificina assíria foram levados escravos e espalhados pelas mais diversas locais do império Assírio; suas terras férteis foram usufruídas por outros povos que ali foram transplantados.

O profeta Oséias anunciou sua mensagem até o último dia, mas os ouvidos surdos e os corações petrificados dos israelitas, preferiam desclassificar o profeta e ridicularizar sua mensagem.

O mais lamentável das consequências da rebeldia israelitas é que suas gerações futuras arcarão com o prejuízo, pois nasceram e cresceram como estrangeiros e párias entre as nações.

“Ai também para eles quando eu me afastar deles!”. Se a presença de Deus é a fonte de todas as bênçãos o afastamento Dele é o princípio do juízo.

Enquanto para o crente piedoso e fiel aos termos da Aliança a volta de Cristo será um dia glorioso; para aqueles que romperam com a Aliança e dos quais Deus se afastou, será um dia de terror.

11

Se no capítulo anterior a ênfase esteve no distanciamento de Deus em relação aos israelitas pelo fato de terem rompido unilateralmente os termos da Aliança, uma vez mais o profeta proclama a graça de Deus que se constitui no único caminho para que eles possam se arrependerem e retornarem para um relacionamento correto com Deus e assim suspenderem o juízo eminente.

Deus em nenhum momento anunciou seu juízo, sem que simultaneamente disponibilizasse sua graça.

Alguém disse uma vez: "Deus não chama os qualificados, ele qualifica o chamado!" Deus amava essas pessoas e as chamava para si mesmo e as abençoava, protegia, e guiava. No entanto, enquanto os profetas chamavam, eles se dirigiam para o outro lado. Enquanto Deus os chamava, eles sacrificavam à Baal e multiplicavam os locais de idolatria.

Que resposta! Israel respondeu ao amor de Deus, afastando-se; ignorando o que Ele tinha feito. Aos que rejeitam a graça só lhes restam o juízo. Se o chamado da graça é verdadeiro, a proclamação do juízo é igualmente real.

A grande ilusão dos israelitas do passado e os evangélicos do presente é que podem baratear a graça e não sofrer as consequências do juízo, todavia, o final terrível da na nação israelita é o testemunho de que isso não vai acontecer.

12

O assunto contido neste capítulo diz respeito a Efraim-Israel, Judá e Jacó: nele há uma mistura de reprovação e elogio. Deus ainda tem queixas a fazer contra seu povo.

O pecado de Israel e de Judá traz a justa disciplina do Deus justo sobre esta geração do povo da aliança. O exemplo de seu antepassado, Jacó, deveria tê-los levado a uma vida de fé e retidão.

Mas cegada pelo seu próprio orgulho Israel se auto iludiu. Eles se esqueceram deliberadamente, de que Yahvé sempre foi a fonte primária de sua própria existência e de sua prosperidade. Ao se fazerem surdos às mensagens dos profetas Oséias (Amós) Deus vai mudar sua pedagogia e sala de aula será no cativeiro.

Uma pergunta importante que temos que fazer é: qual será o resultado final das minhas escolhas? No caso da esposa do profeta foi ser vendida como uma escrava sem valor; no caso da nação de Israel foi a perda da liberdade e de todos os seus bens. Esse é o fim de todos que rejeitam o chamado gracioso de Deus.

 Na estrada do pecado, em busca de segurança e felicidade na criatura em vez do Criador, não há ganho qualquer: É trabalho sem satisfação, ascensão social, econômica, política e formalidades religiosas, são cascas vazias; "um vazio dolorido", um vazio o qual nada nesse mundo decaído pode preencher. Salomão com toda sua sabedoria, riqueza e poder chega à conclusão que a soma total de tudo isso é "vaidade das vaidades". Uma vida sem Deus é vaidade, fútil, sem valor, vazia, apenas e tão somente uma aparência ilusória.

O mundo é todo página-título, sem conteúdo.

Eles se afastam de Deus, buscaram satisfação na idolatria e na confiança da riqueza e dos conchavos políticos.

Deus é chamado de Pai das misericórdias, porque próprio é a fonte de misericórdia, mas nós (representados aqui nos israelitas), somos a causa de Seu juízo e ira justa.

As escolhas que os israelitas fizeram ao longo do tempo os levou à ruína total. E em todos aqueles no qual depositaram sua confiança, nenhum deles haverá de socorre-los; suas riquezas serão levadas; suas cidades destruídas e seus habitantes mortos ou levados como escravos.

Qual será o resultado final das minhas escolhas?  

13

O tempo do ministério de Oséias (40 anos) está chegando ao fim, mas lamentavelmente o resultado não foi o arrependimento e a conversão dos israelitas. Eles mantiveram a direção da idolatria e da confiança nas suas riquezas e nas alianças forjadas com as nações ímpias.

Nesta penúltima pregação Oséias mais uma vez indica os erros a serem corrigidos, mas os líderes religiosos e políticos, bem como a maioria do povo mantém o curso por eles traçado e desta forma somente resta ao profeta declarar que receberão a justa punição por sua rebelião contra Deus.

 

O "portanto" do verso 3 indica que Deus tinha encerrado seus argumentos no litigio com os israelitas e agora se prepara para apresentar a sentença final. Efraim, sempre um representativo de todo o Israel (Reino do Norte) tinha escolhido a morte ao longo da sua trágica história.

Aqui temos o processo que leva um povo a enfrentar o tribunal de Deus: paulatina e sutilmente se afastam de Deus e o substituem por deuses fabricados pelas suas próprias mãos (fama, poder, dinheiro, luxuria, depravação); na medida em que se esquecem de Deus ocorre a morte da alma do povo de maneira que sem princípios espirituais ou morais (verdades absolutas), a corrupção é acelerada; o aumento da criminalidade e a moral é substituída pelo politicamente correto; as leis são afrouxadas e todos começam a fazer o que bem entenderem.

Qualquer semelhança com a realidade brasileira e mundial não é mera coincidência; morta a alma o apodrecimento e morte do corpo é consequência imediata, de acordo com o verso 3; o corpo desaparece como orvalho ou o joio ao vento, pois para muitos o julgamento de Deus parece demorar, mas quando o julgamento começa, ele vem rapidamente, pois o resultado final do pecado é a morte eterna.

Conhecendo essas mensagens de Oséias a Israel, o velho apóstolo Paulo, em sua epístola mais madura teologicamente, faz um alerta geral: “Será que não compreendem quão paciente Ele (Deus) está sendo com vocês? Ou então, não se incomodam vocês com isso? Não vêem que Ele tem esperado todo esse tempo sem castigá-los, a fim de dar tempo para que abandonem o pecado? Sua bondade tem a finalidade de levá-las ao arrependimento.5Mas, vocês não querem ouvir; assim, estão guardando um castigo terrível para si mesmos, devido à teimosia de vocês em recusar-se a abandonar seus pecados; pois virá o dia da ira, quando Deus será o justo Juiz do mundo inteiro.6Ele dará a cada um o que suas obras merecerem” (Rm. 2.4-6).

Deus continuamente tem oferecido um caminho para a reconciliação com Ele, mas as pessoas rejeitam a oferta de paz proclamada no Calvário. Mas o dia se aproxima rapidamente em que cada joelho se curvará e reconhecerá Deus – até mesmo o incrédulo se curvará no final e conhecerão Sua justiça e santidade e concordarão com a punição que estarão recebendo.

Reconhecemos Deus por tudo que Ele é por tudo que tem feito por nós? Ou seguiremos o terrível caminho dos israelitas dos dias de Oséias? A Palavra de Deus continua sendo a única regra de fé e prática ou estamos felizes de nos submetermos às imposições sociais e políticas, forjadas nas bigornas do inferno?

14

A última pregação de Oséias é plena de graça. O profeta como boca de Deus chama o povo ao arrependimento: “ISRAEL, ISRAEL, VOLTE para o Senhor”. A resposta correta era a conversão e a reconciliação com Deus.

Apesar da incredulidade e dureza do coração desta geração Deus mantém a porta da graça aberta: quando vocês se arrependerem (no cativeiro) eu mesmo os curarei de sua idolatria e infidelidade, pois nada poderá deter o meu amor por vocês, e a minha ira desaparecera para sempre!

E isto se cumpre quando eles retornam do Cativeiro babilônico, de maneira que nunca mais foram acusados de idolatria.

Nos últimos versos (5-9) o profeta tem uma visão escatológica, que se cumpre parcialmente no retorno dos exilados, mas se cumprirá em toda sua plenitude no Novo Israel: o gracioso convite de Deus é respondido por todos os povos e nações onde o Evangelho da graça e da reconciliação é anunciado e crido.

A minha misericórdia nunca falha.

. . . Poucos textos na Bíblia terminam de forma tão amorosa e graciosa como em Oséias.

Deus tinha todas as razões para concluir a série de mensagens com um tom de juízo e condenação, pois afinal aquela geração menosprezou desde o inicio até o fim os apelos à conversão e reconciliação.

Mas de forma maravilhosa e impressionante as últimas palavras do profeta Oséias, antes de encerrar definitivamente suas pregações, esta totalmente enxarcadas do amor gracioso e imensurável de Deus.

O tempo da graça continua aberto. A mensagem do Evangelho salvador por meio de Jesus Cristo tem sido pregada initerruptamente e a cada dia alcança mais um ponto da geografia mundial.

Todavia, muito em breve o Senhor Jesus retornará em poder e glória, para estabelecer definitivamente Seu Reino e julgar aqueles que deliberadamente escolheram rejeitar sua mensagem de reconciliação.

O registro das profecias de Oséias e demais escrituras bíblicas se constituem no alerta geral sobre o eminente juízo de Deus sobre todo o pecado, bem como a oportunidade de arrependimento e conversão, mas como ocorreu com Israel e posteriormente com Judá, a grande maioria das pessoas tem escolhido deliberadamente permanecerem em seus delitos e pecados.

Quem for sábio, deve entender essas coisas. Quem for inteligente, ouça com atenção. Pois os caminhos do Senhor são verdadeiros e certos, e os justos andarão neles, mas os pecadores tropeçarão” (v. 9).

 
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
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Referências Bibliográficas

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