Estamos
nos aproximando de mais uma Páscoa, entretanto, quanta diferença. Há muito
tempo o sentido das datas do calendário cristão tem sido paulatinamente
esvaziado da sua real importância e significado.
O Natal tem sido a cada ano relegado ao um
slogan utilizado amplamente pelo comercio mundial para vender cada vez mais,
sendo hoje uma das datas fundamentais para mover a roda da Indústria e do
Comércio, grandes e pequenos, inclusive em países onde o cristianismo nem mesmo
tem alguma expressão nominal.
Os
países chamados cristãos há muito assumiram a função de Judas Iscariotes e tem
vendido Jesus ao Mercado por qualquer quantia substancial, ou mesmo, por
miseráveis moedas de trocas. As cenas angélicas e maternais, com um lindo bebezinho
numa manjedoura cercada de animais domésticos e pastores, encontradas nas
narrativas evangélicas regadas por um espírito fraternal, e reforçada pelo
personagem mor do Papai Noel, bonachão, com sua roupa vermelha, e suas frases
feitas, fazem do Natal o maior e mais extraordinário instrumento de Marketing
em toda história moderna.
A Páscoa,
ainda que não tenha um apelo comercial tão forte, pois trata de um tema não
muito apreciado e fácil de ser vendida, a
morte, tendo como símbolo uma cruz
cruenta, também vem sofrendo o mesmo processo de apropriação e espoliação por
parte das aves de rapina do Mercado. Para amenizar e tornar mais palatável as
terríveis cenas da crucificação de
Jesus introduziram-se sorrateiramente, mas propositalmente a figura fofinha e cativante de um lindo
coelhinho, com seus pelinhos macios, suas orelhinhas grandes e seus
olhinhos pidões.
Hoje
quando se fala de Páscoa, o coelhinho com seus coloridos e deliciosos ovinhos
de chocolate, é sem dúvida alguma a figura mais marcante, enquanto Jesus e seus
sofrimentos na cruz são colocados cada vez mais na periferia das comemorações.
Certamente
que os primeiros cristãos jamais imaginariam o quanto a criatividade e a ganância
humana haveriam de transformar um de seus símbolos mais precioso e o fundamento
de sua Fé Cristã, em algo tão banal e
fútil.
Os
primeiros cristãos que sofreram as mais cruéis perseguições por causa da sua fé
no Cristo crucificado e ressurreto, jamais poderiam sonhar que os chamados
cristãos do século XXI estariam muito mais ávidos pelo lazer e pelas guloseimas
proporcionados pelo feriadão da Páscoa, do que realmente ocupar-se em uma
reflexão profunda das razões que levaram o Filho de Deus a abrir mão de Sua
glória divina, assumir a baixeza da nossa humanidade, deixar-se humilhar,
sofrer e morrer numa cruz maldita.
O
Evangelho atual nada tem a ver com a Cruz, com o sofrimento, com a morte e com
a ressurreição de Jesus Cristo, substituído pelos interesses mais imediatos,
mediáticos e lucrativos da teologia financeira, formulada pela nova e adaptada
concepção do Sinédrio judaico, agora totalmente revestidos pela pompa e
roupagem evangelicalista, onde se assentam seus atuais mandatários, apóstolos,
bispos, pastores, missionários, que dominam com habilidade infernal os
instrumentos mediáticos com seu discurso ilusório do enriquecimento fácil, de
uma vida material abundante, onde entre
correntes de oração e pseudos milagres o que se busca a todo custo e esforço é
tão somente o conforto e prazer que este mundo pode oferecer, ainda que o custo
seja se deixar moldar dócil e servilmente pela mentalidade deste século.
O
Evangelho sem a cruz deste início do século XXI é sem dúvida alguma muito mais
atrativa, mais esfuziante e mais adaptável ao coração e à natureza pecaminosa
dos seres humanos decaídos. É um Evangelho que nada exige, mas que oferece tudo
neste mundo e ainda alguma garantia de uma eternidade melhor.
Só há um pequeno
detalhe com este Evangelho sem a Cruz
mas que fará toda
diferença,
este evangelho
simbolizado pelo coelhinho
não pode Salvar o
pecador!
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan
Pereira Mestre em Ciências da Religião.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie
ivanpgds@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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Parabéns Ivan Pereira.
ResponderExcluirNão lembro de ter lido antes, reflexões tão profundas e esclarecedoras.
Tenho certeza, que é a unção do Espírito Santo.
Rogo ao Senhor por você.
Abração.🤗👍