quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Profetas: Os Doze Notáveis - Introdução


            A nossa Bíblia segue a ordem e arranjo proposto pela Septuaginta, a versão grega da bíblia hebraica, de maneira que os livros foram agrupados visando suas temáticas e não sua cronologia, diferindo assim do arranjo proposto pelos judeus, conforme podemos perceber na comparação ao lado.            
No que concerne aos livros proféticos os judeus os subdividem em profetas anteriores (Josué, Juízes, 1-2Samuel e 1-2Reis), que nós classificamos como livros históricos; e profetas posteriores (Isaías, Jeremias e Ezequiel) visto que Daniel e Lamentações foram alocados nos chamados Escritos (última parte do cânon hebraico) e os Doze (Oséias a Malaquias).
            No desenvolvimento dos estudos desta literatura profética, para diferenciar os livros com maior volume e o de menor volume foi utilizada pelos estudiosos cristãos uma classificação infeliz: profetas maiores e profetas menores, que os judeus classificam de os Doze, pois agrupa os registros de doze profetas.
            O termo “Profeta Menores” tornou-se pejorativo, pois acaba passando a ideia de que os escritos destes profetas tem menor relevância do que os dos “Profetas Maiores”. A classificação judaica “Os Doze” é menos danosa quanto a desvalorização desta significativa parte dos registros proféticos contidos no Primeiro Testamento. Eu optei por denomina-los de “Os Doze Notáveis” visto que suas mensagens são indispensáveis para uma compreensão da revelação divina, bem como estão permeados de temáticas de extrema relevância para os nossos dias.
            O fato de que esta literatura profética tem sido esquecida no limbo da pregação evangélica brasileira tem contribuído em muito para a produção de igrejas e evangélicos totalmente desconectados com a realidade social-política-econômica deste país. Ainda que quantitativamente estejamos alcançando um numero expressivo nas pesquisas do IBGE, qualitativamente estamos decrescendo assustadoramente. As instituições evangélicas somente se mexem e se alvoraçam quando seus “privilégios” econômicos são ameaçados. Entrincheirados em seus “Templos Feudais” e estruturados em suas “organizações institucionais” esse evangelicalismo brasileiro pouco se importa com o que está acontecendo no Brasil. Seus púlpitos e suas lideranças são pautados pela autopreservação e pelos interesses mesquinhos de agendas narcisistas, por parte das denominações históricas e financista por parte da chamada neopentecostal. O que os fazem equivalente neste decadente Congresso brasileiro ao denominado “Alto Clero” e “Baixo Clero”.
            Um pequeno grupo de evangélicos que se autodenominam de “vozes dissidentes” na verdade pouco tem haver com a mensagem contundente dos profetas bíblicos. São lideranças e denominações que fizeram uma opção ideológica e que não se dão nem mesmo ao cuidado de filtrarem suas ideologias à luz Palavra de Deus. Optaram igualmente por lançarem a mensagem clara e contundente dos profetas bíblicos no limbo e passaram a utilizar jargões e slogans das mais diversas e irreconciliáveis ideologias com o padrão de amor e justiça proclamada e praticada pelos profetas.
            A grande diferença entre os profetas bíblicos e os teólogos evangélicos atuais é que os primeiros jamais se silenciaram diante das injustiças e da corrupção de seus lideres, fossem nas instâncias politicas, judiciaria ou executiva.
            E a distinção entre aqueles profetas e os ideologistas evangélicos de plantão é que os primeiros jamais barganharam suas mensagens por qualquer slogan ideológico e nem se deixaram encantar por lideranças corruptas, aqueles jamais compactuaram com quaisquer indícios de corrupção e malversação do poder público.
            Para os profetas bíblicos não tinha esse dilema entre o “mal” menor e o “mal” maior. Para eles existiam apenas o correto e o errado, o bem e o mal, a justiça e a injustiça, pois como tão bem definiu o maior entre todos os profetas, Jesus Cristo, é sim ou não e qualquer tentativa de igualar as duas coisas é de procedência maligna.
            O que a Igreja Evangélica e o Brasil necessitam nesse momento crucial é resgatarmos a pregação bíblica dos profetas. É proclamarmos com toda força de nossos pulmões uma mensagem que possam dar aos brasileiros uma esperança de que Deus vai tratar essa Nação e vai curá-las de suas mazelas e vai levantar entre nós homens e mulheres, jovens e velhos, ricos e pobres que tem temor de Deus e compromisso com sua Palavra. Brasileiros que jamais se venderam por qualquer prato de lentilhas ou se deixaram contaminar por quaisquer ideologias. Cristãos comprometidos com os valores inegociáveis do Reino de Deus e sua justiça.
            Na literatura destes “Doze Notáveis” profetas que exerceram seus ofícios a quase três mil anos atrás, encontraremos o modelo de pregação que o Brasil necessita hoje: Oséias Joel Amós Obadias Jonas Miquéias Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias e Malaquias.
           

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
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Referências Bibliográficas
BRIGTH, J. História de Israel. São Paulo: Ed. Paulus, 1980.
FALCÃO, Silas Alves. Panorama do Velho Testamento – os livros proféticos. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1965.
FEINBERG, Charles L. Os profetas menores. Tradução: Luiz A. Caruso. Florida: Editora Vida, 1998.
FRANCISCO, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1969.
LASOR, W. Sanford, DAVI A. Hubbard e FREDERIC W. BushPanorama del Antiguo Testamento - Mensaje, forma y transfondo del Antiguo Testamento. Buenos Aires: Ed. Nueva Creacion, 1995.
ROBINSON, Jorge L. Los doce profetas menores. Texas: Casa Bautista de Publicciones, 1982.

SICRE, José Luís. Profetismo em Israel – o profeta, os profetas, a mensagem. Tradução: João Luís Baraúna. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.

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