O genuíno discipulado inicia-se no exato momento em que somos chamados por Deus, através da ação do Espírito Santo. E este curso perdura por toda a nossa vida, até o final. Vamos então acompanhar todo o processo e toda a caminhado de Abrão[1] em seu discipulado, que se inicia com seu chamado por Deus lá na cidade de Ur dos Caldeus e perdurará por todos os anos de sua vida até seu sepultamento em Canaã.
Abrão, como Noé, marca um novo começo, bem como um retorno ao plano original de Deus de abençoar "todos os povos da terra" (cf. 1.28). Abrão é representado como um novo Adão e sua semente como um segundo Adão. Aqueles que o "abençoam", Deus abençoará; aqueles que o "amaldiçoam", Deus amaldiçoará. O modo de vida e que antes era marcado pela "árvore do conhecimento do bem e do mal" (2.17) e pela arca (7.23b), agora é marcado pela identificação com Abrão e sua semente. A identidade da semente de Abraão será um dos temas principais das narrativas seguintes, não apenas do Primeiro quanto do Segundo Testamento.
Este capítulo doze é o Coração de todo o Pentateuco – tudo que foi escrito antes e tudo que será escrito depois se fundamenta neste chamado de Abrão. Ele é o ponto convergente das Promessas de Deus, de que enviaria um descendente da mulher para esmagar a cabeça da Serpente/Satanás.
A que tipo de Deus servimos? Ele muda de ideia? Ele promete e depois se esquece? Ou é o Deus fiel e cumpridor da Aliança, imutável, onisciente e soberano sobre todas as coisas – passadas, presente e futuras? A resposta desta questão implica em que tipo de Fé temos.
Todos nós temos escolhas a fazer e quão imensamente importante são estas escolhas: Devo aceitar a palavra de Deus? Creio de fato e de verdade que a Vontade de Deus é boa, santa e perfeita?
Que Deus fale conosco por meio de Sua palavra e que Seu glorioso nome seja sempre louvado!
Verso 1 - Ora, o Senhor havia dito a Abrão: Em sua argumentação Estêvão declara que essa Promessa havia sido feita [inicialmente] a Abrão quando ele estava na Mesopotâmia, antes de morar em Harã (Atos 7.2-4).
Portanto, Gênesis 12.1-3 resgata à memória de Abrão uma promessa que Deus já lhe havia comunicada anteriormente. Deus repetiu a promessa agora que seu pai (Terá cf. Gn 11.26-27; 31) estava morto e Abrão está sendo compelido a uma obediência mais completa.
Sua obediência parcial (saiu de Ur e estacionou em Harã[2]) não retirou a promessa de Deus. Em vez disso, significava que o cumprimento da promessa foi adiado até que Abrão estivesse pronto para fazer o que o Senhor lhe disse para fazer.
Lembrete: Se Deus retirasse sua promessa de salvação, antes que estivéssemos prontos...nenhum de nós entraria no céu.
Abrão certamente se tornara um gigante da fé, e se constituirá no pai/modelo dos crentes (Gálatas 3.7); No entanto, ele ainda tinha um enorme percurso até realmente entender o propósito de Deus e se submeter plenamente à vontade de Deus. Temos que olha para ele com um exemplo de crescimento na fé e na obediência, que são os pilares de todo discipulado cristão. O momento da conversão é quando a semente plantada será regada e cuidada pela ação graciosa do Espírito Santo, até que possa germinar, crescer e produzir os frutos decorrentes da nova vida. O chamado e a vida de Abrão, suas vitórias e fracassos, tornam-se um exemplo real e prático deste genuíno discipulado de Deus. Ele, como todo crente, vai aprender na Caminhada; nos tropeços; na falta de Fé... Assim como Abrão, estamos aprendendo a Crer/Confiar/Depender da Soberania e Providência de Deus. E da mesma forma com que Deus pacientemente esperou e conduziu Abrão; Ele também espera e conduz a nossa vida.
E semelhantemente aos discípulos no barquinho no mar da Galileia somos crentes de pequena fé...intimidados pelas ondas e ventos violentos que jogam a nossa vida de um lado para outro...e muitas vezes gritamos...Vamos Morrer!
Mas então Deus vem ao nosso Encontro...faz sossegar a nossa alma...
Às vezes entramos em Crise como Asafe (Sl 73); ou duvidamos como Tomé (João 20.24-25) ou até mesmo o negamos...muitas vezes...como Pedro (Lc 22.54-62).
Às vezes coramos de vergonha por causa de nossos pecados como Daniel (9.8); e temos que confessar como Davi: “Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” (Sl 51.3-4).
E como o ap. Paulo temos que declarar: “Porque o que faço não aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço” (7.15-19).
Deus chamou Abrão não porque ele fosse melhor do que seus semelhantes;
Deus o chamou unicamente por causa de Sua Graça ... nunca foi por méritos de Abrão, simplesmente porque ele não os tinha.
Deus nos chama pelo nome...unicamente por causa de Sua graça...
A fé de Abrão é decorrente da promessa de Deus... e não o contrário. Observe quantas vezes Deus diz que eu vou fazer nesses versos. Gênesis capítulo 12 é sobre os planos de Deus. Nos primeiros três versos Deus promete a Abrão uma terra, uma nação e uma bênção. É Deus, não Abrão, quem vai fazer essas coisas acontecerem!
Não é Abrão, não sou eu e não é você...
Para uma terra que Eu vou te mostrar: Depois de afirmar que queria que Abrão deixasse sua terra e seus parentes, Deus prometeu a Abrão uma terra.
Deus será o GPS de Abrão...a fé é a certeza do que ainda não pode ser visto...convicção das coisas que ainda haverão de acontecer...
Tomé precisou ver para crer...
Abrão creu sem ver...
Farei de você uma grande nação: Deus prometeu fazer uma nação de Abrão. Sua esposa Sara é estéril ... mas será por meio dela que Abrão gerara filhos e netos [veremos está História na Caminhada de seu discipulado] e tantos descendentes, o suficiente para formar uma grande nação.
Veremos que 70 pessoas entram Egito - Jacó o neto dele e sua família ... e milhares sairão depois de 430 anos.
E engrandecerei o seu nome: Deus prometeu abençoar Abrão e engrandecer o seu nome. Provavelmente não há nome mais honrado na história do que o nome de Abrão, que é honrado por judeus, muçulmanos e cristãos.
Abençoarei os que vos abençoarem, e amaldiçoarei aquele que vos amaldiçoar: A história bíblica deixa bem claro está verdade.
Do mesmo modo que muitos tentaram destruir Israel e falharam; muitos hoje tentam destruir a Igreja ... mas igualmente tem falhado.
Em ti serão benditas todas as famílias da terra: Não só foi prometida bênção a Abrão, mas Deus também prometeu fazer dele uma bênção, até o ponto em que todas as famílias da terra seriam abençoadas. Essa promessa incrível foi cumprida no Messias que veio da linhagem de Abrão. A bênção de Deus a Abrão não foi por causa dele, ou mesmo por causa da nação judaica que viria existir. Foi para o mundo inteiro, para todas as famílias da terra por meio de Jesus Cristo.
Vejamos o que o ap. Paulo nos ensina: “E a Escritura, prevendo que Deus justificaria os gentios pela fé, pregou o evangelho a Abraão de antemão, dizendo: ‘Em ti serão benditas todas as nações’. Então, aqueles que são da fé são abençoados com a fé de Abraão” (Gl 3.8-9).
Igualmente no Apocalipse: “E eles cantaram uma nova canção, dizendo: ‘Tu és digno [Cordeiro/Cristo glorioso] de tomar o livro e abrir seus selos; porque foste morto e pelo teu sangue nos resgataste para Deus, de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9). A obra de Jesus alcançara todos os grupos de pessoas na terra...e somente então virá o fim.
No chamado de Abrão temos a visão missionária de Deus e o propósito da aliança de Abraão. Eles deveriam olhar além de si mesmos, para todas as nações, para todas as etnias, para todas as famílias da terra. “Lá, você vê, estava o caráter missionário da semente de Abraão, se eles o tivessem reconhecido. Deus não os abençoou apenas para si mesmos, mas para todas as nações: ‘Em ti serão benditas todas as famílias da terra’” (Spurgeon).
Você e eu fomos Chamados para que?
VAMOS ORAR!
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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Referências Bibliográficas
ARANA, Adnrés Ibánez. Para compreender o livro do Gênesis. Tradução Pedro Lima Vasconcellos. São Paulo: Paulinas, 2003.
CONSTANCE, M. T. M. Explorer’s Bible Study: Genesis. 2000.
GRONINGEN, Gerard Van. Criação e consumação – o reino, a aliança e o mediador. V. 1. Tradução Denise Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
KIDNER, Derek. Gênesis – introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova e Editora Mundo Cristão, 1991.
LAW, Henry. O evangelho em Gênesis. São Paulo: Editora Leitor Cristão, 1969.
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