sexta-feira, 3 de junho de 2016

DEUS: O Tema Central da Bíblia


      É com muita tristeza que contemplamos a forma com que a Bíblia tem sido utilizada como instrumento para satisfação hedonista de seus expositores, leitores e ouvintes.
      A falsa impressão que se procura passar é de que a Bíblia é um manual de cura divina e de prosperidade; ou um amuleto místico para poder ter acesso e influência (ainda que os mais atrevidos deixem transparecer que tem “controle” sobre a Divindade). Nesta completa distorção da finalidade da Bíblia acaba-se concluindo equivocadamente de que ele é um livro sobre o ser humano e para o ser humano, onde Deus é apenas mais um, ainda que proeminente, dos milhares de personagens que povoam suas páginas. Em palavras bem vulgares a Bíblia foi transformada em mais um livro de autoajuda, com um terrível agravante de que ela é o maior best seller[1] da literatura mundial, pois nenhum livro tem sido mais reproduzido, distribuído e lido na história humana do que a Bíblia.
      Desta forma, não é por acaso ou sem razão que a Bíblia há muito tempo, perdeu e continua perdendo seu poder transformador do caráter e da vida do ser humanado decaído e depravado; há muito tempo a Bíblia vem sendo utilizada em púlpitos apenas como artifício para se propagar conceitos completamente destoantes e incompatíveis com seu conteúdo, como se sua mensagem fosse antropológica e não teológica.
      A Bíblia é sobre Deus e não sobre o ser humano; sua mensagem tem como único centro Deus e Seu Propósito eterno. Ela começa com Deus, na Criação, e conclui sua mensagem com Deus na Nova Criação. O ser humano entra como parte integrante da Criação, ainda que distintivamente, pois é o único ser na terra e no céu que recebeu a imagem e semelhança de Deus.
      A primeira e mais importante razão pela qual devemos estudar a Bíblia, é porque nela podemos conhecer a Deus. Em suas páginas temos a revelação daquilo que Deus é e daquilo que Deus faz. Quando nos aproximamos da Bíblia para tratarmos sobre qualquer outro assunto, por mais relevante que seja, e relevamos o conhecimento de Deus, acabamos por tomar um caminho perigoso e que nos conduzira a lugares ermos e secos, pois a abundância e a vida abundante esta somente em conhecer e prosseguir em conhecer a Deus, como tão bem expressa o profeta Oséias aos israelitas, que apesar de terem a Primeira parte da Bíblia, optaram por darem sua atenção a outras coisas “mais importantes” do que buscar o conhecimento do seu Deus.
      A grande pedra de tropeço do primeiro casal, narrado no capítulo três de Gênesis, não foi outro a não ser este – preferiram o autoconhecimento, ao conhecimento de Deus.  Ao relevarem a ordem de Deus eles estavam declarando saberem mais do que Deus. Esta continua sendo a pedra que faz tropeçar todo ser humano, incluindo os crentes, pois por desconhecermos a natureza de Deus acabamos na maioria das vezes querendo fazer as coisas do nosso jeito e não conforme Ele estabelece claramente em Sua Palavra.
Há muito tempo a Bíblia tem deixado de ser a única regra de fé e pratica; não é coisa recente, o povo de Israel já relegava a Bíblia a um plano secundário em suas vidas religiosas; a Torá era para ser lida no lugar próprio (Sinagoga ou Templo), assim como hoje ela está restrita aos templos cristãos, e fora destes ambientes religiosos o que determina o que vou ou não fazer sou eu ou as circunstâncias ou a maioria da sociedade, afinal vive-se numa “democracia”.
Se você não for à Bíblia com o desejo de conhecer mais sobre Deus, você sempre haverá de sair frustrado de sua leitura e estudo.
            Por menosprezarem o que a Bíblia ensina sobre Deus a grande maioria das pessoas tem opiniões estúpidas sobre Deus. Os chamados cristãos, incluindo os evangélicos, tem ideias completamente infantis sobre Deus que precisam serem corrigidas ou rejeitadas completamente, pois não tem qualquer fundamento bíblico. Muitos pensam que Deus é um “gênio da oração mágica”, pronto para atendê-los; muito poucos entendem realmente o significado e a função da oração no contexto do relacionamento com Deus.
            A grande maioria das pessoas constrói um tipo de Deus que desejam criado à suas imagens e semelhanças, e rejeitam qualquer outro Deus, incluindo o que se revela na Bíblia, que não venha agrada-los. Numa inversão total de valores e conceitos, Deus deve ser ajustar aos nossos desejos e vontade, e não nós que temos que nos ajustar ao que Deus realmente é, conforme ensinado na Bíblia. Esta é a terrível idolatria, nos prostramos diante do Deus criado pelas nossas mentes esquizofrênicas e depravadas, e rejeitamos o Deus que emana das páginas da Bíblia.
            Precisamos urgente e desesperadamente rever radicalmente nossos conceitos e ideias sobre Deus. Minha pequena contribuição neste pequeno espaço do Reflexão Bíblica, é resgatar as excelências de Deus, para podermos reajustar o nosso pensamento sobre Deus em conformidade com as características reveladas nas páginas da Bíblia.
            Meu desejo é que cada um destes pequenos artigos aqui postados possa motivar e estimular você a começar seu próprio estudo pessoal sobre Deus, partindo das informações fornecidas pela Bíblia. Tenho certeza absoluta de que este estudo haverá de transformar sua vida!
            Concluo com as palavras de dois cristãos do passado, que horrorizados com a falta de conhecimento dos cristãos e da igreja cristã sobre a pessoa de Deus, se dispuseram a conhecer a Deus por meio da Bíblia somente.
            O primeiro é A. W. Tozer que afirmou:
“A maior e mais pesada responsabilidade que pesa sobre a Igreja cristã hoje é purificar e elevar o seu conceito de Deus até que seja uma vez mais digno Dele.”[2]
            O segundo é A. W Pink que em perfeita concordância com Tozer declara:
“O deus deste século não é mais semelhante ao Soberano das Escrituras Sagradas do que a cintilação tenua de uma vela em contraste com a gloriosa luz e brilho do sol do meio-dia. O Deus que se fala no púlpito, na escola dominical, mencionado na maior parte da literatura religiosa e pregado na maioria das chamadas conferências bíblicas, é uma invenção da imaginação humana, uma invenção do sentimentalismo piegas. Os pagãos fora dos limites da cristandade fazem deuses de madeira e de pedra, enquanto milhões de pagãos dentro da cristandade fabricam um Deus forjado nas bigornas de suas mentes carnais”.[3]

            A única esperança para a sociedade humana e para a igreja cristã/evangélica está em um retorno ao Deus da Bíblia!!

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
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Historiologia Protestante


           
                                                                           



[1] Best seller significa mais vendido, em inglês. É um livro considerado extremamente popular entre os leitores, além de ser incluído na lista dos mais vendidos no mercado editorial.
[2] Tozer, A. W. The Knowledge of the Holy (New York: Harper and Row, Publishers, 1961), p. 10.
[3] Pink, Arthur W. Gleanings in the Godhead, pp. 28-29.


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