“Deus
tem nos falado através do Filho” (Hebreus 1.1-3)
Um Deus silencioso é um Deus
desconhecido. Uma das coisas mais extraordinárias de toda Bíblia é que Deus tem
prazer em falar com o ser humano, seja homem ou mulher, jovem ou velho, judeus
ou não judeus.
No princípio Deus fala e as coisas
acontecem. Depois de ter criado todas as coisas, Deus criou o ser humano à sua
imagem e semelhança, homem e mulher, distinguindo-os de tudo que havia sido
criado anteriormente. É essa característica peculiar que capacita o ser humano
se comunicar com Deus. Antes da entrada do pecado, ao entardecer, que demarca a
viração do dia judaico, Deus vinha ao Jardim para conversar/dialogar com Adão e
Eva. Era um momento de comunhão e compartilhamento. Mas no capítulo três de
Gênesis temos o momento em que o ser humano escolheu romper o dialogo com seu
Criador e a partir de então, totalmente desfigurado de sua imagem e semelhança
com Deus, o ser humano se afasta cada vez mais – e nesse afastamento, sem
dialogar com Deus, o ser humano se desfigura, se corrompe e se deprava cada vez
mais, até não sobrar mais nenhum vestígio de sua semelhança com Deus.
Mas o escritor de Hebreus nos lembra
que em nenhum momento Deus deixou de falar com o ser humano – falou de diversas
maneira e de muitas formas, entre as quais enviando Seus profetas como Sua boca
e voz. Mas isso ainda não era suficiente para trazer o ser humano decaído à uma
comunhão prazerosa como no princípio. Então finalmente Deus falou de forma
plena e definitiva, enviando seu unigênito Filho – “agora, hoje, nestes últimos
dias Deus nos fala por meio de Seu Filho amado”.
A beleza incomparável do Natal está
contida nesta verdade inimaginável de que o Deus Eterno tem prazer em falar com
pecadores como nós. Não porque desejássemos dialogar com ele; não porque
sentíamos falta de ouvir Sua voz; não porque estivéssemos interessados no que
Deus tinha a nos dizer – mas unicamente porque Deus nunca desistiu de falar
conosco.
O natal é Deus falando, não para nos
condenar, mas para nos salvar. Nesse tempo da graça Deus fala amorosamente. Ele
quer comunicar-nos Seu imensurável amor. Para isso Deus foi às últimas consequências
e enviou seu Filho ao mundo; e o Filho fala das coisas do Pai, pois ninguém conhece
o Pai a não ser o Filho e a quem Ele desejar revelar. Jesus Cristo é o Filho do
amor falado, declarado, escancarado Deus; é o amor manifestado de forma
indescritível na Cruz do Calvário. A maior e mais impressionante rede de
comunicação do universo é estabelecida a partir da Cruz – é na Cruz que Deus restabelece
a Sua comunicação conosco, de maneira que pela Cruz podemos novamente ouvir a
voz de Deus; somente pela Cruz se estabelece novamente o dialogo de Deus e o
ser humano.
Mas antes da Páscoa tem que haver o
Natal! Se na cruz e ressurreição temos a reconciliação do pecador com Deus, o
Natal é o princípio desta conclusão, pré-anunciada desde o primeiro dia da
queda: “o descendente da mulher ...
pisara a cabeça da serpente”. Todo o Primeiro Testamento fala da vinda
desta criança ao mundo – o Natal é a concretização de toda profecia por séculos
reiterados. Sem Natal não há Páscoa e sem Páscoa não há salvação! Sem Natal não
poderíamos ouvir claramente a voz de Deus – permaneceríamos no silêncio da ignorância
e morreríamos em nossos delitos e pecados.
Em nenhum momento Deus deixou de
falar, mas somente no Filho podemos ouvir as doces e maravilhosas palavras de
perdão, restauração, reconciliação e salvação – “Deus nestes últimos dias nos
tem falado por meio de Seu Filho”. Esta é a grande mensagem do Natal – Deus está
falando conosco. Deus não nos fala de forma intangível e invisível, mas Jesus
assume a plenitude de nossa humanidade (nascido de uma mulher, nascido em carne);
Deus em seu Filho se fez gente e habitou entre nós de maneira que olhos humanos
puderam ver sua glória, como do unigênito do Pai. Essa revelação plena de Deus
se inicia no Natal e se conclui na Páscoa.
Mas Jesus Cristo não apenas
comunicou a mensagem do Pai, mas Ele mesmo torna-se a mensagem viva de Deus.
Tudo quanto Deus é, Seus pensamentos, conselhos, promessas, dons, podem ser encontrados
na pessoa de Jesus – o dom inefável de Deus. Somente em Jesus podemos encontrar
o Caminho seguro de volta à casa do Pai. Seu nascimento, seu caráter, seus
milagres, seus ensinos, sua morte – é Deus falando por meio de Jesus. Sua ressurreição
é o grande grito da vitória: Onde está ó morte teus agrilhoes! Onde está ó
morte a sua vitória!
O Natal é Deus nos falando pelo
Filho não como um “juiz”, ainda que Ele o seja e voltará para julgar vivos e
mortos; não como um “mestre”, ainda que nunca alguém ensinasse com tanta
autoridade as coisas de Deus; mas como “um
Salvador, que é o Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). O Natal é as Boas Novas
(Evangelho) da Salvação, para o maior pecador! "O Filho do homem veio buscar e salvar o que está perdido" (Lc
19.10); "Vinde a mim todo aquele que
trabalha e está sobrecarregado, e eu lhe darei descanso" (Mt 11.28).
Jesus fala de tal maneira que o maior pecador sente-se atraído para Ele; Jesus
fala de forma tão amorosa e graciosa que os mais simples o compreende; Jesus
fala com tanto poder que o coração mais endurecido é quebrantado.
O verdadeiro Natal é Deus falando, comunicando
a Si mesmo no e pelo Filho Jesus Cristo. O Natal revela o imensurável amor de
Deus pelo ser humano. Mas o Natal somente tem sentido quando conseguimos ouvir
a voz amorosa e salvadora de Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre
em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro
Blog
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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