sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Gálatas: Introdução Geral


            O apóstolo Paulo certamente ficaria horrorizado com as igrejas cristãs atuais, pela facilidade e naturalidade com que elas trocaram o genuíno Evangelho por outros pseudo evangelhos  forjado na bigorna do inferno.

            O apóstolo toma conhecimento de que os recém-cristãos da região da Galácia estavam abandonando o Evangelho que ele havia lhes anunciado, por uma mistura sincretista espúria e maligna. Imediatamente toma sua pena, tinta e pergaminho e se põe a escrever-lhes em tom pastoral severo, exortando-os de maneira contundente a não darem ouvido a quem quer fosse que estivesse lhes ensinando qualquer outra mensagem, além daquela que eles haviam ouvido do próprio Paulo. Pois qualquer um, mesmo que ele próprio lhes ensinasse outro evangelho deveria ser anatematizado (amaldiçoado).

            Esta correspondência paulina tem sido o instrumento precioso do Espírito Santo para exortar e corrigir a igreja cristã por todos os séculos até os dias atuais. Mais do que nunca precisamos nos debruçar sobre esse documento inspirado e apreendermos seus ensinos e aplica-los à vida das igrejas e dos cristãos do século XXI.

            Nunca houve e nunca haverá outro evangelho a não ser o Evangelho que emana das páginas bíblicas. Voltemos ao genuíno Evangelho.

Autor e Título:

Paulo identifica-se como o autor desta epístola com as palavras, “Paulo um apóstolo”. Além de alguns estudiosos do século 19, ninguém questionou seriamente sua autoria. De todas as epístolas sem dúvida alguma essa trás as marcas característica do apostolo dos gentios - Paulinissima Paulinarum – é altamente biográfica. Depois de ampla e profunda pesquisa, em relação a todas as questões acadêmicas e literárias envolvendo esse documento neotestamentário o Dr. Findlay declara de forma contundente: “Não há a menor dúvida quanto a autoria, integridade, ou autoria apostólica da Epístola aos Gálatas que tem chegado até nós desde tempos remotos”. (1982).
O título é “Pros Gálatas” [Para os Gálatas], sendo endereçada para “as igrejas da Galácia”. Nenhuma cidade especifica é mencionada no endereço, mas apenas a região da Galácia - o único exemplo desse tipo nas epístolas de Paulo. Em termos gerais, sabemos que grande parte do que hoje é conhecido como Turquia era a Galácia daqueles dias. Seus habitantes eram "gauleses", ou "galli", que significa "povo nobre e guerreiro". A Galácia abrangia uma extensão bastante ampla que incluía, em si, regiões como Capadócia, Bitínia, Ponto, Licaonia e Frígia, ao Norte e cidades como Icônico, Listra, Derbe e até Antioquia (a de Pisídia) ao Sul.  Os gálatas eram cidadãos de vilas interioranas, em vez de habitantes de grandes centros urbanos, de maneira que as comunidades cristãs estavam espalhadas por toda a região da Galácia, sem um grande centro em particular – seriam pequenas comunidades locais.

Data: 49 ou 55 d.C.

A data de quando Paulo escreveu esta carta depende do destino da carta. Existem duas opiniões principais - A Galácia do Norte e Galácia do Sul. Ryrie resume e escreve:
 No momento da escrita desta carta o termo “Galácia” era usado tanto para se referir a questão geográfica quanto para a questão política. A primeira e mais antiga se referia a Ásia Central Secundária, com as cidades ao norte - Pisidian Antioquia,  Iconium, Listra, e Derbe; o posterior se referia a província romana (organizada em 25 a.C.) isso incluiu distritos meridionais e somente àquelas cidades mencionadas. Se a carta foi escrita para os cristãos da Galácia do Norte, as igrejas foram fundadas na segunda viaje missionária e a epístola foi escrita na terceira viajem missionária, ou de Éfeso (por volta de d.C. 53) ou mais tarde (sobre 55) da Macedônia. A favor disto é o fato que Lucas parece usar “Galácia” só para descrever Galácia do Norte (Atos 16:6; 18:23).
Se a carta foi escrita para os cristãos da Galácia do Sul, as igrejas foram fundadas na primeira viajem missionária, a carta foi escrita depois do fim desta viajem (provavelmente de Antioquia, 49 D.C., tornando-a a mais antiga das epístolas de Paulo), e o conselho de Jerusalém (Atos 15) esteve reunido posteriormente. A favor desta data é o fato que Paulo não menciona a decisão do Concílio de Jerusalém que estava relacionado diretamente com as questões dos judaizantes, indicando que o Concílio ainda não tinha acontecido (1978, p. 1863).

Tema e Propósito:

A Epístola aos Gálatas foi o grito de batalha da Reforma Protestante do Século XVI porque ela distingue-se como um Manifesto de Paulo da Justificação pela Fé. Então tinha sido traduzida como “a escritura da Liberdade Cristã”. Lutero tinha Epístola em especial consideração. A Epístola sustenta uma polêmica poderosa contra os Judaizantes e seus ensinos legalistas. Eles ensinavam, entre outras coisas, que várias das práticas cerimoniais do Velho Testamento estavam ainda relacionadas à Igreja. Deste modo, o apóstolo escreve para refutar este evangelho falso com base na Lei e obras e demonstrar a superioridade da justificação pela fé e a santificação pelo Espírito Santo.
Além disto, estes Judaizantes não só proclamavam um evangelho falso, mas buscavam desacreditar o apostolado de Paulo. Nos primeiros dois capítulos, Paulo defende seu apostolado e mensagem. Nestes dois capítulos Paulo demonstra convincentemente que seu apostolado e sua mensagem vieram por revelação do Cristo ressurreto. Depois, nos capítulos 3 e 4 ele expõe a doutrina genuína da graça, a doutrina da justificação pela fé somente. Alguns, porém, retrucaram imediatamente que tal doutrina levaria a licenciosidade, então o apóstolo demonstra que a liberdade Cristã não significa de modo algum autorização para qualquer tipo de licenciosidade ou depravação. Deste modo, os capítulos 5 e 6 demonstram claramente que os cristãos devem aprender a viver pelo poder do Espírito e que não devem manifestar os frutos da carne (pecado) mas o fruto do Espírito (santificação).

Termos Importantes:

A frase “justificação pela fé” e “liberdade da Lei” formam as palavras centrais da epístola.

Versos Centrais:

·         2:20-21. logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.21  Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão.
·         5:1 Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. 
·         5:13-16. Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.14  Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.15  Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos.16  Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. 

Capítulo Chave:

                   O fato de que os crentes não estão debaixo da Lei de nenhuma maneira significa a liberdade para fazer como bem lhe agrada, mas o poder para fazer o que devemos mediante a graça de Deus por meio do Espírito. Assim, o capítulo 5 é fundamental. Nossa liberdade nunca deve ser usada “como uma oportunidade para satisfazer a carne”, mas como uma base para amarmos um ao outro na força do Espírito Santo (5.13, 16, 22-25).

Cristo como Visto em Gálatas:

Através de Sua morte todos os crentes morreram para a Lei e através de Cristo receberam a vida (2.20), os crentes foram livrados da escravidão (5:1f.) e trazidos a uma posição de liberdade. O poder da cruz fornece libertação da maldição da lei, do poder de pecado, e da natureza pecaminosa (1.4; 2.20; 3.13; 4.5; 5.16, 24; 6.14).

Esboço:

I. Pessoal. O Evangelho da Graça, defesa da Justificação pela Fé (1.1-2.21)
A. Introdução (1.1-9)
B. O Evangelho da Graça Veio por Revelação (1.10-24)
C. O Evangelho da Graça foi Aprovado pela Igreja em Jerusalém (2.1-10)
D. O Evangelho da Graça foi Vindicado na Repreensão de Pedro, o Líder dos Apóstolos (2.11-21)
II. Doutrinal. O Evangelho da Graça, Justificação pela Fé Explicada (3.1–4.31)
A. A Experiência dos Gálatas. O Espírito foi recebido por Fé, Não por Obras (3.1-5)
B. O Exemplo de Abraão. Ele foi Justificado por Fé, Não por Obras (3.6-9)
C. A justificação é por Fé, Não pela Lei (3.10–4.11)
D. Os Gálatas Receberam Suas Bênçãos por Fé, Não por Lei (4.12-20)
E. A Lei e a Graça São Mutuamente Exclusivas (4.21-31)
III. Prático. O Evangelho da Graça, Justificação pela Fé Aplicada (5.1–6.18)
A. A Posição da Liberdade. Permanente (5.1-12)
B. A Prática da Liberdade. Sirva e Ame Um ao outro (5.13-15)
C. O Poder da Liberdade. Liberdade no Espírito (5.16-26)
D. O Desempenho da Liberdade. Faça o bem a Todos as pessoas (6.1-10)
E. Conclusão (6.11-18)

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

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Referências Bibliográficas
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