Especificações Concernentes às Ofertas e Sacrifícios
Síntese do Livro O Livro de Levítico pode ser
dividido em duas seções principais contendo um capítulo que faz uma transição
entre os dois. Primeiro, os capítulos 1-16 tratam de regulamentos
rituais sobre ofertas quais e como
deveriam ser oferecidas; o sacerdócio
especificando as diversas funções deles e o Dia da Expiação que se constitui no coração do sistema
sacrificial e por conseguinte do próprio livro de Levítico. O capítulo 17 faz a transição entre as duas divisões
principais e trata sobre a importância do sangue na adoração de Israel [somente na festa da Páscoa eram mortos milhares de cordeiros]. Na segunda divisão, os capítulos 18-27 é tratada a temática do cotidiano vivencial
dos israelitas, pois como povo de um Deus santo era necessário que está
santidade permeasse todas as esferas da vida pessoal, familiar e social
deles. Há uma ordem bem clara para que
eles respeitassem o calendário das Festas estabelecidas por Deus e por fim há
os pronunciamentos de bênçãos e maldições. O Livro de Levítico ensina os
israelitas em termos práticos o que significa para eles serem um reino de
sacerdotes e uma nação santa, razão pela qual foram resgatados (Êxodo 19.6;
cf. 1 Pedro 1.15-16; Romanos 12.1). |
Este
capítulo inicial abre tratando das ofertas e sacrifícios a serem oferecidas a
Deus como expressão de adoração e louvor.
Mais especificamente, trata das "ofertas queimadas". As normativas de Levítico regiam os
regulamentos para adoração no Tabernáculo e posteriormente no Templo e que
envolvem não apenas os sacerdotes e levitas, mas todos israelitas, pois todos
são chamados a adorar e louvar a Deus.
A
tribo de Levi foi separada de todas as demais tribos para não apenas prepararem
os animais e ofertas para o sacrifício e zelarem para que as ofertas fossem
oferecidas dentro das especificações estabelecidas pelo próprio Deus (hoje
seria a teologia bíblica correta), mas para ensinarem e conduzirem todo o povo
a uma conscientização da santidade e glória de Yavhew (o Deus da Aliança).
Infelizmente hoje o culto tornou-se entretenimento e perdeu a sua função
fundamental de produzir uma conscientização crescente da santidade e glória de
Deus, perdeu-se aquela sensação de temor e tremor que se constitui na verdadeira
sabedoria.
O
ofertante tinha que trazer uma das suas próprias ovelhas, gado ou cabras de seu
rebanho. Ele deveria oferecê-lo voluntariamente
perante a congregação no Tabernáculo e diante do Senhor. Os ofertantes tinham
que ter plena consciência de sua pecaminosidade e não comparecerem diante de
Deus com base em sua justiça própria. Esta é outra faceta cúltica atual que
está completamente fora do contexto das Escrituras, pois grande parte dos que
adentram os templos acham que Deus precisa deles e se sentem no direito de
exigirem e ate mesmo emitirem ordem de comando para que Deus faça o que eles
estão ordenando – como dizia o profeta e foi endossado por Jesus Cristo - erram por não conhecerem [obedecerem] as
Escrituras.
A
Integridade Física dos Animais Para o Sacrifício
Contexto
do Capítulo O livro de Levítico é parte integrante do conjunto de leis que Deus deu a
Moisés. Deus não apenas deve ser adorado,
como estabeleceu a forma correta de como isso deve ser feito. O livro primeiramente trata das
leis de consagração relativas aos sacrifícios, que estão relacionadas com a
disposição divina para aproximar o povo de Yahweh no culto. Cinco sacrifícios
são nomeados. O primeiro, destes sacrifícios especificados,
é o holocausto, que fala da
necessidade de consagração pessoal a Deus. Pois aqueles que devem adorar são
aqueles que falham continuamente
em viver de acordo com os termos da Aliança estabelecida entre Deus e eles. Por conseguinte, o sacrifício
que oferecem deve ser morto e queimado. Neste esquema, a verdade sobre a substituição como única forma do ser
humano pecador se aproximar do culto é exposta. O sentido espiritual o leitor verá, ao longo do livro, de como esses sacrifícios
estabelecidos no Antigo Testamento encontraram
a sua plena realização em Cristo. |
Fica
muito claro nas especificações relacionadas às ofertas de animais que Deus exige
que eles sejam sem qualquer tipo de defeitos inclusive estéticos – sem manchas.
Animais como ovelhas e bovinos devem ser machos que não estavam doentes, machucados
ou aleijados da mesma forma os pássaros também devem ser apresentados em
perfeitas condições.
O animal deveria ser levado à porta do
Tabernáculo e depois que o animal fosse examinado e declarado dentro das
especificações o ofertante colocava a mão sobre a cabeça do animal enquanto
este era imolado. A parte do adorador é colocar a mão na vítima, imola-la,
esfola-la, cortá-la e lavá-la, ao lado do altar; o sacerdote faz o resto no
próprio altar, derramando o sangue, trazendo o fogo, organizando as partes do
animal anteriormente cortadas (para detalhes mais específicos 15.1-16). Deus
estabeleceu instruções ainda mais específicas para o fogo e a colocação da
madeira, bem como o que deveria ser feito com a cabeça e a gordura do animal,
uma vez que esse sacrifício é feito para o Senhor.
Outra
característica muito relevante é que quaisquer destes sacrifícios tinham que
ser feitos voluntariamente a partir do desejo do ofertante de expressar o seu
amor e adoração ao Senhor. Os sacrifícios queimados eram símbolos de uma fé e
obediência pessoal (familiar) aos termos da Aliança e da relação (comunhão) deste
ofertante e Deus. Jó que fora contemporâneo dos patriarcas Abraão, Isaque e
Jacó já tinham esta prática, provavelmente recebida pela tradição oral desde
Adão e a linhagem de Sete, que substituiu Abel que fora assassinado, de maneira
que logo pela manhã Jó oferecia sacrifícios a Deus em favor dele e de sua
família.
Evidentemente
que eles não ofereceram nada menos do que o melhor. Deus não merece o resto, as
sobras, o que não nos faz falta, como tão bem expressou Abraão – não oferecerei ao meu Deus o que não me
custa nada - pois o Senhor não precisa de coisa alguma, mas Ele quer saber
se de fato entendemos quem Ele é e o quanto Ele fez, faz e fará em nosso favor.
No caso especifico dos israelitas haviam sido tirados da escravidão do Egito e
estavam sendo supridos e guardados em pleno deserto [por quarenta longos anos].
No
nosso caso é ainda mais extraordinário, pois Deus se deu a si mesmo por nós na
cruz, na pessoa do Filho Jesus Cristo [ninguém
toma a minha vida, eu a dou voluntariamente], para que nossos pecados
fossem perdoados e a nossa divida no tribunal divino, fosse integralmente
quitada, de maneira que pudéssemos ser tornados justos.
Levítico e Nós
O
que este livro de Levítico tem haver conosco crentes do século XXI – tudo! Como
procurei deixar claro nas pequenas inserções do texto acima, quando fazemos os
links percebemos que os princípios que regem nossa relação pessoal com Deus
permanecem a mesma, pois temos que nos oferecer como ensina Paulo, como
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto de adoração e
louvor.
Em
Levítico a Lei expressa a maravilhosa Graça de Deus que aceita provisoriamente
o sacrifício dos animais no lugar do pecador, que tipifica a morte do Cordeiro
Santo de Deus que haveria de vir e assumir a plenitude de nossa humanidade, e
no Evangelho temos a Graça que na Cruz cumpre todos os requisitos da Lei em
Cristo e resgata todo aquele que crê do juízo condenatório do tribunal de Deus.
A Lei perfeita de Deus e a Sua Graça maravilhosa caminharam, caminham e
caminharão juntas em perfeita sintonia até o juízo final.
Finalmente, há uma ilusão incutida na mente das
pessoas de que podem se relacionar com Deus de qualquer jeito. Infelizmente
para tais pessoas isso não corresponde com o ensino estabelecido nas
Escrituras. Depois da Queda a raça humana, corrompida pelo pecado, torna-se incapaz
de se relacionar corretamente com Deus. Como uma criança os israelitas,
arrancados de um meio completamente idolatra, precisa aprender a adorar a um
Deus que é totalmente santo. Portanto, Levítico é um manual para aqueles que
desejam aprender como oferecer a Deus um culto que possa ser aceito por Ele.
Muitos restringem este manual para uso exclusivo dos
sacerdotes e levitas que eram os responsáveis por todas as atividades cúltica
no Tabernáculo e posteriormente no Templo, o que não corresponde ao conteúdo
geral do livro onde o orfante tinha uma participação ativa em relação aos
sacrifícios e principalmente a última parte do livro trata das relações
intersociais cotidianas de todos os israelitas. Mas principalmente à luz do
sacrifício de Jesus Cristo e do ensino neotestamentário todos aqueles que creem
em Cristo tornam-se parte integrantes do sacerdócio real e nação santa e podem
adentrar ao Santo dos Santos, pois não há mais separação, e podem oferecer seu
culto em espírito e em verdade, como ensinou o próprio Jesus à mulher
samaritana. Desta forma o livro de Levítico tem muito a nos ensinar de como
podemos de fato e de verdade nos relacionar com Deus e oferecer-lhe uma
adoração que Lhe seja aceitável.
Utilização livre desde que
citando a fonteGuedes, Ivan Pereira.Mestre em Ciências da Religião.Universidade Presbiteriana
Mackenzieme.ivanguedes@gmail.comOutro BlogHistoriologia Protestantehttp://historiologiaprotestante.blogspot.com.br
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