terça-feira, 8 de março de 2016

VOCABULÁRIO BÍBLICO – AMÉM

O termo “amém” tem perdido seu real significado dentro do cristianismo evangélico. Longe de corresponder tão somente ao significa de “assim seja", que expressa um mero desejo, ele se reveste em sua origem de um significado muito mais significativo de compromisso: “certamente, de fato, com certeza”, ou simplesmente: “Sim”. Na verdade, esse advérbio é derivado de uma raiz hebraica composta por três letras (alef, mem e num – ןמֵאָ) que significa “firmeza, solidez, segurança (fé)”. Desta forma, ao se proclamar “amém” assume-se a responsabilidade de que aquilo que está sendo confirmado é autentico e deve ser plenamente realizado.
            No contexto bíblico “amém” significa muito mais do que concordar com alguém (1Rs 1.36) ou aceitar uma determinada missão (Jer 11.5); implica em assumir diante de Deus um juramento de que haverá de honrar o que acabou de ser confirmado (Nm 5.22). Torna-se ainda mais solene quando declarado em compromisso coletivo no contexto da Aliança (Dt 27.15-26; Ne 5.13). No contexto cristão-evangélico podemos citar o momento do batismo e/ou profissão de fé durante a celebração cúltica, tanto por parte da pessoa batizada, quanto por parte da comunidade que confirma todos os votos com um “Amém! ”
            Como referido acima, dentro da liturgia o “amém” adquire novas dimensões, pois quando referido à Deus, declara-se a total confiança em Sua Palavra, poder e bondade e que se constitui em bênção para o declarante (Ne 8.6). Portanto, torna-se uma aclamação litúrgica como podemos perceber nas doxologias (Rm 1.25; Gl 1.5; 2Pe 3.18; Heb 13.21). O “amém” deve ser declarado com plena consciência daquilo que está sendo confirmado, tem que haver discernimento (1Co 14.16). Neste contexto cúltico o “amém” conclui os cânticos entoados pelos salvos na glória celeste (Ap 5.14; 19.4), onde se une à “aleluia”.
            O “amém” quando proferido por Deus é a expressão livre e verdadeira de que haverá de manter-se fiel às Sua Palavra (tanto a bênção, quanto a maldição); pois Ele é o Deus da verdade (amém) conforme Isaías 65.16.
Jesus Cristo é o “amém” de Deus, pois por meio dele todas as promessas são plenamente realizadas (2Co 1.19s) – aqui Paulo substitui o “amém” hebraico por uma palavra grega que significa “sim”. Quando Jesus reivindica ser um enviado de Deus e que portanto, suas palavras são verdadeiras, introduz tais declarações com um amém (Mt 5.18, 18.3; Jo 1.51; 5.19).
Mas Jesus Cristo não apenas proclama as verdadeiras palavras da parte de Deus, mas ele próprio é o “Amém” de Deus por excelência – a testemunha fiel e verdadeira (Ap 3.14). Assim, para que um cristão seja fiel, ele precisa responder a Deus uníssono com Cristo; o único “amém” eficaz é o pronunciado por Jesus na glória (2Co 1.20). A Igreja pronuncia o “amém” em consonância dos salvos nos céus (Ap. 7.12) e ninguém pode pronuncia-lo a menos que a graça de Cristo esteja nele; assim, o voto que encerra o Apocalipse e por extensão toda a Bíblia é selado por um último “Amém” (Ap 22.21) que é a garantia de que tudo que nela está contido será impreterivelmente cumprido - AMÉM!!

Me. ipg

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Referências Bibliográficas        
COENEN, Lothar (editor). O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v.1, ed. Vida Nova, 1989.  
BARCLAY, William. New Testament Words. The Westminster Press, 1974.     
ROTH, Cecil. Enciclopédia Judaica – A-D. Rio de Janeiro: Editora Tradição S/A, 1967. [Biblioteca de Cultura Judaica]
TENNEY, Merrill C. (Org.). Enciclopédia da Bíblia, v. 1. Tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
TURNER, Nigel. Christian Words, 1980. Dictionary of Christian Theology, Angeles, 1985.


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