Os evangelistas seguem um roteiro mais ou menos comum,
desviando-se aqui e ali para inserirem seus materiais próprios ou para
organizar seus materiais dentro de suas perspectivas.
No que tange a ultima semana de Jesus não poderia ser
diferente, de maneira que algumas aparentes discrepâncias aparecem entre suas
narrativas, mas nada que seja inexplicável ou irreconciliável. Seguiremos o roteiro estabelecido por Marcos
em sua narrativa evangélica:
Sábado à noite: Jesus é convidado para jantar na casa de Simão, o
leproso, no vilarejo de Betânia (14.3-9).
Domingo: Jesus entra em Jerusalém, montado em uma jumentinha e é
ovacionado pelos peregrinos que também sobem para a festa da Páscoa. Permanece
na cidade e à tarde retorna a Betânia (11.1-11).
Segunda-feira: Enquanto se dirige novamente a Jerusalém procura fruto em
uma figueira e não encontrando amaldiço-a. Ao adentrar ao Templo é tomado por
uma forte comoção e indignação dirigida aos vendedores que haviam invadido os
espaços para explorarem os peregrinos, sob às vistas complacentes dos
sacerdotes. Retorna novamente a Betânia (11.12-19).
Terça-feira: Os discípulos percebem que a figueira amaldiçoada no dia
anterior está completamente seca, gerando um dialogo entre Jesus e Pedro e a
lição de que o evangelho deve produzir frutos. Os debates com as autoridades
religiosas tornam-se não apenas inevitáveis como cada vez mais radicais. Jesus
conta a parábola dos Lavradores Maus e denuncia a hipocrisia dos escribas;
enaltece a oferta da viúva pobre em demérito das ofertas dos abastados. Prediz
a ruina do Templo e, por conseguinte da própria cidade de Jerusalém, bem como
de seu retorno triunfal. As autoridades se reúnem para traçarem planos de
prendê-lo e mata-lo (11.20-14.2)
Quarta-feira: Marcos nada registra sobre o que Jesus fez nesse dia. Há
uma inferência de que é nesse dia que Judas acerta os detalhes de sua traição
(14.10.11).
Quinta-feira: Inicia-se a preparação para a Páscoa; durante a refeição
pascoal Jesus indica o traidor; é instituído o sacramento da Ceia; ele fala de
que todos o abandonaram e que Pedro o negara três vezes; dirige-se ao Getsêmani
e enquanto Jesus ora em profunda agonia, os discípulos dormem; Judas chega com
soldados do Templo e outras pessoas e identifica Jesus com seu beijo
traiçoeiro; ele é preso e os discípulos fogem; Pedro ainda o segue de longe,
mas diante das pressões no pátio do sumo sacerdote Caifás o discípulos sucumbe
e ao negar seu Mestre pela terceira vez, o galo canta ao longe pela segunda
vez; Pedro lembra-se das palavras de Jesus e chora em arrependimento
(14.12-72).
Sexta-feira: Jesus é acusado e julgado diante de Pilatos; a multidão reunida
à porta do Prefeito escolhe Barrabás e pede a crucificação de Jesus! É
condenado e antes terrivelmente açoitado e escarnecido pelos soldados romanos
de plantão; no trajeto quando fica sem forças para carregar a cruz os soldados
obrigam Simão Cireneu a ajuda-lo; no Golgota Jesus é pregado e levantado na
cruz entre dois ladrões; profere algumas palavras na cruz; do meio-dia às três
da tarde houve um eclipse total do sol acompanhado por um forte terremoto; às
três horas da tarde Jesus “clama em alta voz” e morre, nesse momento o véu do
Templo rasga-se de alto a baixo; o centurião romano que nada tinha haver com
aquela história declara: esse verdadeiramente é Filho de Deus; seu corpo é
retirado e colocado em um túmulo emprestado (15).
Sábado: O evangelista Marcos nada registra, mas Mateus o faz
(27.62-66).
Domingo: As mulheres se preparam e dirigem-se ao sepulcro para
embalsamar o corpo de Jesus; um anjo lhes comunica que Ele ressuscitou e as
envia a anunciarem aos demais discípulos e de forma especifica a Pedro
(16.1-8). Jesus ressurreto se apresenta em algumas ocasiões aos seus discípulos
(16.9-20).
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes,
Ivan Pereira
Mestre
em Ciências da Religião.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro
Blog
Historiologia
Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
Artigos Relacionados
Galeria da Páscoa: A Negação
de Pedro http://reflexaoipg.blogspot.com/2017/03/galeria-da-pascoa-negacao-de-pedro.html?spref=tw
A Crucificação e Morte no
Evangelho Segundo João http://reflexaoipg.blogspot.com/2017/02/a-crucificacao-e-morte-no-evangelho.html?spref=tw
A Oração que faz Diferença
Jesus no Templo: Evangelho
Segundo Marcos
Entrada Triunfal de Jesus:
Evangelho Segundo Marcos
A Última Viagem de Jesus
para Jerusalém
BETÂNIA: Lugar de Refrigério
e Vida
As Mãos e os Cravos
Referências Bibliográficas
BETTENCOURT, Estevão. Para
Entender os Evangelhos. Rio de Janeiro: Agir, 1960.
CARSON D. A., DOUGLAS, J.
Moo & MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo:
ed. Vida Nova, 1997.
HENDRIKSEN, William. Comentário
do Novo Testamento – Marcos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
MAGGIONI, Bruno. Os
relatos evangélicos da Paixão. Tradução de Bertilo Brod. São Paulo:
Palinas, 2000. [Coleção Espiritualidade sem fronteiras].
MULHOLLAND, Dewey M. Marcos
– introdução e comentário. Tradução de Maria Judith Menga. São Paulo:
Vida Nova, 1999. [Série Cultura Bíblica].
SOARES, Sebastião Armando
Gameleira & JUNIOR, João Luiz Correia. Evangelho de Marcos,
v.1, ed. Vozes, Petrópolis, 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário