sexta-feira, 16 de setembro de 2016

EDOM [Iduméia]

A cidade de Petra, capital de Edom.
            Este país estava situado no Sudoeste da Palestina e era também conhecido como Monte Seir. Seu território era extremamente montanhoso de maneira que facilitava a construção de fortificações contra seus adversários, o que os tornou extremamente arrogantes. Suas terras eram muito férteis de maneira que produziam alimentos em abundância os tornando autossuficientes. Moisés, ao enviar mensageiros ao rei de Edom, falou da posição israelita em Cades-Barnéia como “na extremidade do teu território”, e ao solicitar permissão para uma passagem pacífica através do território dos edomitas, Moisés referiu-se aos campos, vinhedos e poços deles (cf. Nm 20.14-17).
            Edom estava localizada ao sul do Mar Morto e margeava o Mar Vermelho em Eilat e Ezion Geber. Os edomitas tinham origem semita e a tradição os tinha como descendentes de Esaú (irmão gêmeo de Jacó - cf. Gn 36.1-43). Esaú também é chamado de Edom (cf. Gen 25:30-34 foi aplicado a ele por ter vendido sua primogenitura em troca do cozido vermelho); é também uma possível referência aos rochedos de arenito vermelho da região. Eram exímios caçadores e depois de desalojarem os habitantes horitas (cf. Gn 14.6; 36.20-30) passaram a ocupar aquele território, Seir, e se organizaram em tribos comandadas por um chefe (aluf), de maneira que Seir e Edom são sinônimas no que se refere à região; os edomitas seguindo a evolução dos demais povos se constituíram em uma monarquia.
            Os edomitas sempre foram inimigos dos israelitas (em Gênesis, a hostilidade entre Edom e Israel começa no útero – cf. Gn 25. 22-23; Ob  verso 10;  Ml 1 2-3; Rm 9.10-15); guerrearam contra Saul e foram fortemente derrotados por Davi, que acabou por anexar parte de seu território. Posteriormente reconquistaram sua independência durante o reinado de Jorão; sempre estiveram em guerra contra seu vizinho-parente.
            No século VIII a.C., os edomitas foram dominados pelos assírios, tornando-se seus vassalos. Quando da invasão dos babilônios sobre Judá e posteriormente Jerusalém, eles não apenas aplaudiram, como também aproveitaram a ocasião para saquearem a cidade e o Templo (cf. Sl 137.7; Lm 4.21-22). A mensagem do profeta Obadias se dirige diretamente aos edomitas, referindo-se a esse terrível momento histórico:
Por causa da violenta matança que você fez contra o seu irmão Jacó, você será coberto de vergonha e eliminado para sempre.
No dia em que você ficou por perto, quando estrangeiros roubaram os bens dele, e estranhos entraram por suas portas e lançaram sortes sobre Jerusalém, você fez exatamente como eles.
Você não devia ter olhado com satisfação o dia da desgraça de seu irmão; nem ter se alegrado com a destruição do povo de Judá; não devia ter falado com arrogância no dia da sua aflição.
Não devia ter entrado pelas portas do meu povo no dia da sua calamidade; nem devia ter ficado alegre com o sofrimento dele no dia da sua ruína; nem ter roubado a riqueza dele no dia da sua desgraça.
Não devia ter esperado nas encruzilhadas, para matar os que conseguiram escapar; nem ter entregado os sobreviventes no dia da sua aflição.
Obadias 1:10-14
            A jactância dos edomitas tinha sua razão no fato de que sua capital, Petra, havia sido construída sobre uma íngreme e quase inexpugnável montanha, se constituindo em uma das maravilhas do mundo antigo. Petra apresenta uma vista estupenda com o seu design de edifícios, esculpidos na própria montanha, de pedra-de-rosa vermelha bonita. Era praticamente inexpugnável do ataque de inimigos. Havia apenas um longo e estreito canyon como entrada, onde uma pequena força de soldados poderia proteger a cidade de ser tomada por um grande exército.
Entretanto, em meados do sexto século a.C., tropas babilônicas, comandadas pelo rei Nabonido, escalando os íngremes rochedos que davam proteção a Petra, a conquistaram, dando cumprimento às palavras do profeta Obadias que havia dito que os ‘aliados’, ‘confederados’, ‘amigos de confiança’, de Edom, os ‘enganariam’, ‘prevaleceriam contra’ eles e ‘colocariam uma armadilha’ debaixo deles. Sob Nabonido os edomitas perderam para sempre todas as suas riquíssimas rotas comerciais e mercantis (cf. Ob versos 1 e 7). Durante o período do cativeiro babilônico dos judeus, os edomitas, expulsos de seus territórios, passaram a ocupar o território ao Sul de Judá, e muitos ali permaneceram mesmo após o período do Exílio babilônico.
            No período do domínio romano, temos o relato de que os edomitas (idumeus) sofreram fragorosa derrota diante de Judas Macabeu. (1 Macabeus 5:3). Posteriormente, segundo Josefo, João Hircano I subjugou todos eles, permitindo-lhes que permanecessem na terra, sob a condição de se submeterem à circuncisão e aderirem à lei judaica. Sem outras alternativas eles concordaram com tais condições. (Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], XIII, 257, 258 [ix, 1]). Alguns habitantes da Iduméia achavam-se entre os que pessoalmente vieram a Jesus, ao ouvirem falar de “quantas coisas fazia” (Mc 3:8). Um de seus representantes mais ilustre, nas páginas do Novo Testamento, é Herodes, que reinou sobre os judeus, mas tanto ele como seus descendentes sempre foram grandemente hostilizado pelos judeus por sua origem edomitas.  
Dicionário da Bíblia Unger, a respeito de Edom durante a época romana, registra:
Os edomitas estavam agora incorporadas com a nação judaica, e toda a província era frequentemente denominado por escritores gregos e romanos como Iduméia. Imediatamente antes do cerco de Jerusalém por Tito, 20.000 idumeus foram admitidos na Cidade Santa, que se encheram de roubo e derramamento de sangue.
            É provável que estes edomitas-idumeus se associaram aos extremistas religiosos judaicos, os chamados zelotes, assassinando todos os moradores de Jerusalém que não se opusessem ao domínio romano. Depois do ano 70 d.C. os edomitas desaparecem dos registros históricos judaicos.

Me. ipg

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