O
termo "Pentateuco" se
deriva de duas palavras gregas "pente"
(cinco) e "teucos"
(volumes).[1]
Este termo não é encontrado nas Escrituras, e certamente também não era assim
denominado quando o rolo foi dividido em cinco porções (Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio). Esta classificação foi feita provavelmente
pelos tradutores gregos quando da Septuaginta. Alguns críticos modernos falam
de um “Hexateuco” (seis livros) pois
introduzem o livro de Josué como parte integrante deste grupo. Todavia, este
livro é de um caráter completamente distinto dos outros cinco livros, e tem um
autor diferente. Constitui-se na verdade como o primeiro de uma série de livros
históricos que se inicia com a entrada dos Israelitas em Canaã (cf. veremos
futuramente).
Os Samaritanos também tinham um Pentateuco, porém, modificado em favor
ou em nome da teologia, hermenêutica e adoração doméstica deles. A origem do
Pentateuco Samaritano é motivo de muitas controvérsias, sendo as opiniões mais
aceitas: a) que entrou ao uso dos samaritanos como herança das dez tribos
quando da divisão do Reino; b) que foi introduzido por Manassés na hora da
fundação do santuário Samaritano no Monte Gerezim.
Os
livros que compõem o Pentateuco são chamados também de "Lei de Moisés", o "Livro da Lei de Moisés", o "Livro de Moisés", ou como os judeus
designavam, a "Torá" ou
"Lei". Que em sua forma
presente procede de um único autor é demonstrado por seu plano e permeia o seu
conteúdo inteiro e ambos, Judeus e Cristãos, reconhecem que esses livros exibem
uma unidade. A revelação de Deus e de sua pessoa, pela instrumentalidade de
Moisés, é tão harmoniosa que tudo quanto é descrito dEle antes do tempo (os
primeiros capítulos de Gênesis) torna-se preparatório para tudo quanto será
ainda revelado. A unidade histórica é vista em que onde um livro termina
cronologicamente, o outro começa. Por exemplo, Êxodo termina com a construção
do Tabernáculo e a presença de Deus vindo sobre ele; Levítico começa com Deus
falando do Tabernáculo. A unidade teológica é também clara. Todos cinco livros
são relacionados aos temas de promessa, eleição, redenção, aliança e/ou pacto,
lei e terra.
No
transcorrer dos tempos levantou-se diversas escolas de críticos que discordaram
da autoria mosaica e por um processo de "estudo científico"
concluíram que o Pentateuco não passava de uma coleção misturada de histórias,
muitas delas inventadas e amarradas por um conjunto de editores. Estes críticos
estão dispostos a atribuir fraude e conspiração dos autores bíblicos, que
buscavam aceitação de seus escritos, que segundo eles foram compostos no
período do rei Josias e em parte em Esdras e Neemias, e depois distribuídos
como sendo o trabalho de Moisés.
Um
dos primeiros a levantar dúvidas sobre a questão da autoria Mosaico do
Pentateuco foi Baruch Spinoza que insinuou em 1671 a possibilidade de seu autor
ter sido Esdras. Em 1753 Jean Astruc, um médico e professor da Faculdade Real
de Paris, partindo de suas observações ao longo do livro de Gêneses, e até o 6º
capítulo de Êxodo, encontra indícios de dois documentos originais, cada um
caracterizado pelo uso distinto dos nomes de Deus; um pelo nome Elohim, e o
outro pelo nome Jehovah. Ele supôs então que Moisés utilizou-se de pelo menos
mais dez outros documentos originais na composição da parte mais recente do
trabalho dele, além destes dois documentos principais. Neste caminho aberto por
Astruc seguiu-se inúmeros escritores alemães e que por sua vez desdobrou-se em
inumeráveis hipóteses.
Uma
das hipóteses mais conhecida é a chamada de hipótese documentária ou a teoria
do JEDP. "J" representa
Jehovah ou Yahweh, a fonte mais antecipada, escrita por volta de 900 a.C.;
"E" representa a fonte
chamada Elohim, escrito por volta de 800 a.C.; "D" representa a fonte Deuteronômica escrito já nos anos 621
a.C.; e "P" representa a
fonte Sacerdotal, escritas no período de 500 a.C. Mas este artigo não é o espaço
adequado para entrarmos em detalhes destas teorias.[2]
O
grande esforço desses críticos é de tornar os livros da Bíblia comuns, ou seja,
sem quaisquer vestígios de inspiração divina. Todavia, os anos se passaram e a
máxima racionalista de que a razão humana é a medida última de todas as desvaneceu,
juntamente com as argumentações destes "críticos" que foram revelando
toda sua fragilidade e suas conclusões se mostraram especulativas e completamente
insustentáveis. Inclusive entre eles próprios nunca houve um consenso, de
maneira que, acabavam por chegarem a conclusões totalmente conflitantes.
Guedes, Ivan
Pereira
Mestre em
Ciências da Religião.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia
Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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Referências Bibliográficas
FRANCISCO, Clyde T. Gênesis - Comentário Bíblico
Broadman. Tradução Adiel Almeida de Oliveira, 2ª edição (1969). Rio de Janeiro:
JUERP, 1988. [ v. 1].
[1] A
palavra "teuchos" significa propriamente um instrumento. Essa palavra
veio a ser usada para designar um receptáculo para guardar rolos de papiros, e
também para designar o próprio rolo. Daí o seu sentido de volume ou livro.
[2] Para
maiores informações sobre o pensamento destes "críticos" veja o
material de Clyde T. Francisco (1988, p.25-33).
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