O
Imperador Tibério é uma das figuras mais intrigante e complexa da história
romana. Sua figura materna, Lívia, era uma mulher calculista e fria, de maneira
que Tibério cresce com tremendas dificuldades de se relacionar com outros.
Quando ainda muito jovem sua alcunha era – “velho
senhor”.
Sua
vida conjugal é um reflexo dos conflitos que persistiam em sua alma. Coagido
pela “doce” mãe é obrigado a repudiar a primeira esposa Vipsânia, a quem amava,
e se casar com Júlia, sobrinha do imperador Augusto, que não tinha nada em
comum com ele. O resultado é que ele se impõe a um autoexílio na ilha de Rodes
(no Mar Egeu). Retorna apenas quando Júlia é exilada na ilha de Pandatéria (no
Mar Tirreno).
Somente
aos 48 anos, ano 4 depois de Cristo,
que ele é oficialmente aceito como enteado. Dois netos do imperador Augusto
morrem e um terceiro é sentenciado a morte pelo próprio avô. Tibério é
revestido da “tribunicia potestas” (tribuno
do povo). No ano 13 d.C. ele assume a função de “imperium consulare”,
comandando todo o Império.
Mas
como na vida de Tibério nada é tão simples, por testamento de Augusto, ele
herda apenas dois terços do império, e sua mãe (novamente), fica com um terço e
ainda o título de Augusta.
As
responsabilidades de Imperador é um fardo insuportável. Falta-lhe algo que é
fundamental no exercício da liderança, conhecer as pessoas. Torna-se
perigosamente aberto a todos que manifestem uma intenção de ajudá-lo e isto lhe
será fatal. Surge a figura sinistra de Sejano. Como prefeito da guarda pretoriana, responsável
direto pela segurança dos Comandantes e do próprio Imperador.
Sejano
se aproveita da fragilidade de Tibério e começa sua ascensão (18 d.C.). Rompe o
acordo firmado com Simão Macabeu, que em 139 a.C. havia enviado uma legação a
Roma e conseguido assegurar um acordo de pacificação,[1] e
utilizando de artifícios investe pesado contra os judeus. Convence Tibério a
baixar decreto proibindo os cultos principalmente egípcios e judaicos; convoca
os jovens judeus para o serviço militar e os envia aos piores lugares do
império e finalmente consegue a expulsão dos judeus de Roma. Druso, único filho
de Tibério, percebe as intenções malignas de Sejano e por isso é envenenado.
Sejano
concentra as tropas da guarda pretoriana em Roma, constrói uma sede pretoriana
no monte Viminal e por volta do ano 23 d.C. assume indiretamente o controle da
cidade. Enquanto tudo está acontecendo, Tibério tem nova recaída e retira-se
para Campânia e depois para a ilha de Capri.
Neste
momento surge a figura de Pilatos,[2] da
linhagem dos Pôncios. Amigo de Sejano, cavaleiro, é nomeado para ser o quinto
procurador na Judéia,[3] em
meio a todas estas políticas anti-judaicas promovidas pelo prefeito da guarda
pretoriana.
Sejano
cai em 31 d.C., quando é denunciado por Antônia, cunhada do Imperador, por
armar um complô para matar Tibério e assumir o poder, conforme relato do
historiador Flavio Josefo:
“Sejano, amigo de seu falecido
marido e, na sua qualidade de chefe dos pretorianos, o homem mais influente
daquele tempo, promovera uma conjuração na qual tomavam parte muitos senadores
com seus libertos, e para o qual foi ganho também o exército. A conspiração já
havia conquistado amplos setores da sociedade e Sejano por pouco não teria
desfechado o golpe, se Antônia não o tivesse impedido, com decisão e sapiência.
Tão logo foi informada do complô, ela escreveu uma carta a Tibério, confiando-a
ao seu mais dedicado escravo, Palas, que a levou a Tibério, em Cápri. A seguir,
Tibério manda executar Sejano e todos os seus cúmplices”. (Antiguidades
Judaicas 18,6,6).
Apesar
disso Pilatos vai se equilibrando na sua função de Procurador e por dez anos permanece na Palestina. São
anos de terríveis perturbações. Ao menos uma reclamação contra o Procurador da
Judéia chegou às mãos do Imperador. Nesta os judeus reclamam de que Pilatos
houvera pendurado escudos votivos de ouro na cidadela de Herodes, em Jerusalém
e solicita que seja ordenado que os retire. Tibério repreende Pilatos e manda
retirar os escudos aconselhando que ele leve em consideração a índole própria
dos judeus.
Foi
no reinado deste Imperador tão volúvel e completamente inseguro que se deu a
pregação e as atividades de Jesus.
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan
Pereira
Mestre em
Ciências da Religião.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia
Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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[1] A legação retorna à Judéia com uma
carta de recomendação da parte do cônsul Lúcio: “Vieram a nós, na qualidade de
nossos amigos e aliados, os embaixadores dos judeus enviados por Simão, sumo
sacerdote e pela comunidade dos judeus, para renovar a antiga aliança e
amizade. Trouxeram um escudo de ouro de mil minas. Aprouve-nos, pois, escrever
aos reis e aos vários países, para que não lhes causeis nenhum dano e não
empunhem as armas nem contra eles nem contra suas cidades e suas terras, e para
que não se coliguem com quem acaso os guerreasse. Julgamos, pois, que faríamos
bem em aceitar o escudo que nos trouxeram”. (1 Macabeus 15.17-20).
[2] Pôncio Pilatos, também conhecido
simplesmente como Pilatos (em latim: Pontius Pilatus; em grego: Πόντιος Πιλᾶτος),
foi prefeito (praefectus) da província romana da Judéia entre os anos 26 e 36.
Foi o juiz que, de acordo com a Bíblia, após ter lavado as mãos, condenou Jesus
a morrer na cruz, apesar de não ter nele encontrado nenhuma culpa. Os
evangelhos citam que Pilatos era ferrenho inimigo de Herodes Antipas, mas
ficaram amigos após este ter recebido Cristo das mãos de Pilatos em face da
origem de Cristo ser a Galileia. Eusébio de Cesaréia, em sua História
Eclesiástica, afirma que Pilatos caiu em desgraça junto ao imperador Calígula e
cometeu suicídio por volta do ano 37 d.C.
[3] Relação de governadores romanos que
administraram a província da Judéia, como Prefeitos ou Procuradores, entre os
anos 6 e 66: Prefeitos: Copônio (6 - 9); Marcos Ambíbulo (9 - 12); Ânio Rufo
(12 - 15); Valério Grato (15 - 26); Pôncio Pilatos (26 - 36); Marcelo (36 -
37); Marulo (37 - 41); Procuradores: Cúspio Fado (44 - 46); Tibério Alexandre
(46 - 48); Ventídio Cumano (48 - 52); Marco Antônio Félix (52 - 60); Pórcio
Festo (60 - 62); Albino (62 - 64); Caio Géssio Floro (64 - 66). http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_governadores_da_Judéia
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