A nossa Bíblia segue a ordem e
arranjo proposto pela Septuaginta, a versão grega da bíblia hebraica, de
maneira que os livros foram agrupados visando suas temáticas e não sua cronologia,
diferindo assim do arranjo proposto pelos judeus, conforme podemos perceber na
comparação ao lado.
No que concerne aos
livros proféticos os judeus os subdividem em profetas anteriores (Josué, Juízes,
1-2Samuel e 1-2Reis), que nós classificamos como livros históricos; e profetas
posteriores (Isaías, Jeremias e Ezequiel) visto que Daniel e Lamentações foram
alocados nos chamados Escritos (última parte do cânon hebraico) e os Doze
(Oséias a Malaquias).
No desenvolvimento dos estudos desta
literatura profética, para diferenciar os livros com maior volume e o de menor
volume foi utilizada pelos estudiosos cristãos uma classificação infeliz: profetas
maiores e profetas menores, que os judeus classificam de os Doze, pois agrupa
os registros de doze profetas.
O termo “Profeta
Menores” tornou-se pejorativo, pois acaba passando a ideia de que os
escritos destes profetas tem menor relevância do que os dos “Profetas Maiores”.
A classificação judaica “Os Doze” é menos danosa quanto a desvalorização
desta significativa parte dos registros proféticos contidos no Primeiro
Testamento. Eu optei por denomina-los de “Os Doze Notáveis” visto que suas
mensagens são indispensáveis para uma compreensão da revelação divina, bem como
estão permeados de temáticas de extrema relevância para os nossos dias.
O fato de que esta literatura
profética tem sido esquecida no limbo da pregação evangélica brasileira tem contribuído
em muito para a produção de igrejas e evangélicos totalmente desconectados com
a realidade social-política-econômica deste país. Ainda que quantitativamente
estejamos alcançando um numero expressivo nas pesquisas do IBGE,
qualitativamente estamos decrescendo assustadoramente. As instituições
evangélicas somente se mexem e se alvoraçam quando seus “privilégios”
econômicos são ameaçados. Entrincheirados em seus “Templos Feudais” e
estruturados em suas “organizações institucionais” esse evangelicalismo
brasileiro pouco se importa com o que está acontecendo no Brasil. Seus púlpitos
e suas lideranças são pautados pela autopreservação e pelos interesses
mesquinhos de agendas narcisistas, por parte das denominações históricas e
financista por parte da chamada neopentecostal. O que os fazem equivalente
neste decadente Congresso brasileiro ao denominado “Alto Clero” e “Baixo Clero”.
Um pequeno grupo de evangélicos que
se autodenominam de “vozes dissidentes” na verdade pouco tem haver com a
mensagem contundente dos profetas bíblicos. São lideranças e denominações que
fizeram uma opção ideológica e que não se dão nem mesmo ao cuidado de filtrarem
suas ideologias à luz Palavra de Deus. Optaram igualmente por lançarem a
mensagem clara e contundente dos profetas bíblicos no limbo e passaram a
utilizar jargões e slogans das mais diversas e irreconciliáveis ideologias com
o padrão de amor e justiça proclamada e praticada pelos profetas.
A grande diferença entre os profetas
bíblicos e os teólogos evangélicos atuais é que os primeiros jamais se
silenciaram diante das injustiças e da corrupção de seus lideres, fossem nas
instâncias politicas, judiciaria ou executiva.
E a distinção entre aqueles profetas
e os ideologistas evangélicos de plantão é que os primeiros jamais barganharam
suas mensagens por qualquer slogan ideológico e nem se deixaram encantar por
lideranças corruptas, aqueles jamais compactuaram com quaisquer indícios de
corrupção e malversação do poder público.
Para os profetas bíblicos não tinha
esse dilema entre o “mal” menor e o “mal” maior. Para eles existiam apenas o correto e o
errado, o bem e
o mal, a justiça e
a injustiça, pois como tão bem definiu o maior entre todos os profetas, Jesus
Cristo, é sim ou
não e qualquer tentativa de igualar as duas coisas
é de procedência maligna.
O que a Igreja Evangélica e o Brasil
necessitam nesse momento crucial é resgatarmos a pregação bíblica dos profetas.
É proclamarmos com toda força de nossos pulmões uma mensagem que possam dar aos
brasileiros uma esperança de que Deus vai tratar essa Nação e vai curá-las de
suas mazelas e vai levantar entre nós homens e mulheres, jovens e velhos, ricos
e pobres que tem temor de Deus e compromisso com sua Palavra. Brasileiros que
jamais se venderam por qualquer prato de lentilhas ou se deixaram contaminar
por quaisquer ideologias. Cristãos comprometidos com os valores inegociáveis do
Reino de Deus e sua justiça.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
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