“Porque um menino nos nasceu, um
filho se nos deu; o governo está sobre
os seus ombros; e o seu nome será:
Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte,
Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”.
(Isaías 9.6)
Na época do Primeiro Testamento o nome de uma
pessoa estava relacionado com sua história (familiar) e com seu caráter. Em
alguns casos o nome do personagem é mudado por Deus, como por exemplo, Abrão
que passou a ser chamado de Abraão e depois seu neto Jacó que passou a ser
chamado de Israel. Em ambos esses casos a razão foi uma guinada na vida
(história) pessoal dessas pessoas e para ficar evidente para eles que era Deus
quem estava conduzindo os acontecimentos históricos Deus mesmo muda seus nomes para
expressassem essas mudanças.
Nessa série de artigos estamos estudando o Nome do
maior personagem das Escrituras inteira – o nome de Jesus. O profeta Isaías 700
anos antes do nascimento de Jesus utiliza-se de um menino que esta por nascer e
profeticamente projeta nessa criança de seus dias ou próximo de seus dias o
nascimento de um menino distinto de todos os outros bilhões que havia ou
haveriam de nascer nesse mundo – “e o seu nome será” – e em vez de apenas
declarar que o nome da criança seria Jesus o profeta opta por revelar algumas
das características do caráter e da história dessa criança – “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe
da Paz”. Desta forma o profeta expressa a plenitude do caráter salvífico do
reinado que será estabelecido através dessa criança, bem como é a expressão final
da verdade de que ele nascerá para estar conosco (Emanuel), não para nossa
destruição, mas para nossa redenção.
Uma das coisas lindas do natal é que ela nos força
a pensar nessa criança que ao nascer mudou radicalmente a História humana em
antes (a.C.) e depois (d.C.). Evidentemente que a grande maioria das pessoas rejeita
isso e outras tantas ignoram completamente esse fato. Mas o nascimento de Jesus
foi e continua sendo um fato Histórico no calendário humano. E o seu nome será – Deus Forte.
Sempre houve e continuara havendo aqueles que têm
dificuldade em crer na divindade de Jesus de maneira que não se deve estranhar
o fato de que muitos comentaristas descartam a expressão “Deus (El - אֵל)[1]
Poderoso (gibb'ôr – גִּבּויר)”
como
uma referência à deidade desse menino, substituindo pelo substantivo “herói” em
lugar do adjetivo “poderoso”. Mas não há qualquer razão
gramatical para que se faça tal mudança, pois em todas as demais referências
bíblicas em que aparece essa expressão hebraica sempre se refere a Deus e seu
poder (10.21; cf. também Dt 10.17; Jr 32.18). Isaías quando faz referência a Deus
(El) sempre o faz no sentido absoluto; nunca na forma hiperbólica ou metafórica.
Desta forma esse menino/rei terá sobre si o genuíno poder de Deus, poder tão
imenso que é capaz de vencer o mal em toda sua plenitude (um dos atributos do
Messias) – como de fato o fará na cruz do calvário quando suportará sobre si
todo o nosso pecado (53.2-10; 59.15-20; 63.1-9).
Para aqueles que insistem de que o profeta esta se
referindo exclusivamente a um menino/rei humano que haveria de governar apenas
e tão somente a nação de Israel/Judá[2] é preciso lembrar que o
profeta esta acercado de reis divinizados (Egito), portanto o profeta esta
ciente de que esse menino/rei é totalmente distinto destes e de quaisquer
outros reis terrenos – assim como o salmista já tinha se referido ao Rei/Messias
(Sl 45.6) como divino Isaías também endossa o fato de que essa criança é o Deus
poderoso e cujo reino se estenderá muito além das fronteiras Israel/Judá
alcançando o mundo inteiro. Muitas vezes, quando o profeta faz referência à vinda
do Messias, ele não faz distinção entre a primeira e segunda vinda de Jesus
Cristo, mas é como se o profeta visse apenas um único evento – ainda que para
nós hoje sejam dois eventos distintos. O profeta vê pelo prisma da onisciência
de Deus, enquanto nós apenas podemos ver o presente e o passado.
Esta foi a grande dificuldade dos judeus em
relação a Jesus como sendo o Messias. Eles esperavam apenas um Messias terreno
que haveria de livra-los do domínio romano e restaurasse a glória antiga de
Israel/Judá – eles não conseguiram discernir nada nas profecias messiânicas que
falassem de duas vindas. A literatura cristã haverá de perceber esta distinção
entre a primeira vinda e a segunda vinda. Para os cristãos Isaías 9.6-7 faz clara
referência às duas vindas do Messias. O menino que nasce é Jesus nascido de
Maria e assumindo a plenitude da nossa humanidade, sem a qual Ele não poderia
ser legitimamente nosso representante; mas quando o profeta se refere ao
reinado dessa criança somos arremessados para o futuro eminente quando Jesus
retornará em poder e glória para reinar para sempre com seu povo.
É preciso lembrar que o profeta Isaías está
falando ao povo de Israel/Judá de seus dias e não à Igreja que ainda virá a
existir. Os ouvintes primários de Isaías são os judeus e israelitas de sua
época até o nascimento de Jesus e nós cristãos somos os ouvintes secundários
dessa profecia. Para o apóstolo Paulo e demais cristãos do primeiro século não
havia dúvidas sobre quem era Jesus “declarado
ser o Filho de Deus com poder, segundo o Espírito de santidade, pela
ressurreição dos mortos” (Rm 1.4). Para os cristãos a primeira vinda se
cumpre na morte, ressurreição e ascensão de Jesus e agora aguardamos seu
retorno glorioso e definitivo. Os judeus até hoje aguardam a primeira vinda do
Messias e se recusam a reconhecer Jesus Cristo como o Messias que já veio e
voltará – está inclusive era a razão pelas quais os judeus queria apedrejar
Jesus "por blasfêmia porque, sendo
um homem, ele se fez Deus".
O natal também é oportuno para descansarmos nossa
fé e esperança em Jesus Cristo que é o “Deus Forte”. O contexto em que o
profeta Isaías pronuncia essas palavras referentes ao menino/rei é de total
desalento para os israelita/judeus, inimigos poderosos estão vindo sobre eles,
em breve o reino do Norte (Israel) cairá para não mais ser restaurado e não
muito tempo depois o reino do Sul (Judá) também será destruído, mas
posteriormente restaurado. Muita dor, sofrimento e morte o profeta e seus
contemporâneos haverão de experimentar em suas vidas. O que lhes pode trazer
esperança? Então o profeta irrompe com sua mensagem: “Um menino vos será dado e seu
nome é... Deus Forte”. Quando estivermos acercados por toda sorte de
males deste mundo; quando estivermos a sofrer a dor mais aguda; quando olharmos
ao nosso derredor e virmos apenas a miséria e o mal dominando (sombra da morte)
LEMBREMO-NOS desta precisa mensagem natalina de Isaías - “Um menino vos será dado e seu
nome é... Deus Forte”, Jesus governará o mundo com autoridade suprema,
pois todas as demais autoridades são derivadas Dele e serão submissas a Ele
(todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor). Ele
é o Deus forte, o Todo poderoso, o Eterno, o Leão da Tribo de Judá, Aquele que
abrirá o Livro da Vida e que julgará os vivos e os mortos – esse é o nosso
Jesus Cristo – esse é o significado do Natal bíblico!
Muito mais do que um bebê na manjedoura
O natal cristão bíblico celebra
Aquele que era e que é e que há de vir
Jesus
Cristo
O Deus Forte
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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aos Hebreus: O Prólogo – A Glória do Filho (1.3-4)
[1] É significativo que Isaías não
utiliza “Elohim” para “Deus”, que
pode ser usada em um sentido inferior para aqueles que são representantes de
Deus, como em (Exo_7: 1; Êx 22:28, 1Sa 28: 13), mas “El” que refere-se exclusivamente para a pessoa do próprio Deus.
[2] Tal linguagem fala de um rei ideal,
até mesmo de um governante Divino, e somente em um grau muito baixo encontrou
seu cumprimento em Ezequias ou em qualquer rei judeu. (B. Blake, B. D.).
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