O apóstolo
Mateus é também conhecido como Levi, filho de Alfeu.
Embora pouco se diga sobre este homem, o pouco que se fala são significativas.
Mateus em grego é Matthaios e vem do nome
em hebraico Matatias, ou MattithYah, "Presente
de Yahweh"; o outro nome de Mateus é Levi, que em
hebraico significa "Unido" (Gênesis 29:34).
Se
refletirmos sobre estes nomes - e os nomes são quase sempre significativos na
Palavra de Deus - algumas associações interessantes surgem para nós. A função dos
levitas em Israel era a de conectar ou unir
o povo a Deus, pois eles eram os sacerdotes e diáconos da nação, os mediadores
entre Deus e o povo.
Os
levitas recebiam o dízimo do povo (Números 18), e Levi era um coletor de
impostos para o Império Romano. Ele deixou seu serviço para seguir Jesus e
tornar-se um pescador (coletor) de homens. Dízimos e os impostos representam as
pessoas, Mateus iria recolher as próprias pessoas e não apenas impostos ou
dízimos.
Além
disso, os levitas eram os professores de
Israel. A eles foi atribuída a tarefa de ensinar a Palavra ao
povo nas sinagogas locais e cidades levíticas, assim como no santuário central
(Templo). É uma coincidência, então, que a Levi escreve um
evangelho, que é um Evangelho "mosaico" cheio de sermões?
Mateus significa "dom [presente] de Yahweh".
Os levitas eram consagrados (dados/oferecidos) ao nascerem ao Senhor, como Seus
servos, mas o Senhor lhes dava de volta a Israel, como professores e servidores do
povo.
Finalmente,
é interessante que em todos os três primeiros evangelhos, vemos que Mateus o
Levita dá uma festa em sua casa (Mt 9, Mc 2; Lc 5). Os fariseus se
queixam de que Jesus come e bebe com os coletores e desterrados. Observe que
esse é um argumento sobre o uso dos alimentos, que era supervisionada
pelo levita e sacerdote. No entanto, na
Lei, não há proibição de comer com qualquer grupo de pessoas,
apenas certas carnes são proibidos. Mateus o Levita, em sua festa,
mostra o que uma verdadeira observação e/ou obediência das leis dietéticas
implica.
Além
disso, Jesus diz que Ele não veio para curar os sãos, mas os doentes, e para
salvar os pecadores. Isso era a tarefa dos Levitas o tempo todo. Os escribas e
fariseus, que eram os herdeiros dos levitas originais, não estavam fazendo seu
trabalho. Mas Jesus e Seus novos Levitas o faziam em tempo integral.
Mateus o Cronista
Diversos
comentaristas salientam que Mateus segue a genealogia contida no livro de Crônicas para a
primeira seção da genealogia de Jesus. Isso é incomum, dizem, uma
vez que Crônicas não era amplamente utilizado nos primeiros escritos
cristãos. Mas é uma indicação de que Mateus faz uso do modelo de
Crônicas em todo o seu evangelho - ele começa com uma genealogia que
corresponda 1ª Crônicas, e termina com uma Grande Comissão que lembra o decreto
de Ciro, no final de 2ª Crônicas.
Mateus e Herodes
Cada
vez que o nome de "Herodes"
aparece no evangelho de Mateus, inocentes morrem. Herodes o Grande é um
personagem proeminente no capítulo 2, e o nome não aparece novamente até
capítulo 14, onde Herodes Antipas se compromete a dar a cabeça de João Batista
à Herodias. Herodes não parece nas narrativas do julgamento em Mateus, mas a
última vez que encontramos uma variação do nome "Herodianos", um
partido político ligado ao monarca, eles estão preparando um esquema para matar
a Jesus.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes,
Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Artigos Relacionados
Evangelho Segundo Mateus: Autoria
e Data
As Mulheres na Vida e
Ministério de Jesus
NT – Introdução Geral
Composição e Arranjo do Novo Testamento
Glossário Bíblico
Referência
Bibliográfica
CHAMPLIN, Russell Norman. O
Novo Testamento Interpretado. São Paulo: ed. Milenium, 1985. [v. 1].
CARSON, D. A., MOO, Douglas
J. e MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997.
DOUGLAS, J. D. O
Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1995.
HALE, Broadus David. Introdução
ao Estudo do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001.
JEREMIAS, Joachim. Jerusalém
no Tempo de Jesus: pesquisa de história econômico-social no período
neotestamentário. 4 ed. São Paulo: Paulus, 1983.
REICKE, Bo. História
do Tempo do Novo Testamento. São Paulo: Ed. Paulus, 1996.
SAULNIER, Christiane & ROLLAND, Bernard. A Palestina nos tempos de Jesus. 7ª
ed. São Paulo: Paulinas,
1983.
SCHUBERT, Kurt. Os
Partidos Religiosos Hebraicos da época Neotestamentária. 2 ed. São
Paulo: Paulinas, 1979.
STEGEMANN, Ekkehard W. e STEGEMANN, Wolfgang. História social do protocristianismo. São Leopoldo, RS: Sinodal; São Paulo: Paulus, 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário