Para entendermos
corretamente a mensagem contida neste capítulo, temos que entender o seu
contexto histórico (2 Reis 16), que trata do reinado de Acaz, um dos mais perversos
dentre os reis de Judá (Reino do Sul), conhecido por sua hipocrisia e covardia.
Ele chegou ao ponto de sacrificar seu filho pelo fogo, e sacrificar e queimar incenso
aos ídolos nos altos e debaixo de toda árvore frondosa.
No início do reinado de
Acaz, o rei Rezin da Síria (Aram) fez um pacto com Peca rei de Israel (Efraim) para
conquistarem o reino de Judá. Durante a guerra Peca chegou a matar 120 mil
judeus em um só dia; enquanto Rezin capturou centenas. Ambos conquistar a
cidade de Jerusalém, mas Deus a preservou. Apesar da corrupção de Acaz, Deus através
do profeta Isaías, prometeu que a cidade ficaria a salvo destes ataques, pois tanto
a cidade quanto os seus moradores eram Dele.
Isaías toma como ponto de
partida esta promessa de salvação de Jerusalém e seus moradores, para profetizar
sobre uma Salvação com dimensões atemporal. E que se estenderia muito além de
Judá e Jerusalém abrangendo todas as nações e etnias, cumprindo desta forma os
termos da aliança estabelecida com Abraão pelo qual Deus o usaria para “ser uma benção a todas as famílias da terra”.
E o sinal de que Deus estaria
realizando esta salvação mundial é que uma criança haveria de nascer, de forma
sobrenatural, e que lhe seria dado o nome de Emanuel, e pelo qual toda profecia
Messiânica se cumpriria.
Este capítulo 7 pode ser esboçado
da seguinte forma:
1. Um pacto entre Rezim, rei da Síria, e
Peca, rei de Israel contra Acaz (v.1).
2. Acaz fica com medo (v.2).
3. Isaías faz uma promessa a Acaz (v.3-9).
4. Acaz se abstém de pedir um sinal (v.10-13).
5. O sinal divino: nascimento de uma criança
- Emanuel (v.14-16).
6. A Assíria, a aliada, torna-se inimiga (v.17-25).
I S A Í A S 7.14 |
||
Por isso o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará
grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel. [Nova Versão
Internacional] |
Por isso, Deus vai dar um sinal - quer vocês queiram, quer
não. Uma virgem terá um filho! E ela; chamará o nenê de Emanuel (que
significa "Deus está conosco"). [Bíblia na Linguagem
de Hoje] |
Portanto o Senhor mesmo vos dará um
sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome
Emanuel. [Almeida Revisada] |
Comentário
de
Versos 10,11 - Deus,
por meio do profeta, faz uma oferta graciosa a Acaz, de confirmar as predições
anteriores, e a sua fé neles, com o sinal ou o milagre que ele escolhesse:
“Pede para ti ao Senhor, teu Deus, um sinal”.
Verso 12 - Acaz
rudemente recusa esta oferta graciosa, e (o que não é maneira de tratar com
nenhum superior) rejeita a cortesia e a despreza (v. 12): “Não o pedirei”. A
verdadeira razão pela qual ele não desejava pedir um sinal era o fato de que,
dependendo dos assírios, de seus exércitos e de seus deuses, para ajudá-lo, ele
não desejava ter nenhuma dívida com o Deus de Israel, ou colocar-se sob
obrigações com Ele.
Verso 13 - O
profeta repreende a ele e à sua corte, a ele e à casa de Davi, a toda a família
real, pelo seu desprezo à profecia, e ao pouco valor que davam à revelação
divina.
VERSO 14 - O profeta, em nome de Deus,
lhes dá um sinal: Vocês não pedirão um sinal, mas a descrença do homem não
tornará sem efeito a promessa de Deus: “O mesmo Senhor vos dará um sinal” (v.
14), um sinal duplo.
1. Um sinal geral da
sua boa vontade para com Israel e a casa de Davi. Vocês podem concluir que Ele
tem misericórdia reservada para vocês, e que vocês não foram abandonados por
Deus, por maior que sejam a sua aflição e os seus perigos atuais; pois da sua
nação, da sua família, o Messias nascerá, e vocês não podem ser destruídos
enquanto esta bênção estiver em vocês, bênção que será apresentada, (1) De
maneira gloriosa: pois, embora lhes fosse dito, frequentemente, que Ele
nasceria entre vocês, eu lhes digo ainda mais, que Ele nascerá de uma virgem, o
que irá significar ao mesmo tempo o poder divino e a pureza divina com que Ele
será trazido ao mundo. Ele será uma pessoa extraordinária, pois não nascerá por
geração normal. Ele será Santo, jamais maculado pelas contaminações comuns da
natureza humana, e, por isto, incontestavelmente adequado para que lhe seja
entregue o trono do seu pai Davi. Isto, embora devesse se cumprir mais de 500
anos mais tarde, era um sinal encorajador para a casa de Davi (e a eles, sob
este título, a profecia é dirigida, v. 13), e uma certeza de que Deus não os
abandonaria. Efraim [Israel-Reino do Norte], realmente, invejava Judá (cap.
11.13), e procurava a destruição daquele reino, mas não poderia ser bem
sucedido; pois “O cetro não se arredará de Judá... até que venha Siló”, Gn
49.10. Aqueles a quem Deus destina para a grande salvação podem aceitar como um
sinal o fato de que não serão tragados por nenhuma dificuldade com que se
depararem no caminho. (2) O Messias será apresentado em uma gloriosa missão,
envolvido em seu nome glorioso: “Será o seu nome Emanuel” - Deus conosco, Deus
na nossa natureza, Deus em paz conosco, em concerto conosco. Isto se cumpriu
quando o chamaram Jesus - o Salvador (Mt 1.21-25), pois, se Ele não tivesse
sido Emanuel - Deus conosco, não poderia ter sido Jesus - o Salvador. Este era
outro sinal da benevolência de Deus com a casa de Davi e a tribo de Judá; pois
aquele que pretendia realizar esta grande salvação entre eles, sem dúvida, iria
realizar para eles todas aquelas outras salvações que seriam os tipos e modelos
desta, como se fossem prelúdios a esta. Aqui está um sinal para vocês, não
embaixo nas profundezas ou em cima nas alturas, mas na profecia, na promessa,
no concerto feito com Davi, que vocês não desconhecem. A semente da promessa
será Emanuel, Deus conosco; que esta palavra console vocês (cap. 8.10), que
Deus é conosco, e (cap. 8.8) que a sua terra é a terra do Emanuel. Que o
coração da casa de Davi não se mova, então (v. 2), nem Judá tema a subida do
filho de Tabeal (v. 6), pois nada pode se impor sobre o Filho de Davi que será
Emanuel. Observe que os consolos mais fortes, em épocas de aflição, são aqueles
que são obtidos de Cristo, do nosso relacionamento com Ele, do nosso interesse
nele e das nossas expectativas nele e por Ele. Desta criança, ainda está
predito (v. 15) que embora não venha a nascer como nascem outras crianças, mas
sim de uma virgem, Ele será realmente e verdadeiramente um homem, e que será
amamentado e criado como as outras crianças: “Manteiga e mel comerá”, assim
como as outras crianças, particularmente as crianças daquela terra que mana
leite e mel. Embora seja concebido pelo poder do Espírito Santo, não será, apesar
disto, alimentado com o pão dos anjos (ou dos poderosos, Salmos 78.25), mas,
como lhe convinha, será, em tudo, semelhante aos seus irmãos, Hebreus 2.17. Nem
Ele, sendo nascido por geração extraordinária, será homem imediatamente, mas,
como as outras crianças, progredirá gradualmente, passando pelos diversos
estágios da infância e da juventude, até o da idade adulta, e crescendo em
sabedoria e estatura, finalmente será forte em espírito, e alcançará a
maturidade, de modo, a saber, como “rejeitar o mal e escolher o bem”. Veja
Lucas 2.40,52. Observe que as crianças são alimentadas, quando pequenas, para
que possam ser ensinadas e instruídas quando tiverem crescido. Elas recebem o
seu sustento para que possam ser devidamente educadas.
2 - Aqui está outro
sinal em particular da rápida destruição destes príncipes poderosos que agora
eram um terror para Judá (v. 16). Antes que este menino (assim pode ser
interpretado), este menino que agora tenho em meus braços (ele não se refere a
Emanuel, mas a SearJasube, seu próprio filho, ao qual tinha recebido instruções
de levar consigo, como um sinal, v. 3) saiba rejeitar o mal e escolher o bem (e
aqueles que vissem a sua estatura e disposição atual facilmente seriam levados
a conjeturar quanto tempo isto tardaria para acontecer), antes que este menino
seja três ou quatro anos mais velho, a terra de que te enfadas, estas forças
confederadas de israelitas e sírios, com os quais tens tanta inimizade e dos
quais sentes tanto terror, será desamparada dos seus dois reis, tanto Peca como
Rezim, que estavam em uma aliança tão forte como se fosse reis de um único
reino. Isto se cumpriu integralmente; pois dois ou três anos depois disto,
Oséias conspirou contra Peca, e o assassinou (2 Rs 15.30) e, antes disto, o rei
da Assíria conquistou Damasco e matou Rezim, 2 Reis 16.9. Na verdade, houve um
evento que aconteceu imediatamente, e quando este menino carregava a sua
predição no seu nome, o que era um penhor e um sinal deste evento futuro.
Sear-Jasube significa Um-Resto-Volverá, o que, sem dúvida, aponta para o
maravilhoso retorno daqueles duzentos mil cativos que Peca e Rezim tinha levado,
que foram trazidos de volta, não pela força, mas pelo Espírito do Senhor dos
Exércitos. Leia esta história em 2 Crônicas 28.8-15. Tendo sido cumprido, desta
maneira, o nome profético desta criança, sem dúvida isto que também era
acrescentado a respeito dele, teria o seu cumprimento; que a Síria e Israel
seriam igualmente privadas de seus reis. Uma graça de Deus nos encoraja a esperarmos
por outra, motivando-nos a nos prepararmos para outra.
Matthew Henry [1]
Referência Bibliográfica
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Isaías. Tradução Valdemar
Kroker Haroldo Janzen Degmar Ribas Júnior. CPAD, Rio de Janeiro, 2010. [Comentário Bíblico Antigo Testamento Isaías a
Malaquias – Edição Completa].
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[1]Dificilmente
há uma pessoa tão conhecida entre os comentaristas bíblicos como Matthew Henry.
Desde a publicação de seu primeiro volume (o Pentateuco) em 1706 até o
presente, o comentário de Henry foi repetidamente reimpresso, traduzido a
outros idiomas, combinado com o comentário de Thomas Scott para formar o
comentário de Henry e Scott, ou impresso em formato resumido. Ele tem exercido
uma grande influência na formação espiritual de uma multidão de leitores que
dele utilizam para devocionais pessoais, ou para preparar-se para o ensino, ou
pregação. (Destacados líderes cristãos como George Whitefield e William Carey
testemunharam da influência que receberam dele).
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