Estamos nos aproximando mais uma vez da época
natalina, onde recordamos os fatos relacionados ao nascimento de Jesus
Cristo.
Evidentemente que são muitos aqueles que criticam esta
e outras datas do calendário cristão, argumentando que os fatos evangélicos não
aconteceram nesta época do ano.
Com certeza Jesus não nasceu em 25 de dezembro, mas a
questão não está na data exata, mas no fato
incontestável de que Jesus nasceu.
Portanto, quando comemoramos o natal trazemos
à nossa memória o maior e mais extraordinário acontecimento
na história da humanidade - nasceu Jesus o
Salvador!
NATAL NOS
EVANGELHOS
Cada Evangelista inicia sua narrativa sobre
Jesus de uma forma diferente:
MARCOS nos coloca como uma daquelas pessoas que presenciaram o
momento em que JESUS se submete ao Batismo de João no
rio Jordão – e nos faz ouvintes dá voz do céu que
declara: “ESTE É O MEU FILHO AMADO”
JOÃO – transcende as fronteiras do Tempo e nos arremessa
para o momento em que DEUS resolve trazer a existência o MUNDO – e afirma que JESUS estava ali desde o Princípio – “O VERBO ESTAVA COM DEUS, O VERBO ERA DEUS
... e o Verbo se fez Carne (gente) e Habitou entre Nós, cheio de graça e de
verdade”
LUCAS – Opta por registrar a Primeira Cantata de
Natal da História – diversos Cânticos entoados
por diversos personagens que irão participar ativamente do NASCIMENTO DE JESUS – o cântico de Isabel; o cântico de
Maria; o cântico de Zacarias; o
cântico do ANJOS e o cântico do
sacerdote Simeão....
MATEUS - O evangelista inicia sua narrativa com uma
genealogia (1.1-17)
AINDA que pareça enfadonha e cansativa HÁ
RAZÕES muito fortes para que Mateus comece desta
forma sua narrativa evangélica.
Vejamos alguma dessas razões:
É que os primeiros LEITORES de Mateus são de origem judaica e eles
davam VALOR muito grande a esta questão genealógica.
De forma mais acentuada após o
cativeiro da Babilônia, os judeus passaram a valorizar muito as genealogias,
pois era fundamental para reivindicarem seus direitos civis e religiosos.
Desde a posse de Canaã a titularidade da terra era definida segundo as
tribos, as famílias e as casas dos pais (Nm
26.52-56; 33.54).
No livro de Neemias há
o registro de que alguns levitas foram impedidos de
continuarem exercendo suas funções sacerdotais porque não
puderam comprovar suas descendências genealógicas - Ne 7.63-65;
ao se casar a esposa do sacerdote tinha
que comprovar sua linhagem arônica em até cinco
gerações;
o rei Herodes era menosprezado pelos judeus por
ter ascendência edomita (NÃO
ERA JUDEU PURO) e ele chegou a ordenar a destruição dos registros
oficiais, sob a guarda do Sinédrio, para que ninguém tivesse
uma linhagem mais pura que a sua.
PORTANTO, ao abrir seu relato evangélico com uma
genealogia Mateus quer deixar claro desde as primeiras
linhas que Jesus tem as credencias oficiais para REIVINDICAR seu
oficio messiânico.
DOIS NOMES PRECIOSOS
Mateus apresenta seu personagem principal através de
seus dois nomes - Jesus Cristo
- Estes dois nomes se completam de
forma maravilhosa. Jesus (Salvador) faz explodir em
jubilo o coração crente, mas este nome fica ainda mais sublime e maravilhoso quando
colocado ao lado do nome Cristo (Ungido). Assim, os dois
nomes juntos querem dizer: "Salvador
Ungido"; isto é, nosso Salvador é totalmente capacitado
e habilitado para realizar a Obra da Redenção dos pecadores.
Jesus vem do hebraico, que após
o cativeiro ficou com a grafia de Jeshua, que significa
"Jeová, o Salvador".
Os dois personagens do AT que
recebem este nome são tipos: Josué, filho de Num, é um tipo
em sua função de libertador de seu povo; o
sumo sacerdote Josué (Zc 3) o prefigura como nosso sumo
sacerdote.
Cristo era um adjetivo que se
tornou nome próprio ao ser associado com Jesus (23.8-10),
é a tradução da palavra grega "Messias", que
no hebraico significa "Ungido".
As principais
autoridades israelitas - rei (Jr 23.5; Mt 2.2), sacerdote (Sl
110.4; Hb 6.20) e profeta (Dt 18.15-19; At3.22) eram
ungidos como símbolo da confirmação de suas funções especiais.
Jesus é o maior de todos eles, por
isso é chamado de "o Cristo", pois, enquanto todos
os anteriores a Jesus foram ungidos com azeite, Jesus
foi ungido pelo próprio Espírito Santo (Mt 3.16).
LINHAGEM REAL
Mateus coloca Jesus na
Linhagem Real ...
Ele é filho de Davi, descendente direto
da linhagem do maior dos reis de Israel, prerrogativa
profética que identifica o Messias e vai aparecer com
frequência na narrativa desenvolvida por Mateus.
A própria estrutura desta genealogia conecta Jesus
com Davi. Os três grupos de quatorze nomes, em que se
subdivide, resumem a trajetória da dinastia davídica: o primeiro grupo apresenta
a origem da descendência davídica; o segundo,
seu apogeu e declínio; o último grupo sua
quase extinção.
Mas, assim
como uma árvore pode ser quase totalmente dizimada, mas que restando apenas o
tronco com a raiz, começa novamente a brotar e formar uma nova árvore, assim afirmavam as profecias
messiânicas, Deus haveria de fazer ressurgir o reino davídico "então
brotará um rebento do tronco de Jessé [pai de Davi]" (Is
11.1).
ATRAVÉS da GENEALOGIA Mateus, desde
as primeiras linhas, declara em alto e bom som que Jesus é este
rebento que vem para estabelecer um Reino Eterno.
BÊNÇÃO PARA TODAS AS NAÇÕES
Se Mateus tivesse restringido a genealogia até
Davi, poderia dar a falsa impressão
de que a SALVAÇÃO era exclusividade dos JUDEUS.
Por isso o Evangelista faz relação direta de
Jesus com outra figura maior do povo judeu, "...filho de Abraão".
O próprio Abraão sabia que Isaque,
o filho da promessa, era apenas um tipo daquele que haveria de vir (cf Jo 8.56;
Hb 11.13, 17-19); e o apóstolo Paulo vai interpretar que Jesus era "o
filho por excelência de Abraão" (cf Gl 3.16).
É por meio da fé em
Jesus que Deus haveria de cumprir Sua promessa
de abençoar todas as famílias da terra (Gn 15.6; Rm 4.3; Gl
3.6; cf Jo3.16) e não apenas os judeus.
No desenvolvimento da narrativa Mateus
reafirma este propósito divino: João Batista declara que
Deus pode "suscitar filhos a Abraão" até mesmo das
pedras (3.9); o próprio Jesus alerta que no "grande banqueta no
Reino dos céus" muitos gentios se assentariam ao seu lado,
enquanto muitos israelitas [descendentes de Abraão] seriam deixados de fora.
Assim, a identificação de Jesus como filho de
Abraão tem enormes implicações quanto
a obra de Jesus e a sua abrangência Mundial.
Ao apresentar Jesus como filho de Davi e filho
de Abraão, no primeiro
versículo do evangelho, MATEUS não quer apenas colocá-lo
no centro de toda tradição do AT, o qual seus leitores tão bem conheciam. Ele deseja
que seus leitores, desde as primeiras linhas, entendam que Jesus é Aquele
que cumpre e completa o AT, mas
também é Aquele que introduz o Novo
Testamento e/ou Aliança (9.16-17; 26.28-29; cf Jo 3.34; 1 Co 11.25; 2
Co 3.6; 5.17; Hb 9.15; 10.20; 12.24; Ap 21.5).
Em Jesus Cristo o antigo e o novo se encontram
Ele é o Alfa e Ômega - o centro convergente de
todas as coisas, e
fora Dele não há esperança salvação nem para Israel
e nem para a humanidade.
Mulheres na genealogia
Mateus ao incluir o nome de mulheres na genealogia
de Jesus rompe com
toda a cultura israelita até então vigente, uma vez que a mulher não tinha
direitos legais naqueles dias.
E se não bastasse incluí-las, entre tantas mulheres
"virtuosas" da história genealógica de Jesus, Mateus inclui mulheres
que possuem grandes restrições morais e/ou étnicas:
Tamar, além de estrangeira (cananita) ela seduziu e teve
filhos com o próprio sogro (Gn 38);
Raabe era uma prostituta, que deu guarida aos
espias, quando da conquista da cidade de Jericó (Js 2.1-21);
Rute, era uma moabita, que segundo o livro de Deuteronômio
23.3 era enfático: "Nenhum moabita
entrará na assembleia do Senhor";
Bete-Seba que era mulher de um hitita (Urias),
adulterou com Davi o que resultou no assassinato do marido
dela.
Qual a razão de Mateus incluir estas mulheres?
Uma resposta é que Mateus
deseja mostrar que Deus está fazendo algo
novo e totalmente
diferente. Deus mais uma vez intervém diretamente na história
humana quebrando paradigmas e invertendo a ordem
natural das coisas.
Jesus vem para os "pecadores";
ele vem para ser o "salvador" de todas as pessoas sem qualquer
distinção de sexo ou raças;
MATEUS realça
desde as primeiras linhas de que a Salvação por meio de Jesus é unicamente por
meio da Graça, sem qualquer mérito, mesmo genealógico,
de seus leitores.
É isso que transforma o Evangelho em Boas Novas
para toda a humanidade e Mateus quer deixar bem claro para seus leitores que
o nascimento de Jesus, identifica-o plenamente com
a nossa humanidade e incluía toda sorte de
pessoas.
Por isso Jesus pode se
identificar comigo e com você.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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