A
escola crítica[1]
de Tubingen do século dezenove reconheceu as quatro principais epístolas de
Paulo (Romanos, 1ª e 2ª Coríntios e Gálatas) como totalmente autêntica, e fez
desta última a pedra angular de sua construção da história do Novo Testamento.
Apenas Bruno Bauer (1850-52)[2]
atacou sua autenticidade, enquanto vários outros críticos apontaram interpolações
graves, mas essas tentativas tiveram pouca repercussão.
Posteriormente,
um grupo de estudiosos holandês, começando com a Loman,[3] em
seu Quaestiones Paulinae (1882) e representada por Van Manen[4] na
Encyclopedia Biblica (art. "Paul"), negaram a autoria paulina de
todas as epístolas canônicas. Segundo eles o que ocorreu foi uma evolução
gradual dos ensinos contidos no Novo Testamento durante o primeiro século e
meio depois de Cristo. Por esta razão eles tratam as epístolas existentes como
“adaptações católica” de extratos fragmentados das correspondências saídas da
pena do apóstolo, reproduzidas por uma escola "Paulinista" que
ampliam os princípios de seu mestre muito além de suas próprias intenções.
Segundo essa teoria, Gálatas, com sua polêmica contra a lei, aproxima-se muito
da posição de Marcião (140 dC),
sendo, portanto, uma obra do início do segundo século. Fora da Holanda apenas
Edwin Hohnson[5]
(Inglaterra-1887) e Rudolf Steck[6]
(Alemanha-1888) foram os acadêmicos que adotaram esta hipótese. Entretanto,
críticos radicais como Scholten e Schmiedel[7]
rejeitaram tal preposição como sendo arbitrário demais e muito deslocada do
fato histórico.
As
tentativas de desmembrar a epístola, e distribuí-la entre diversos escritores
em um longo período póstumo do apóstolo Paulo, estão prejudicadas, tendo em
conta a coerente força vital com a qual a personalidade do autor impresso neste
trabalho o “pectus Paulinum” transparece em cada linha. Os dois assuntos
básicos em que trata da defesa apostólica de Paulo e a questão da circuncisão
dos cristãos gentios deixaram de ser relevantes ao final do segundo século, sendo,
portanto, matéria relacionada aos primórdios do cristianismo.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes,
Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia
Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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Biográficas
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Perspectiva
Referência Bibliográfica
DUNN, James D. G. A Nova Perspectiva Sobre Paulo. São
Paulo: ed. Academia Cristã/Paulus, 2011.
[1] O nome 'Hollandse Radicalen',
Holandêses Radicais, foi dado a um grupo de estudiosos do Novo Testamento
holandês no final do século XIX e início do século XX.
[2] Bruno Bauer (6 de setembro de 1809 - 13
de abril de 1882) era alemão e foi teólogo, filósofo e historiador. Bauer
investigou as fontes do Novo Testamento e concluiu que o cristianismo primitivo
deve mais a filosofia grega (estoicismo) do que para o judaísmo. Começando em
1840, começou uma série de obras argumentando que Jesus era um mito e fusão da
teologia judaica, grega e romana do segundo século.
[3] Abraham Dirk Loman (1856-1893) lecionou
no Seminário Luterano em Amsterdam, mais tarde, também na Universidade de
Amesterdã. Foi Loman, em particular, que iniciou a investigação das quatro
principais epístolas, na Holanda. Em 1882 e nos anos seguintes ele argumentou
que as quatro principais epístolas de Paulo (Romanos, 1ª e 2ª Coríntios e
Gálatas) não eram autênticas.
[4] Van Manen foi professor em Leiden
1885-1903. Ele ensinou literatura cristã primitiva e exegese do Novo
Testamento.
[5] Edwin Johnson (1894) Ex-professor de
Literatura Clássica em New College, autor de "Antigua Mater: A Study of
Christian Origins," onde já na introdução declara que as epístolas
paulinas provavelmente não foram composição de um homem, mas o produto de
vários escritores.
[6] Rudolf Steck em sua obra: Der
Galaterbrief untersucht Echtheit nach seiner, Berlim, 1888, mantém a
historicidade do apóstolo Paulo, mas sustenta que, como Jesus, ele não escreveu
nada. As quatro principais cartas atribuídas a Paulo, ele sustenta ter sido
escrito na ordem: Romanos, I Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, pela Escola
Paulina. Entre seus alunos encontra-se o famoso teólogo Karl Barth.
[7] Paul Wilhelm Schmiedel (1851 - 1935)
alemão, teólogo e professor de Exegese do Novo Testamento.
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