quinta-feira, 10 de março de 2016

SUMERIANOS – Povos Relacionados à História Bíblica

     
      A região da Mesopotâmia, incrustada entre os rios Tigre e Eufrates, foi o berço das primeiras grandes civilizações do mundo e também de onde se originam os povos que haverão de fazer parte das narrativas bíblicas. Por exemplo, Abraão, sai da cidade de Ur uma das mais importantes da Mesopotâmia. Há pouco mais de cento e cinquenta anos iniciou-se uma espécie de “Renascimento oriental” onde novas descobertas arqueológicas foram trazendo à tona um espantoso mundo mesopotâmico com suas religiões, literaturas, ciências e artes. A partir destas descobertas houve uma mudança de ótica em relação à história das civilizações antigas. 
            Um dos primeiros povos a habitar a região mesopotâmica foram os Sumérios, que encontrando condições apropriadas abandonaram o estilo nômade e se estabeleceram nesta região. Bem servidos de água e alimentos, e sentindo-se seguros pelas cadeias montanhosas ao norte e a oeste, assim como o Golfo Pérsico ao sudoeste, e pelo não menos protetor deserto da Síria ao sul e leste, fundaram a primeira das grandes civilizações da história humana. O nome Suméria significa “Sul da Babilônia” e eles se autodenominaram “terra civilizada” e eram chamados de “cabeças escuras” indicando provavelmente que sua origem era o sul da Índia.
            Os sumérios construíram os primeiros templos e palácios monumentais, que inspiraram outras civilizações e ainda se faz presente no ideário de muitas religiões e impérios econômicos, com suas catedrais, mega templos e edifícios desproporcionais.
            Mas também foram os primeiros a construírem uma rede de cidades-estados, bem como provavelmente a primeira a desenvolver uma forma de registro escrito (3100 a 3000 a.C.). Primariamente utilizaram os sinais pictográficos (figuras), que possibilitam serem lidos em qualquer idioma. A partir destes sinais eles desenvolveram representações fonéticas e formaram o primeiro vocabulário iniciando a linguagem escrita sumeriana. Não é um idioma semítico, pois é uma linguagem aglutinante (aglutinativa), na qual a raiz da palavra pode variar, diferentemente do hebraico em que a raiz é inflexível.
            Esta necessidade de registrar os fatos está relacionada às questões econômicas e governamentais na medida em que a civilização sumeriana se amplia e exige um controle e uma comunicação mais eficaz. As primeiras plaquetas de argila que contêm a escrita cuneiforme demonstram claramente essa importância. E tais plaquetas estão entre as mais antigas formas de escrita do homem.
            Outra invenção desenvolvida na Suméria foram os selos cilíndricos, que tinham entre 2 e 6 centímetros, esculpidos com desenhos em entalhe. Era utilizado como selos (assinaturas), no comércio (confirmação de recebimento), construções (tijolos) e na autenticação de correspondências legais.
Cidades-Estados
            O controle e administração do império sumeriano era feito através das chamadas cidades-estados que também se constituíam em centro religioso, as quais se identificavam com uma determinada divindade.

Religião
            Os sumérios desenvolveram uma teologia e uma cosmologia complexa e especulativa  para explicarem os ciclos da natureza, bem como os fatos que regem os mistérios do universo e da vida humana. Não tinham literatura sagrada e eram politeístas cujo os principais deuses tinham sua cidade-religiosa: Enlil - deus do ar e atmosfera (Nippur); Enki -deus da água doce (Eridu); An - deus supremo (Uruk); Em - grande sacerdote (Kish); Ky - deusa da terra – grande dama que gera; Innana - deusa do amor – união de Na e Ky (“Afrodite” Sumeriana). Havia também uma espécie de calendário litúrgico e festivais que demarcavam datas especificas tais como o Ano Novo, onde eram oferecidos grandes banquetes. Os deuses eram adorados com ofertas diárias acompanhadas de canto de hinos e louvores. A partir do desenvolvimento religioso sumeriano temos a origem das três religiões monoteístas atuais: judaísmo, islamismo e cristianismo.

Os Sumérios e a Bíblia
            Apenas duas das grandes cidades-estados sumerianos são mencionadas nas narrativas bíblicas: Ereque (Uruque) e a cidade de Ur, que chegou a ser a capital da confederação de cidades (cerca de 2100 a 2000 a.C.) e também lugar de origem de Abraão, que se constituirá na figura central nas três maiores religiões monoteísta: judaica, muçulmana e cristã. Com a queda de Ur, pelos babilônios, a cidade de Isin deu continuação às tradições e realizações da Suméria.
            O maior elo de ligação entre os registros bíblicos e a civilização sumeriana esteja nos relatos sobre o dilúvio. Ainda que seja apenas um fragmento que foi preservado, ele contém muitos detalhes significativos e que encontram referências no livro de Gênesis (6-8). Aqui funciona a lei do pêndulo: o relato bíblico reinou soberanamente por milhares de anos como sendo o único relato da criação e do dilúvio, mas desde que foram descobertos os registros sumerianos o pêndulo foi para o outro extremo, e de registro inquestionável, o registro de Gênesis tornou-se apenas um plágio dos registros sumerianos, que sem dúvida alguma historicamente são mais antigos do que os registros israelitas. Mas as pessoas menos céticas e mais equilibradas tem concluído que ambas as narrativas (suméria e bíblica) são fundamentadas em histórias mais antigas, preservadas de forma oral, e que na medida em que foram se desenvolvendo a escrita, passaram a serem registradas. Desta forma fica mais fácil compreender as convergências e divergências das duas versões sobre a criação e do dilúvio, bem como da construção da Torre de Babel, representada nas Zigurates, construções sempre encontradas nas cidades sumerianas, bem como a posterior explicação para a confusão de línguas.
            Evidente que houve nos primórdios um compartilhamento de histórias comuns entre os sumerianos e demais culturas, entre elas os hebreus de onde surgira a nação israelita.  

Me. ipg

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