Até onde podemos ter conhecimento, Jesus jamais escreveu
um texto e nem mesmo deixou ordem para que os seus discípulos escrevessem. Sua
orientação e/ou ordem foram: "Por onde andares anunciais que
o Reino dos Céus está próximo" (Mt 10.7) e "Ide por todo o mundo e pregai o
Evangelho a toda criatura" (Mc 16.15).
A este anuncio e/ou pregação dos discípulos recebeu o
nome de kerigma. É uma palavra grega que significa
"aquilo que se anuncia" e deriva do verbo kerýsso "anunciar".
Era muito comum naqueles dias, onde não havia todos estes
meios de comunicação que usufruímos hoje, que para informar ou comunicar algo relevante
ao maior número de pessoas o mais rápido possível, colocava-se pessoas em
lugares movimentados e com toda força de suas cordas vocais estas pessoas
anunciavam aquilo que lhes fora ordenado. Esta pessoa era "o pregador", pois o que ele fazia ao anunciar as
notícias em voz alta era "pregar"
e o conteúdo de sua "pregação"
era o kerigma.
Os evangelistas ao elaborarem seu material partem sempre
do kerigma. É possível reconhecer com clareza este núcleo central da
mensagem cristã:
"E, depois que João foi entregue à prisão, veio
Jesus para a Galiléia, pregando (kerigma) o evangelho do reino de Deus, e
dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos,
e crede no evangelho." (Mc 1.14-15)
"Por onde andardes anunciai (kerigma) que o Reino dos céus está próximo [...]" (Mt 10.7-8).
"Por onde andardes anunciai (kerigma) que o Reino dos céus está próximo [...]" (Mt 10.7-8).
"Porque primeiramente vos entreguei o que também
recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as
Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Cefas, e depois pelos
doze" (1 Co 15.3-5).
"[...] o qual foi entregue por nossos pecados e ressuscitado para a nossa justificação" (Rm 4.25).
"[...] o qual foi entregue por nossos pecados e ressuscitado para a nossa justificação" (Rm 4.25).
"[...] e aguardardes dos céus seu Filho que
Deus ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da
ira iminente" (1 Ts 1.9-10).
"E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, e em seu nome se pregasse (kerigma) o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém." (Lc 24.46-47)
"E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, e em seu nome se pregasse (kerigma) o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém." (Lc 24.46-47)
É facilmente perceptível que os primeiros cristãos proclamavam esta
preciosa mensagem da morte e ressurreição de
Cristo, que inaugura e pela quais os que vêm a crer tomam parte do Reino de
Deus. Jesus proclamava que o Reino
dos Céus estava próximo, e os primeiros cristãos anunciavam que na ressurreição
de Cristo o Reino já estava presente.
A Pregação Cristã
somente torna-se genuína quando ela
anuncia este kerigma.
Na mesma proporção com que a "igreja cristã" se afasta deste núcleo
central, "ela" agrega temas cada vez mais periféricos até chegar às
heresias absurdas e contraditórias.
Grande
parte do evangelicalismo brasileiro a muito abandonou a pregação do kerigma cristocêntrico,
optando por uma pregação antropológica[1] centrada
nos sintomas da problemática humana e não no cerne da causa desta problemática
- o pecado e suas terríveis e
eternas consequências.
Faz-se urgente, um retorno à pregação simples e eficaz do
Kerigma evangélico,
se realmente desejamos conduzir as pessoas ao arrependimento e fé em Cristo,
que é o único meio pelo qual importa que elas sejam salvas e venham a tomar
parte no Reino de Deus.
Kerigma
é
o cerne da pregação cristã, que contém o anúncio fundamental e distintivo do
Cristo morto e ressuscitado e o chamado ao arrependimento e ao batismo.
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre
em Ciências da Religião.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro
Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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Referências Bibliográficas
BETTENCORT,
Estevão. Para Entender os Evangelhos. Rio de Janeiro:
Livraria Agir Editora, 1960.
CARSON, D. A., MOO, Douglas
J. e MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo:
Vida Nova, 1997.
DOUGLAS, J. D. O
Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1995.
HALE, Broadus David. Introdução
ao estudo do Novo Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1983.
MIRANDA, 0. A., Estudos
Introdutórios dos Evangelhos Sinóticos, São Paulo: Cultura Cristã,
1989.
RUSSELL, N. C. ‑ 0
Novo Testamento Interpretado, ed. 5ª, v. 1. São Paulo: Milenium, 1985.
TENNEY, Merrill
C. O Novo Testamento – Sua Origem e Análise, 2 ed. São Paulo:
Edições Vida Nova, 1972.
[1] O evangelicalismo brasileiro atualmente
tem caído no terrível erro de transformar Jesus em um “milagreiro”, mas
com uma intenção ainda mais danosa do que naqueles primeiros
dias, pois a motivação atual é explorar a miséria e carência das multidões para
se construir impérios financeiros, o que os transporta aos terríveis dias da
Idade Média, denominada por alguns historiadores de Idade das Trevas. Inclusive
as chamadas Campanhas, Caravanas ou Cruzadas Evangelística objetiva popularizar
determinados líderes evangélicos para impulsionar a venda de seus multiformes
produtos pessoais e/ou denominacionais.
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