O ministério de Isaías ocorreu em um momento crítico na
história de Judá. O poder assírio estava aumentando e, à luz desse fato, dois
grupos apareceram dentro da nação – havia os que buscavam aliança com o Egito e
outros com a Síria. O profeta, no entanto, proibiu as alianças humanas e instou
a nação a confiar em Deus (Young, 211).
A obra de Isaías como profeta começou no ano em que o rei
Uzias de Judá morreu, 739 aC (6.1). Quando já estava exercendo seu ministério
ele tem a visão de uma teofania de Deus em Seu trono (Is 6), deixando claro ao
jovem e preocupado profeta de que a História de seu povo estava sendo conduzida
pelo próprio Deus. Seu ministério perpassa diversos reinados de Judá: Uzias,
Jotão, Acaz e Ezequias (1.1). Tudo indica que Isaías sobreviveu ao rei
Ezequias, que morreu em 686 aC, pois registrou a morte do rei Senaqueribe da
Assíria (37.37-38), que foi assassinado por dois de seus próprios filhos em 681
aC. Deste modo, seu ministério profético público aparentemente durou 53 anos
(739 aC - 686 aC) e podendo ter vivido vários anos a mais.
A Invasão Assíria (capítulos 1 – 39)
Na primeira parte de suas mensagens o foco está no grande
e terrível império da Assíria. Vindos do nordeste conquistavam reinos por
reinos com inimagináveis requintes de crueldades – por onde passavam deixavam
apenas destruição e morte, os sobreviventes eram transplantados para outros
lugares e outros povos eram trazidos para ocuparem o lugar deles. Conquistaram
todo o Oriente Médio e marcharam em direção ao Reino do Norte (Israel), cuja
capital era Samaria, que não pode conter a invasão e caiu definitivamente (722-721
a.C.) com todas as consequências de destruição e deportação populacional (2Rs 17.6; 18.9-12); aqui nasce o problema de
convivência dos samaritanos com os judeus que perdurara até os dias de Jesus,
pois os israelitas samaritanos remanescentes acabaram se casando com os
estrangeiros que foram transplantados. O Reino do Norte jamais foi restaurado.
O próximo da lista seria o reino vizinho Judá e sua
capital Jerusalém, mas acatando as orientações do profeta Isaías o rei Ezequias
e a população de Jerusalém foi poupada, pois Deus afastou o cerco do rei
assírio Senaqueribe (705-661 aC). Diferentemente de Amós (755 aC) e Oseias
(750-725 aC) que foram ignorados pelos moradores do Norte (Israel); Isaias e
seu contemporâneo Miquéias tiveram suas mensagens ouvidas. Enquanto Isaías
atuava na capital e no pálacio, Miqueias proclamava sua mensagem nas aldeias e
no campo.
A Invasão Babilônica (capítulos 40 – 66)
Com a libertação de Judá do rei Senaqueribe (caps.
36-37), Isaías tem seus olhos dirigidos por Deus para a futura ameaça da
Babilônia (cap. 39) e um futuro dia de glória para o povo de Deus sob o reinado
do Messias (Cristo).
Nabucodonosor,
por volta de 605-562, estabeleceu a supremacia do território babilônico após a
destruição final do exército assírio em 609, e a derrota dos egípcios em Carquemis
no Eufrates em 605. Após suceder seu pai como rei ele retomou a Síria-Fenícia e
levou os egípcios lentamente para o sul em uma série de campanhas 603-602, mas apesar
de todos os seus esforços e poder bélico não teve sucesso em sua tentativa de
invadir o Egito em 601.
Assistindo o fracasso de Nabucodonosor em invadir o
Egito, o rei Jeoaquim resolveu se envolver em uma trama internacional para
romper o jugo que lhe fora imposto pela Babilônia em que por três anos lhes
paga altos tributos. Como Nabucodonosor não podia disciplinar pessoalmente a insubordinação
de Jeoaquim mobiliza os povos leais a ele, sírios, moabitas, amonitas que
passaram a promover um cerco à capital judaica Jerusalém. Mas em 598-597 os
babilônios chegam ao cerco de Jerusalém que já não tinham forças para resistir.[1] O rei Jeoaquim havia morrido
três meses antes da rendição da cidade sob o seu filho e sucessor Joaquim que
foi devidamente levado para a Babilônia (2Rs 24).[2]
Nesta primeira, de outras, deportações foi levada a família real e toda a corte
(provavelmente Daniel e seus amigos) e cerca de dez mil dos guerreiros,
artífices e artesãos que foram estabelecidos na Babilônia (2Rs 24.8-16; 2Cr 36.9-10).
O historiador bíblico nos informa que permaneceram “os mais pobres da terra” (2Rs
24.14).
Nabucodonosor tinha uma política de preservar as
instituições nacionais sob a direção de nobres locais, por esta razão levou
consigo o rei Jeoaquim e colocou no trono o seu tio Zedequias, na esperança de
que este levasse a sério os interesses de Babilónia. Mas o novo rei incorreu no
mesmo erro de seu predecessor e após dez anos (587-586) os exércitos
babilônicos retornam à Jerusalém e desta vez a cidade vai sofrer danos
irreparáveis: os muros foram derrubados, o templo foi saqueado e queimado, a
cidade foi destruída (2Rs 25.1-21) e uma nova deportação em larga escala foi
efetuada (2Rs 25.11-12), deixando para trás apenas os trabalhadores do campo.
Há algumas questões relacionadas ao numero exato dos deportados, mas nada que
não possa ser harmonizado ou explicado (2Rs 24.14,16 comparar com Jr 52.28-30).
É preciso lembrar que não houve um senso especifico para controlar o numero
exato dos deportados, bem como o fato de que as mulheres e crianças normalmente
não eram contadas para efeito de estatísticas oficiais. O historiador W. F.
Albright observa que as discrepâncias entre Reis e Jeremias "pode ser em parte devido à pesada
mortalidade dos cativos famintos e doentes durante a longa jornada até a
Babilônia".
A situação de Jerusalém-Judá após a derradeira invasão
babilônica (587-586) era calamitosa, digna das Lamentações de Jeremias: a
cidade estava destruída, suas preciosas muralhas estavam derrubadas, o amado
(idolatrado) Templo foi arrasado sem perspectiva de reconstrução; as classes
superiores e influentes tinham sido deportadas juntamente com um considerável
número de artesãos que, com suas habilidades, poderiam de outra maneira
fornecer os meios de revolta; as cidades de Judá foram em grande parte
destruídas, um mar de refugiados tentou escapar à carnificina babilónica, mas uma
parcela da população camponesa parece ter permanecido e recebido permissão para
manterem a terra produtiva.
A destruição da cidade foi tão violenta que as escavações
arqueológicas não têm encontrado nenhum elemento que datasse do período do
exílio. As fortificações em terraços a oriente da cidade e a espessa muralha
que rodava a parte oeste foram derribadas e nunca mais foram reconstruídas.
Jerusalém tinha-se tornado o que os profetas tantas vezes alertaram: uma ruína
que todos os viajantes evitavam, e onde a avestruz e o chacal tinham a sua
morada; um lugar desolado e horrível, comparado com a sua glória passada.
Mas há uma diferença nas politicas assírias e
babilônicas: os assírios extraiam populações inteiras de uma região dominada e
transplantava outros povos para habitarem naquela região com o intuito de
quebrar qualquer espírito nacionalista; os babilônicos também utilizavam a
pratica da deportação de povos conquistados, mas não traziam outras etnias para
ocuparem aquele novo território. No caso especifico de Jerusalém-Judá passou a
fazer parte de uma província sob a administração do governador de Samaria (cf.
nos dias de Esdras e Neemias). A fonte bíblica que retrata os acontecimentos
pós-destruição de Jerusalém até o retorno após o edito de Ciro podem ser encontradas
nas narrativas de Crônicas, bem como em Esdras e Neemias.
Ciro o Libertador
Quando Ciro, sem derramar uma gota
de sangue, entra pelos portões da Babilônia aclamado como o novo soberano do
império Medo-Persa, em outubro de 539, os judeus estavam em cativeiro a pelo
menos cinquenta anos. Assim como ocorrera no deserto onde a velha geração
morreu e uma nova geração assume e toma posse da terra de Canaã, agora se
repete, e uma nova geração emerge do cativeiro babilônico. Essa nova geração
nunca estivera em Jerusalém e nem vira seu Templo. Os judeus refizeram suas
vidas na Babilônia, pois não tinham qualquer tipo de perseguição ou restrição: podiam
praticar livremente sua religião (orações, reuniões, leitura da Torá,
circuncisão)[3] e apesar de não terem mais o
templo e sua liturgia e sistema de sacrifícios – mas apesar de tudo, ainda
estavam cativos e as perspectivas eram cada vez mais limitadas – surge então a
figura de Ciro.
Poucos líderes podem ser comparados
a Ciro da Pérsia (559-530). Uma vez estabelecido seu governo na Pérsia (sul do
Irã) ele parte para conquistar os Medos ao norte, tomando sua capital Ecbatana
no alto da cordilheira Zagros. Agora rei dos Medo-Persa volta-se para o oeste
em uma sequencia de vitórias e conquistas: Armênia, Capadócia e Cilícia (atual
Turquia). Em 547 conquista Sardis, a capital do reino de Lídia. Continua sua
escala de conquistas bélicas a leste, conquista o restante do Irã e alcança o
sudoeste da Índia. Durante este tempo a concorrente Babilônia esta em processo
de decadência e convulsões internas.
O profeta Isaías olhando para o
futuro de seu povo, contempla seu Deus como o Senhor da História – não apenas
dos judeus – mas sobre todas as nações e impérios. Ele antevê as ações de Ciro,
cujas vitórias e politicas, serão os meios pelos quais o Senhor haverá de
resgatar os cativos e trazê-los de volta para Jerusalém-Judá. No teatro da
História Mundial, o retorno de um grupo de exilados judeus para sua antiga
terra, era um evento quase insignificante, que no máximo receberia um pequeno
anuncia de rodapé das páginas de política internacional dos grandes jornais.
Mas para o profeta Isaías e seu povo era um dos mais extraordinários atos de
Deus em favor deles. E com imagens impressionantes ele vai tecendo seu texto
profético-poético descrevendo como Deus haveria de conduzir todos aqueles
eventos futuros, como prova contunde de Sua soberania, mas também como
testemunho de Sua fidelidade e amor gracioso para com seu povo eleito – a
menina de Seus olhos – a quem determinou salvar por causa de Seu nome.
Um ou Dois (Três) Isaías?
Até o período do Iluminismo
no século XVIII, não houve qualquer questionamento de que os sessenta e
seis capítulos do livro bíblico era composição de um único profeta Isaías, que
exerceu seu ministério nas décadas do século VIII (a.C.). Mas em 1775, J. C. Dõderlein, em seu
comentário do livro de Isaías desloca os capítulos 40-66 para dentro do período
do exílio no sexto século. Rapidamente suas conclusões foram aceitas pelos
estudiosos da crítica textual como um resultado estabelecido da erudição
crítica, de modo que, em 1889, Franz Delitzsch, um comentarista conservador
escreve na quarta edição de seu comentário que estes capítulos devem ser
considerados como um produto do período exílico.
Mas coube a Bernhard
Duhm em seu comentário em 1892
(do qual houve quatro edições, a última em 1922) que o autor destes capítulos ficou
conhecido como Segundo Isaías e que
determinaram a abordagem acadêmica de Isaías, especialmente os capítulos 40-66,
até os dias atuais. Para ele deve se estabelecer a data e a fonte das peças
individuais que compõem o livro de Isaías, em harmonia com suas narrativas
literárias internas em completo detrimento do testemunho histórico, e que para
sustentar que o autor dos capítulos 40-66 era um e o mesmo Isaías do século
VIII, seria preciso adotar uma mentalidade bastante acrítica. Para Duhm a
segunda parte do livro 40-55, teria sido pregada e composto por volta de 540. Ele
vai mais longe e defende que o chamado “Cânticos do Servo” (42.1-4; 49.1-6; 50.4-9;
52.13-53.12) são exceções e que na verdade são composições pós-exílio e foram
inseridos no texto em uma data posterior. Alguns críticos chegaram a designar
Isaías como uma biblioteca de livros proféticos compilada por vários autores ao
longo de vários séculos.
As propostas de Duhm e seus colegas acabam por retalhar
por completo o texto bíblico de Isaías, de maneira que pouco ou quase nada
sobra de profético no livro. Para eles Isaías é apenas um jornal que registra
os acontecimentos que estão ou já aconteceram, mas não eventos que ainda
haverão de ocorrem. Para a mentalidade iluminista e racionalista imperada a
partir do século XVIII (d.C.) é algo completamente lógico e natural. Com raras
exceções os defensores das propostas da multiplica autoria compartilham de um
viés anti-sobrenatural, de maneira que tais propostas minimizam a
característica peculiar de profecia encontrada neste livro. Quanto ao valor
intrínseco das predições contidas nos livros proféticos Walter C. Kaiser
escreve: “Tão importante é predizer para
a própria natureza da Bíblia que se estima que ela envolva aproximadamente 27%
da Bíblia. Deus certamente é o Senhor do futuro” (1995, p. 235).
Para a maioria dos críticos que defendem a múltipla
autoria o livro pode ser assim divido: os capítulos
1-39, chamados Proto-Isaías (Primeiro Isaías), o profeta do século VIII
(a.C.); os capítulos 40-55, chamados
Deutero-Isaías (Segundo Isaías), são atribuídos a um profeta tardio ou
profético pós-exílio da tradição e/ou escola de Isaías que vivia na Babilônia,
Egito, Fenícia e até a Judéia; os capítulos
56-66, chamados de Trito-Isaías (Terceiro Isaías), foram atribuídos a um
profeta pós-exílio que viveu cem anos depois do “Deutero-Isaías”, e fez parte
dos repatriados da época de Esdras e Neemias.
Mas para infelicidade deles e de tantos outros
atualmente, existem argumentos muito bem embasados e coerentes que demonstram
claramente a unicidade do livro de Isaías. Abaixo coloco uma síntese desta
argumentação, de maneira que não há razão para duvidarmos que o Espírito Santo
tenha capacitado o profeta a registrar em detalhes eventos que haveriam de acontecer,
uma vez que cada um e todos estes acontecimentos estão intimamente relacionados
ao futuro do povo da Aliança e do projeto redentor de Deus para todos os povos.
1. O cabeçalho do livro e pelo menos
treze outros lugares dentro do livro reivindicam Isaías (sec. VIII) como o
pregador / escritor destas mensagens.
2.
Unanimemente a tradição judaico-cristã tem atribuído este livro a um único
Isaías do século VIII a.C.
3. A Septuaginta, primeira versão em
grego dos escritos bíblicos judaicos, traduzida por volta de 250 a.C. não fez
qualquer distinção entre as duas metades do livro ou supôs qualquer outra opção
de autoria para o livro.
4.
Ben Sirach em sua obra Eclesiástico, escrito por volta de 280 a.C., faz
referência a Isaías: “Ele (isto é,
Isaías) confortou aqueles que lamentavam em Sião. Ele mostrou as coisas que
aconteceriam até o fim do tempo, e :as coisas ocultas que porventura viessem”.
E ele não faz qualquer menção a qualquer “profeta do exílio”, o alegado
“segundo Isaías”, que teria escrito nos tempos do cativeiro, mas por outro lado
ele se refere ao profeta que viveu no século VIII a.C.
5. Os dois manuscritos completos de
Isaías encontrados entre os Pergaminhos do Mar Morto não indicam qualquer pausa
no final do capítulo 39. Esses manuscritos datam de cerca de um século e meio
antes de Cristo.
6.
O grande historiador judeu Josefo atribui a profecia de Ciro em 44.28 e 45.1 -
a profecia mais controversa do livro - a Isaías, filho de Amoz.
7. Jesus, em João 12.38,40, cita Is 53.1
e 6.10 e atribui sem quaisquer distinções ambas a Isaías.
8.
Nas literaturas neotestamentárias há diversas citações do texto profético e
todas são atribuídas unicamente a Isaias. 4. As passagens de Isaías 40-66 são
atribuídas a Isaías em Mateus 3.3; 8.17; 12.17; Lucas 3.4; 4.17; João 1.23;
Atos 8.28; assim como Paulo em sua epístola aos Romanos 10.16-20.
O
comentarista bíblico A. J. Young destaca a relevâncias das citações dos
escritores neotestamentário da mensagem de Isaías: “A natureza dessas citações e a maneira pela qual a linguagem de Isaías
aparece no Novo Testamento, deixa claro que o livro inteiro estava na presença
dos escritores inspirados do Novo Testamento, e que eles reputavam-no como obra
do profeta Isaías. Para todo crente Cristão, esse testemunho do Novo Testamento
deve ser decisivo” (2012, 178).
9. O estilo literário da segunda metade
de Isaías é tão semelhante ao primeiro que até os críticos admitem que o
chamado "Deutero-Isaías" deve ter sido obra de um discípulo de Isaías
que tentou imitar seu mestre. Vinte e cinco termos são encontrados em ambas as
seções de Isaías que não são encontrados nas demais literaturas
veterotestamentária (NIV, Introdução a Isaías, p. 1014).
10.
Um arco de ideias e conceitos aparece ao longo de todo o livro perfazendo uma
unidade literária: a expressão “o Santo
de Israel” como designação de Deus, arremete à experiência que o profeta
Isaías teve ao adentrar no templo e que permeou todo seu ministério e mensagem,
ocorre 13 vezes nos capítulos 1-39 e 14 vezes nos capítulos 40-66 e apenas seis
vezes em todas as demais literaturas veterotestamentária.
11. Muitas das passagens encontradas no
denominado “Deutero-Isaías” são totalmente inadequados para o período do exílio
de Judá, onde são colocados pelos críticos, mas totalmente apropriado aos dias
de Isaías, filho de Amoz.
12.
É possível ver uma estrutura paralela entre os capítulos 1-33 e 34-66. Esta
estrutura dupla baseado no próprio tempo do autor e depois no futuro, era comum
nos profetas israelitas (cf. Ezequiel, Daniel e Zacarias).
13. O autor dos capítulos 40-66 não
demonstra familiaridade com a terra ou com a religião da Babilônia, tal como
deveríamos esperar de alguém que tivesse habitado entre os exilado. Por outro
lado, ele fala sobre Jerusalém e as montanhas da Palestina, e menciona algumas
das árvores nativas da Palestina, como, por exemplo, os cedros, ciprestes,
carvalhos (44.14; 41.19).
14.
Não há qualquer menção histórica de um grande profeta (Deutero-Isaías) no
século VI o que seria surpreendente, visto que os críticos que defendem a
diversidade de autoria enaltassem a segunda parte do livro como sendo uma obra
prima da literatura veterotestamentária. Mas todas as referências históricas
judaicas se referem apenas ao profeta que viveu e morreu no século VIII.
A polêmica e polarização desta
questão literária do livro de Isaías continuaram aquecendo os grandes centros
acadêmicos e produzindo inumeráveis páginas dos comentaristas bíblicos.
A posição deste articulista é que um
único profeta Isaías proclamou sua mensagem com intrepidez no século VIII
(a.C.) e que ela transpassa o tempo espaço ao contemplar os dias futuros em que
após o longo e terrível cativeiro babilônico seu povo retornaria para sua amada
Jerusalém e retomariam seus cultos no Templo reconstruído. Para o profeta
Isaías o mesmo Deus que disciplinou seu povo com o cativeiro é o mesmo Deus que
haverá de trazê-los de volta e o mesmo Deus que haverá de prover não apenas
para a nação judaica, mas para todos os povos, um Redentor, que após sofrer
como nenhum outro sofreu vencerá a morte e implantara um Reino Eterno.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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E. J. Introdução ao Antigo Testamento.
2012.
[1]
Habitualmente, os exércitos que subiam contra Judá atacavam primeiro as cidades
e aldeias dos arredores antes de atacarem a verdadeira fortaleza que era
Jerusalém. Algumas nunca mais foram reconstruídas, enquanto que outras ainda
foram habitadas até ao último ataque babilónico e à sua destruição total em 586
a.C.
[2]
Em Babilónia foi encontrada uma lista de distribuição de víveres na qual figura
o nome de Jeoaquim, o rei de Judá deportado em Babilónia.
[3]
Muitos estudiosos defendem que a Sinagoga surge neste período de cativeiro e se
espalha da Babilônia para todos os demais países onde havia famílias de judeus.
Posteriormente foram levadas também para a Palestina judaica e se fortaleceu ao
longo dos anos até os dias de Jesus.
Muito bom esse artigo!
ResponderExcluirDificil encontrar conteudos desse jeito no google
Maravilhoso e esclarecedor! Muitíssimo grato (Pr. Marcos Cardoso de Campinas-SP).
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