Nos
dias de Paulo haviam diversas correntes filosóficas que moldavam a maneira de
pensar das pessoas daqueles dias. Em Atos dezessete encontramos o apostolo
discursando no centro filosófico de Atenas e entre estes haviam epicureus e estoicos,
que eram duas das correntes mais influentes da época.
Quem
eram estes? Vejamos de maneira muito sucinta suas ideias acerca de Deus, do ser
humano e do mundo, para podermos compreender melhor a mensagem proclamada por
Paulo e seus companheiros.
O
estoicismo e o epicurismo eram filosofias que propunham libertas as pessoas de
suas preocupações quanto a vida.
O estoicismo, fundado por Zenão, era
materialista e panteísta. Eles criam que tudo estava ligado à matéria. A forma
mais elevada da matéria era a natureza divina e permeava todo o universo. Era
chamada de fogo, Zeus um deus. Criam que este “fogo” divino ou deus, gerou o
universo e um dia retomaria novamente o universo mediante um grande incêndio.
Este ciclo de criação e destruição (pelo fogo) se repete eternamente.
O estoicismo é, portanto, determinista. As
cousas são como são e não podem ser mudadas. Para encontrar a verdadeira
felicidade, eles criam que devia-se entender o curso da natureza mediante a
razão e simplesmente aceitar as cousas como são. Se mostravam insensíveis a
tudo.
Em contraste com esta forma de pensar
estoica, Paulo ensina que Deus é uma
pessoa e não parte do universo. Também ensinava que haveria um juízo vindouro,
e não uma destruição gigantesca que levaria a outro ciclo. O conceito de uma
história linear, com começo, meio e fim era algo completamente novo para o
pensamento da época do início do cristianismo.
Por
sua vez os epicureus (escola fundada
por um ateniense chamado Epicuro de Samos [341-270 a.C.] no ano 300 a.C., aproximadamente)
e se concentrava na felicidade do indivíduo,
ainda que tomassem uma direção totalmente distinta dos contemporâneos estoicos.
Eles criam que o caminho da felicidade era através da maximização do prazer, dando-se
mais destaque aos prazeres da mente do que aos prazeres físicos, pois para eles
mais importante é com quem se come do que o que se come. A paz se buscava através
de uma vida tranquila e contemplativa, entre uma comunidade de amigos. Demonstravam
pouco interesse por política e pela sociedade, bem como o casamento, Epicuro
era celibatário, e tinham como palavra de ordem "viva o agora".
Entretanto, apesar de defender a felicidade e/ou prazer como ponto central de
sua filosofia, paradoxalmente, Epicuro se referia à vida como “dom amargo”. Qualquer
semelhança com a Sociedade atual não é mera coincidência.
Os epicureus
eram materialistas, porém não eram
panteístas. Eles criam que o universo foi formado a partir de átomos que caíam
do espaço e que acidentalmente chocavam-se entre si, e com o tempo formaram as
estrelas, os planetas e a própria vida humana. Quando morremos, simplesmente
nos dissolvemos e tornamo-nos novamente átomos. Eles criam em deuses, porém
pensavam que eram como os seres humanos, mas de uma ordem mais elevada. Estes deuses
habitavam alguma parte do espaço, desfrutando uma vida de prazer e tranquilidade
e não tinham nada a ver com os seres humanos. Para eles os sacrifícios e
rituais tinham apenas propósitos estéticos, pois não criam que os seres humanos
devessem se preocupar com os deuses.
Por
fim, é preciso destacar a diferença entre o epicurismo e outra escola filosófica
o hedonismo. Embora o primeiro declare o prazer como o único valor intrínseco,
a sua defesa da ausência de dor como o maior prazer e a sua proposta da vida
simples tornam-no distinto; o hedonismo,
por sua vez, enfatiza os prazeres sexuais e incentiva a busca do prazer
intensamente, mesmo que implique em práticas masoquistas.
A
mensagem pregada por Paulo
contrariava esta forma de pensar dos epicureus. O apostolo ensinava que Deus se
relacionava com sua criação e nos criou com a capacidade de nos relacionarmos
com Ele. Um juízo futuro também se chocava com o pensamento deles.
Ainda
que durante seu ministério no mundo grego, Paulo às vezes se utilizava de
terminologias e conceitos filosóficos e até mesmo citava seus poetas, a
mensagem cristã era muito distinta
deles. Toda evangelização e missão deve se esforçar por fazer pontes entre a mensagem do evangelho e a
forma de pensar da pessoa ou etnia a que se propõe alcançar. Todavia, se faz necessário marcar com toda
clareza os pontos fundamentais e imutáveis do Evangelho. Se falharmos neste
ponto acabaremos descaracterizando a mensagem e perdendo completamente o foco.
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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