sábado, 8 de setembro de 2018

O Cristão no Seu Tempo (Reflexão)

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            Ser cristão não implica em que vivamos escondidos nas cavernas do passado e alienados das realidades presente. Todavia no Evangelho há valores que são permanentes e imutáveis e que devem fazer parte inerente da vida e do caráter de um cristão seja em qual momento histórico ou tipo de sociedade que ele vive.
Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo que é gracioso, se existe alguma excelência, se há algo digno de louvor, pense neles. (Fp 4.8).
Quem em sã consciência pode argumentar com as virtudes explicitadas por Paulo: honestidade, justiça, pureza, amabilidade, graça? Todavia, quando olhamos ao nosso derredor raramente encontramos a manifestação destas perolas preciosas.
Na verdade concordamos com Paulo em grau, gênero e numero e somente uma pessoa extremamente perversa discordaria dele. Mas temos uma grande diferença com Paulo no que tange ao centro de valores – ele pensava em termos transcendentais e escatológicos, enquanto nós vivemos completamente absorvidos pelas realidades existenciais presentes.
            Nosso cristianismo evangelical vê a realidade como aqui e agora e Deus tornou-se apenas uma referência ou nota de rodapé da nossa existência. Nos esforçamos em sermos virtuosos o suficiente para abrirmos caminho para o Reino – se é que existe um – mas isso não implica de forma algum em abrirmos mãos dos prazeres da vida.
            Temos nos esforçado muito para contornarmos o evangelho pascal. De uma forma esquizofrênica endossamos que uma vida hedonista e acercada de conforto são valores cristãos e nos tornamos escravos voluntários do consumismo materialista prevalecentes na sociedade atual.
            Construímos nossa realidade em valores como boas roupas, uma casa confortável (ou duas quem sabe), uma carreira profissional promissora, boa comida, carro (ou carros), TV de plasma (de preferência a maior), onde declarações de Jesus tais como: “Bem-aventurados os pobres”, ficam completamente desajustadas e desconfortáveis.
            Atualmente em nosso meio a pobreza tornou-se uma versão secular do inferno. Em nome de Cristo lutamos com muito esforço para eliminarmos a pobreza, que Jesus abençoou, da nossa vida. Nosso amor ao próximo se manifesta em ações materiais na expectativa de que a pobreza deles não mais nos incomode e não nos leve a questionar nossos valores e nossa fé.
            Ajustando as palavras do apóstolo Paulo (afinal ele viveu em outra época) ficaria assim: “Tudo que é realista, tudo que é aceitável (mesmo que reflita o ensino bíblico); tudo que seja experientes, tudo que seja funcional, tudo que seja adaptável, se há algum custo-benefício, seja isso a ocupar nosso coração e seja louvado por nós”.
            Um observador neutro, vendo nosso estilo de vida, concluirá sem muito esforço que a nossa práxis e a nossa teologia são incompatíveis e até mesmo antagônicas – sejam liberais ou conservadoras.
            É coerente a afirmação que Jesus foi um “filho de sua época”, condicionados pela realidade de sua época. Entretanto, havia nele algo que transcendia a realidade presente, em que os valores espirituais e eternos ofuscavam a materialidade temporal. Em Cristo novas possibilidades são reveladas e nossos valores são reformulados recebendo validações legítimas.
            Jesus Cristo jamais foi um ideal abstrato; ele é a verdade em ação. O cristianismo é fundamentado não somente no ensino, mas também na práxis de Jesus de Nazaré, morador da região da Galileia, carpinteiro por profissão. Ele tirou a cruz de sua maldição e a revestiu de honra. No Calvário temos a conciliação da justiça e da graça.
            O Justo viveu acercado da escória da sociedade de seus dias; o Puro conviveu pacificamente com os publicanos e pecadores, que encontravam nele a manifestação do genuíno amor de Deus. Aquele em que não havia beleza alguma, para que fosse desejado (Is 53.2), encantava a todos que dele se aproximavam e conviviam. Para ele a vida humana era preciosa demais e nenhuma delas deveria ser excluída ou alienada.
            Aquele que é todo honrado, gracioso, justo, puro e bom é o único “digno de louvor”. Mesmo aqueles que ainda não chegaram a confiar nele e amá-lo, ouvirão o clamor da cruz, a verdade daquilo em que ainda não podem crer.

Cristo dos pobres
dos pequeninos
dos angustiados,
dos libertinos,
das prostitutas
dos assaltantes,
dos cancerosos
e dos lixeiros,
dos perseguidos
dos prisioneiros
                        NÓS TE LOUVAMOS!
Cristo que sabe
qual o meu nome,
que me alimenta
se tenho fome,
que me levanta
se estou no chão
que me anistia
com seu perdão
que me sacode,
que me desperta,
 que me abençoa,
                                          que me liberta!
             NÓS TE LOUVAMOS
                  (Gióia Júnior – Louvação)


(Texto adaptado de Ronald Goetz.)
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

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