Durante a
ceia, o Diabo já havia inspirado Judas Iscariotes, filho de Simão, que aquela
era a noite para ele executar o seu plano de trair Jesus. (Parafrase –
Biblia Viva)
E, acabada a ceia, tendo o diabo
posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse, (Corrigida
Fiel – Português)
Estava sendo
servido o jantar, e o Diabo já havia induzido Judas Iscariotes, filho de Simão,
a trair Jesus. (Nova Versão Internacional – Português)
Enquanto ceavam, tendo já o Diabo
posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, que o traísse, (Revisada
– Português)
Texto
Grego – Textus Receptus
13.2 και δειπνου γενομενου του διαβολου ηδη
βεβληκοτος εις την καρδιαν ιουδα σιμωνος ισκαριωτου ινα αυτον παραδω.
Como vimos o evangelista João inicia
essa grande perícope com um pequeno proêmio o qual propositalmente separei o verso dois, pois não desejava quebrar o clima
tão sublime exposto no artigo anterior, referente ao verso primeiro.
Outra razão é que nesse verso
haveremos de tratar sobre algumas questões muito peculiares da ação do diabo na
vida das pessoas, no caso aqui especifico, de um dos próprios discípulos de
Jesus, ou seja, Judas Iscariotes que havia convivido com Jesus por quase três
anos.
Ele foi testemunha ocular dos mais diversos milagres realizados por Jesus: testemunhou a expulsão
dos demônios, a visão dos cegos (mesmo um cego de nascença - João 9), e a
ressurreição dos mortos (cf. João 11); estava lá quando Jesus acalmou a
tempestade (cf. Lucas 8. 22-25) e quando ele andou no mar (João 6. 19-21). Ele
participou da alimentação dos 5.000 (João 6. 1-14) e depois dos 4.000 (Mateus
15. 29-39). Ele participou igualmente em duas missões evangelísticas, recebendo
a mesma autoridade e poder dos demais (Mateus 10.4), primeiro com os doze e
depois com os setenta, por toda a Palestina judaica e certamente trouxe juntamente
com os demais seu relatório dos feitos realizados de sinais e maravilhas e onde
até mesmo os espíritos malignos lhes submeteram em nome de Jesus. Judas Iscariotes igualmente teve a oportunidade de
crer em Jesus, mas escolheu traí-lo.[1]
Esse mesmo Judas
Iscariotes é o triste personagem do qual o diabo se utilizará para impulsionar
os planos sinistros dos adversários de Jesus cujo único objetivo é a morte
dele. Ele é mencionado em outras referências evangélicas (cf. quadro ao lado).
Durante a ceia:[2]
Das versões acima somente a Corrigida Fiel optou pela indicação de que a refeição já havia sido concluída, mas as demais concordam que Jesus e
os discípulos continuam reclinados à mesa
comendo, o que faz mais sentido com os fatos subsequentes que
serão narrados (João 13.26, João 13.30). Uma tradução mais elaborada seria “Quando a refeição já tinha começado” ou “Quando a refeição foi
servida”, o que harmoniza com a ação de Jesus em lavar os
pés dos seus discípulos.[3]
Eles chegaram ao Cenáculo e um a um
eles foram se reclinando ao redor de Jesus à mesa. O Mestre aguarda até que a refeição
seja posta e então se levanta, para espanto e vergonha de todos eles, e começa
a lavar-lhes os pés. Segundo os costumes cerimoniais isso deveria ter sido
feito antes da refeição começar (cf. Lc 7.44), mas nenhum deles se dispôs a
fazer um serviço tão humilde. Após lavar os pés dos discípulos Jesus retorna ao
seu lugar (13.12) e a refeição tem sua continuidade (13.26).
tendo já o diabo posto no coração de Judas, ... que o traísse:[4]
Na medida em que a refeição prossegue seu ritmo natural, forças malignas
estão em ação no coração de Judas. A ideia aqui é que desde algum tempo Judas
vinha acalentando esta possibilidade. Ele percebe que o cerco esta se fechando
sobre Jesus, os Sacerdotes, os escribas, os fariseus, os saduceus e até mesmo
os mais radicais zelotes se unem pela primeira e única vez na vida, com o único
propósito de matar Jesus. Aproximadamente um ano antes Jesus já indicava que um dos doze o trairia e somente ele sabia que era
Judas Iscariotes (Jo 6.64, 70-71). Durante todo esse tempo Judas ficou
pacientemente aguardando a ocasião mais propicia e que lhe renderia algum
lucro, visto que seu coração estava dominado pela cobiça e por Mamon[5] (Lc 16.13) e não por amor
a Jesus.
Aqui temos três cenas
sobrepostas: primeiro a intenção do diabo que desde o inicio e durante o ministério tentou
desviar Jesus da cruz e agora sua última cartada será utilizar-se de Judas
Iscariotes como instrumento para entrega-lo à morte; segundo o próprio Judas Iscariotes, vítima de
sua própria ganância e do ardil do diabo; terceiro o próprio diabo, cuja essência exala somente o mal, mas que vai tão
somente cumprir o seu papel nos designos de Deus.
Mas quando emoldurados estas cenas revelam
um quadro terrível, maquiavélico e escuro, que se contrasta totalmente com a única e maravilhosa cena do verso primeiro iluminada
com a luz do amor gracioso e perseverante de Jesus em favor daqueles que o Pai
lhe confiara. Enquanto do coração de Judas e do diabo somente brotam o mal e a
morte, do coração de Jesus emana o amor e a vida.
Esse
verso se constitui em um alerta permanente para todos aqueles que mesmo estando inseridos nas comunidades cristãs,
continuam com seus corações tomados pela ganância e egoísmo. E assim como
Satanás utilizous-e de Judas para realização de seus propósitos malignos, aquelas
pessoas que vivem em função de si mesmas e não em favor do Corpo (igreja),
serão utilizados para gerarem contendas, divisões e dissenssões, enfraquecendo
o testemunho e a comunhão da Igreja.
Assim como Judas não
imaginou as consequências destrutivas de suas ações, tanto que depois tirou sua
própria vida, pois não conseguiu digerir sua própria culpa, igualmente as ações
narcisistas e gananciosas destas pessoas traram dor e sofrimento para o Corpo
de Cristo que é a Sua Igreja. Mas o resultado final destas pessoas será o mesmo
de Judas Iscariotes – a morte.
No dia do juízo muitos Me
dirão:
Senhor, Senhor, nós
falamos aos outros a seu respeito,
e usamos o seu nome para
expulsar demônios, e para fazer muitos outros grandes milagres.
Então eu lhes direi claramente:
Nunca os conheci.
Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!
Utilização livre desde que
citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da
Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro
Blog
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Referências
Bíblicas
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Aires: La Aurora, 1974.
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ed. São Paulo: Vida Nova, 1972.
[1] O apóstolo Paulo alerta os cristãos
de Corinto para o perigo da infiltração dos “Judas Iscariotes” no meio das
comunidades cristãs: “Pois
tais pessoas são falsos apóstolos, trabalhadores enganadores, disfarçados de
apóstolos de Cristo. E não admira, pois mesmo Satanás se disfarça como um anjo
da luz. Portanto, não é surpreendente que os seus servos também se disfarçem
como servos da justiça, cujo fim corresponderá às suas ações” (2
Coríntios 11. 13-15).
[2] A discussão sobre o dia em que essa
refeição aconteceu foi discutida no artigo anterior.
[3]No que tange às evidências textuais,
há equilíbrio entre as duas variantes, deipinou genomenou (acabada a ceia)
consta de um grande numero de manuscritos, incluindo o Papiro 66 e a maioria
dos manuscritos medievais. Mas o contexto é decisivo em favorecer deipnou ginomenou
(durante a ceia).
[4]Uma tradução possível, em conformidade com alguns
manuscritos, seria: “Tendo
já o diabo posto no coração que Judas Iscariotes, filho de Simão, trairia Jesus”,
onde se leva a pensar que se trata do próprio coração do diabo e não o de Judas
a fonte do desejo de matar Jesus. O comentarista exegético C. K. Barrett afirma
que essa deve ser a construção obrigatória desta passagem e interpreta: “O diabo já tinha decidido que Judas Iscariotes, o
filho de Simão, deveria traí-lo” (abud, BRUCE, 2008, p. 240).
[5] Mamon é um termo, derivado da Bíblia,
usado para descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem
sempre, personificado como uma divindade. A própria palavra é uma
transliteração da palavra hebraica "Mamom" (מָמוֹן), que significa
literalmente "dinheiro". Como ser, Mamon representa o terceiro
pecado, a Ganância ou Avareza, também o anticristo, devorador de almas, e um
dos sete príncipes do Inferno. Sua aparência é normalmente relacionada a um
nobre de aparência deformada, que carrega um grande saco de moedas de ouro, e
"suborna" os humanos para obter suas almas. Em outros casos é visto
com uma espécie de pássaro negro (semelhante ao abutre), porém com dentes
capazes de estraçalhar as almas humanas que comprara. [Wikipédia, a enciclopédia livre].
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