sábado, 5 de abril de 2025

LEWIS – Pequenas Reflexões: Vivendo Adequadamente as Bênçãos de Deus

Tendemos a pensar que, ao recebermos as bênçãos de Deus, nossos corações naturalmente responderiam com gratidão e louvor. No entanto, tanto a Bíblia quanto as experiências do dia a dia revelam que isso nem sempre acontece. Na verdade, viver na abundância dessas bênçãos e da satisfação que elas trazem pode gerar perigos ocultos — efeitos colaterais - que exigem de nós uma atenção constante e uma vigilância redobrada sobre os nossos corações.

Um exemplo claro está na advertência de Deus ao povo de Israel, enquanto se preparavam para entrar na Terra Prometida, cheia de ricas bênçãos: “... acautelai-vos para que não vos esqueçais do Senhor, vosso Deus” (destaque meu). Entretanto, ao estudar a história dos israelitas em Canaã, percebemos que essas palavras não foram plenamente entendidas ou levadas a sério. Eles rapidamente se esqueciam de que foi Deus quem lhes concedeu aquela terra maravilhosa e garantiu as numerosas vitórias sobre seus inimigos.

Exatamente como Deus havia alertado, as bênçãos podiam trazer o risco de um coração orgulhoso e afastado: “... caso contrário, quando você tiver comido e estiver satisfeito, e tiver construído boas casas e morado nelas, e quando sua prata e ouro se multiplicarem, e tudo o que você tem se multiplicar, então seu coração se tornará orgulhoso e você se esquecerá do Senhor seu Deus... podes dizer em teu coração: Meu poder e a força de minha mão me fizeram esta riqueza” (Deuteronômio 8.11-18). Esse é um risco constante que enfrentamos em nossa jornada cristã. Como, então, podemos evitar nos tornarmos orgulhosos e autossuficientes em nossos corações, esquecendo de Deus?

Lewis nos oferece uma importante perspectiva ao compartilhar sua descoberta: os prazeres genuínos da vida são como flechas que apontam para a glória de Deus. Ele reflete: “Desde então, tenho me esforçado para transformar cada prazer em um caminho para a adoração. Não estou falando apenas de agradecer por isso. Agradecer é essencial, mas o que quero dizer vai além... A gratidão proclama de forma correta: ‘Como Deus é bom por me dar isso’. Já a adoração exclama: ‘Como deve ser o caráter daquele Ser cujos reflexos fugazes e distantes são assim!’ Nossa mente segue o raio de sol até chegar ao próprio sol” (LEWIS, 1964, p. 117-118).

Porque o teu amor é melhor do que a vida, os meus lábios te glorificarão. Eu te louvarei enquanto eu viver, e em teu nome levantarei minhas mãos. Minha alma ficará satisfeita como com os alimentos mais ricos; com lábios cantantes a minha boca te louvará (Salmos 63:3-5 NTLH).


Texto Adaptado e Comentado
Letters to Malcolm: Chiefly on Prayer
London: Geoffrey Bles, 1964, p. 117-118.
Instituto C.S. Lewis

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