terça-feira, 8 de março de 2016

PÁSCOA: Quem morreu na Cruz?

Estamos nos aproximando de mais uma Páscoa, entretanto, quanta diferença. Há muito tempo o sentido das datas do calendário cristão tem sido paulatinamente esvaziado da sua real importância e significado.
O Natal tem sido a cada ano relegado ao um slogan utilizado amplamente pelo comercio mundial para vender cada vez mais, sendo hoje uma das datas fundamentais para mover a roda da Indústria e do Comércio, grandes e pequenos, inclusive em países onde o cristianismo nem mesmo tem alguma expressão nominal.
Os países chamados cristãos há muito assumiram a função de Judas Iscariotes e tem vendido Jesus ao Mercado por qualquer quantia substancial, ou mesmo, por miseráveis moedas de trocas. As cenas angélicas e maternais, com um lindo bebezinho numa manjedoura cercada de animais domésticos e pastores, encontradas nas narrativas evangélicas regadas por um espírito fraternal, e reforçada pelo personagem mor do Papai Noel, bonachão, com sua roupa vermelha, e suas frases feitas, fazem do Natal o maior e mais extraordinário instrumento de Marketing em toda história moderna.
A Páscoa, ainda que não tenha um apelo comercial tão forte, pois trata de um tema não muito apreciado e fácil de ser vendida, a morte, tendo como símbolo uma cruz cruenta, também vem sofrendo o mesmo processo de apropriação e espoliação por parte das aves de rapina do Mercado. Para amenizar e tornar mais palatável as terríveis cenas da crucificação de Jesus introduziram-se sorrateiramente, mas propositalmente a figura fofinha e cativante de um lindo coelhinho, com seus pelinhos macios, suas orelhinhas grandes e seus olhinhos pidões.
Hoje quando se fala de Páscoa, o coelhinho com seus coloridos e deliciosos ovinhos de chocolate, é sem dúvida alguma a figura mais marcante, enquanto Jesus e seus sofrimentos na cruz são colocados cada vez mais na periferia das comemorações.
Certamente que os primeiros cristãos jamais imaginariam o quanto a criatividade e a ganância humana haveriam de transformar um de seus símbolos mais precioso e o fundamento de sua Fé Cristã, em algo tão banal e fútil.
Os primeiros cristãos que sofreram as mais cruéis perseguições por causa da sua fé no Cristo crucificado e ressurreto, jamais poderiam sonhar que os chamados cristãos do século XXI estariam muito mais ávidos pelo lazer e pelas guloseimas proporcionados pelo feriadão da Páscoa, do que realmente ocupar-se em uma reflexão profunda das razões que levaram o Filho de Deus a abrir mão de Sua glória divina, assumir a baixeza da nossa humanidade, deixar-se humilhar, sofrer e morrer numa cruz maldita.
O Evangelho atual nada tem a ver com a Cruz, com o sofrimento, com a morte e com a ressurreição de Jesus Cristo, substituído pelos interesses mais imediatos, mediáticos e lucrativos da teologia financeira, formulada pela nova e adaptada concepção do Sinédrio judaico, agora totalmente revestidos pela pompa e roupagem evangelicalista, onde se assentam seus atuais mandatários, apóstolos, bispos, pastores, missionários, que dominam com habilidade infernal os instrumentos mediáticos com seu discurso ilusório do enriquecimento fácil, de uma vida material  abundante, onde entre correntes de oração e pseudos milagres o que se busca a todo custo e esforço é tão somente o conforto e prazer que este mundo pode oferecer, ainda que o custo seja se deixar moldar dócil e servilmente pela mentalidade deste século.
O Evangelho sem a cruz deste início do século XXI é sem dúvida alguma muito mais atrativa, mais esfuziante e mais adaptável ao coração e à natureza pecaminosa dos seres humanos decaídos. É um Evangelho que nada exige, mas que oferece tudo neste mundo e ainda alguma garantia de uma eternidade melhor.
Só há um pequeno detalhe com este Evangelho sem a Cruz
mas que fará toda diferença,
este evangelho simbolizado pelo coelhinho
não pode Salvar o pecador!

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
ivanpgds@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/


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Um comentário:

  1. Parabéns Ivan Pereira.
    Não lembro de ter lido antes, reflexões tão profundas e esclarecedoras.
    Tenho certeza, que é a unção do Espírito Santo.
    Rogo ao Senhor por você.
    Abração.🤗👍

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