sábado, 26 de março de 2016

A ÚLTIMA ORAÇÃO DE JESUS

A oração foi sempre o meio pelo qual Jesus se relacionou e se harmonizou com a Vontade Perfeita do Pai. Logo após submeter-se ao batismo por João, no rio Jordão, Ele vai para o deserto e ali passa quarenta dias orando; durante os quase três anos de Ministério vamos encontra-lo orando; nas últimas horas que antecedem sua Morte, Jesus aproveita para orar; e ainda que uma das suas orações mais conhecida seja a aquela feita no Getsemani, esta não foi sua última oração ... a última vez em que Jesus ora ... foi na Cruz:
Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Costumamos orar em templos, em quartos, jardins ou em lugares mais tranquilos, mas a última oração de Jesus foi numa Cruz; as pessoas amaldiçoam na cruz, elas gritam na cruz, as pessoas se revoltam na cruz ... mas Jesus escolhe orar na cruz!
Ali pregado na cruz, Jesus não ora por Si mesmo. As dores eram insuportáveis; o deboche e frieza dos soldados revelavam toda insensibilidade humana para com o sofrimento do outro; e certamente o abandono por parte de seus discípulos dilacerava ainda mais o coração de Jesus. Mas apesar de tudo isso, Ele encontra força e disposição para orar em favor de todos eles e não por Si mesmo!
O tempo verbal utilizado pelo evangelista Lucas traz a ideia de uma ação continua ou repetida, o que significa que Jesus faz está oração várias vezes, durante as horas que permaneceu ali pregado na cruz. Ele não orou apenas uma ou duas vezes, mas repetidamente ele ora: “Pai, perdoa-lhes ... Pai, perdoa-lhes ... Pai, perdoa-lhes ...”; até que sua garganta e sua boca secaram e as palavras não mais podiam ser pronunciadas.
Jesus orou por aqueles que o abandonaram, ainda que os tenha amado até o fim; orou por aqueles que o prenderam e condenaram, mesmo sabendo que ele era inocente; orou por aqueles que o chicotearam, humilharam e o pregaram naquela cruz; Jesus escolheu orar por todos eles e não por si mesmo.
E o que Jesus ora, o que Ele realmente está pedindo ao Pai? Para compreendermos o real sentindo da oração de Jesus é preciso distinguir qual a palavra que ele utiliza para “perdoar”. Há duas palavras gregas usadas no NT para expressar perdão. Uma traz a ideia bem conhecida de “esquecer, apagar” o que significa que quando Deus perdoa nossos pecados Ele apaga ou não mais se lembra do pecado perdoado. Mas a palavra utilizada aqui no texto de Lucas é uma que encontramos em outros dois textos de Mateus; no primeiro texto alguns pais desejam trazer seus filhos pequenos para serem abençoados por Jesus e os discípulos estão impedindo que elas se aproximem então Jesus percebendo diz: “Deixai as crianças virem, não as impeçais”, a palavra “deixar” é a mesma palavra usada por Jesus “perdoa-lhes” (19.14). No segundo texto temos a cena na cruz onde um soldado molha a esponja no vinagre e tenta oferecer a Jesus ali pregado, para aliviar sua agonia, mas os demais soldados começam a dizer: “deixe-o (não interfira) sozinho, vamos ver se Elias vem salvá-lo” (27.28-29).
Somando o sentido destas duas referências com a de Lc temos o real sentido da oração de Jesus na cruz: “Pai, não os impeçam de que venham a mim”. Pai dê aos soldados romanos que me pregaram uma chance de se arrependerem; Pai dê à multidão furiosa a chance de se conciliarem contigo; Pai dê a todo pecador a oportunidade de ser redimidos; Pai, estou pagando o preço, desvie a sua ira deles e dê-lhes a chance de se arrependerem e serem perdoados de seus pecados”.
O apostolo Pedro, alguns anos depois, escrevendo sua segunda carta reafirma esta oração de Jesus: “Ele (Deus) é longânimo para convosco, não querendo que ninguém pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3.9).
Deus tem alongado sua paciência e tem retido seu juízo, atendendo a oração de Seu Filho no calvário.
Por mais de dois mil anos as pessoas estão sendo convidadas para se arrependerem e crerem em Jesus para que seus pecados sejam perdoados e elas sejam salvas. Talvez tenhamos mais dois mil anos, talvez não.
Hoje o perdão e a salvação estão sendo oferecidos, mas até quando? A bíblia não diz!

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

Artigos Relacionados
Jesus DEBATENDO COM OS FARISEUS NA ÚLTIMA SEMANA
A ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS EM JERUSALÉM
DIVERSOS ARTIGOS SOBRE A PÁSCOA
DIVERSOS ARTIGOS NO EVANGELHO JOÃO


Um comentário: