sábado, 2 de julho de 2016

Apocalipse – Seu Valor e Relevância

Somos bem-aventurados, pois qualquer aproximação do Apocalipse hoje se torna muito mais simples por causa dos trabalhos exaustivo realizado por todos aqueles estudiosos que tiveram que lidar com suas inúmeras dificuldades, e entre tantos que são reconhecidos podemos citar: Mounce, Barclay, Caird, Hailey, Hendriksen, Hughes, Joson, Ladd, Lang, Milligan, Morris e Wilcock.
O perigo comum daqueles que tratam do Apocalipse é contaminá-lo com sua própria bagagem, suas próprias suposições doutrinais, e este pequeno trabalho não está imune disto. Correndo um risco de ser mal compreendido podemos afirmar que ninguém tem “a” interpretação correta do Apocalipse, isto decorre do fato de que ele mostra os princípios, mas nem sempre os detalhes.  Assim, a sua interpretação depende das circunstâncias da igreja no momento. Para alguns a sua mensagem pode ser “Acorde! Fortaleça o que está para morrer...”, para outros pode ser “Permaneça firme, de forma que ninguém tome sua coroa”.
O livro do Apocalipse tem se constituído uma bênção para todo aquele que ouve e crê em sua mensagem e por esta razão ele tem falado a todas as igrejas, em todas as épocas. Você mesmo deve julgar se os parâmetros aqui utilizados têm peso ou não. Todo o esforço empreendido nesta série de artigos é no sentido de que todo o material fornecido se constituam em diretrizes para formação de uma interpretação pessoal, fundamentada numa base bíblica sólida construída a partir do próprio livro do Apocalipse. As diferenças em alguns pontos serão inevitáveis, mas creio que serão toleráveis, pois “todos nós tropeçamos de alguma maneira” (Tiago 3:2); e Paulo nos ensina a “examinar tudo e reter apenas o que for bom” (I Ts 5:21), e este é o espírito com que devemos caminhar neste trabalho.
Nestes dias que em que os evangélicos brasileiros, incluindo as chamadas igrejas tradicionais, sucumbem uma a uma à tentação da denominada “teologia da prosperidade”, que não passa de um hedonismo transvestido de teologia, de maneira que cada uma à sua maneira, mais ou menos escancaradamente, buscam por todos os meios possíveis “construir seus pequenos e insignificantes impérios”, fazendo com que a igreja e sua preciosa mensagem evangélica retroceda aos terríveis e funestos dias da Idade Média. É nestes “tenebrosos” dias iniciais do século XXI que se faz necessários resgatar o valor e a importância deste incomparável livro que fecha não somente o cânon do Novo Testamento, mas encerra toda a Revelação de Deus dada aos seus servos desde os primeiros dias do Antigo Testamento.
Abaixo resgato apenas alguns, dentre incontáveis referências, que demonstram a importância relevante deste último livro da Bíblia, por parte dos grandes estudiosos e expositores das Escrituras Sagradas:
 “Hoje como nunca talvez esse livro seja tão pouco lido e conhecido, tanto que até mesmo se perdeu o significado literal da palavra ‘apocalipse’ (revelação) que, na mente da maioria, evoca exclusivamente uma idéia de destruição, catástrofe, fim”. (CORSINI, 1984, p.13).
“Negligenciado, mal interpretado e grosseiramente torcido, o Livro do Apocalipse permanece quase que isolado dentro do Novo Testamento. Muitos leitores da Bíblia contentam-se em passar por cima dele, como a dizer – ‘Não há quem o entenda’”. SUMMERS Ray, A Mensagem do Apocalipse, Ed. JUERP, Rio de Janeiro, 1980, p.13.
“Livro estranho, e para muitos um livro fechado, é esse que aparece em nossas Bíblias sob o título de ‘O Apocalipse de João’. Entretanto, mesmo que continue estranho, não é necessário que permaneça fechado. Se não podemos compreendê-lo todo, dele podemos compreender muito”. (McDOWELL, 1960, p.15).
 “É o último livro da Bíblia e, para a maioria dos cristãos, um dos lidos com menos frequência e um dos mais difíceis. Algumas poucas passagens do mesmo são bem conhecidas e amadas (ex. 7:9-17); mas quanto à sua generalidade os leitores modernos acham o livro ininteligível”.  (DOUGLAS, 2001, p. 87).
“O livro do Apocalipse não deve e não pode ser interpretado senão pela Palavra de Deus, e para compreender bem a Palavra de Deus e não nos afastarmos de sua verdade é preciso tomar sempre o cuidado de procurar O QUE A BÍBLIA DIZ DA BÍBLIA. Realmente, em sua diversidade, a Bíblia é a única intérprete de si mesma”. “Lendo este livro, percebe-se que é quase inteiramente composto de palavras e imagens do Velho Testamento. O estudo do Apocalipse subentende o do Velho Testamento. Nele se encontram pelo menos 320 citações da primeira parte de nossa Bíblia, ... Assim, a sabedoria de Deus termina o Cânon sagrado com essa maravilhosa aprovação, esse divino selo sobre o Velho Testamento; por isso, aquele que repele o Apocalipse, repelirá virtualmente o Velho Testamento”. (ALEXANDER, 1987, p.16 e 20).
“O livro do Apocalipse é belo além de toda e qualquer descrição. É belo em sua forma, simbolismo, propósito e significação. Onde encontraremos em toda a literatura algo que exceda em majestade a descrição do filho do Homem andando no meio dos sete castiçais de ouro (1.12-20), ou a vívida descrição do Cristo, Fiel e Verdadeiro, marchando triunfante, montando um cavalo branco, vestindo um manto salpicado de sangue, seguido dos exércitos celestiais (19.11-16)? Onde acharemos um contraste mais veemente que aquele entre a destruição de Babilônia de um lado, e o regozijo da Jerusalém de ouro do outro (18-19; 21-22)? E onde se descrevem com tamanha simplicidade e inusitada beleza o trono posto no céu e a bem-aventurada vida celestial (4.2-5,14; 7.13-17)? Que abundância de conforto! Que visão do futuro! Acima de tudo, que revelação singular do sublime amor de Deus divisarmos nas palavras da profecia deste livro! ” (HENDRIKSEN, 1987, p. 16).
“Ele é ao mesmo tempo o livro mais respeitado, o mais incompreendido e o mais negligenciado dos escritos do Novo Testamento”. (LAYMON, 1960, p. 7).
“Estou satisfeito em saber que ainda não foi descoberto um modo certo de interpretar as profecias desse livro, e não vou acrescentar um outro monumento à insignificância ou insensatez da mente humana ao empenhar-se em iniciar um novo estudo. Vou repetir o que já disse, não entendo esse livro; e estou satisfeito em saber que ninguém que escreveu a respeito desse assunto sabe mais do que eu [...] Eu havia resolvido, por um tempo considerável, não me ocupar com esse livro, porque previ que não poderia produzir nada satisfatório acerca do mesmo [...] Mudei minha decisão e acrescentei breves notas, principalmente filológicas, nos trechos em que achei que entendi o significado”. (CLARKE, Adam, s. d., pp. 965-6).
“O livro do Apocalipse é o único livro da Bíblia que envolve uma promessa especifica de bênção para aqueles que o lerem ou ouvirem (nos cultos públicos). Lemos ali: ‘Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as cousas nela escritas, pois o tempo está próximo’ (Ap 1.3). Temos entre as mãos uma revelação, o que significa que a mesma deve ser lida; ela nos abençoa, pelo que também devemos lê-la, estudá-la. Fala de acontecimentos que breve terão lugar, pelo que cumpre-nos lê-la”. (CHAMPLIN, 1988, p. 363).
“O livro do Apocalipse é o livro mais estranho do Novo Testamento. Ele é tão difícil para a maioria dos leitores modernos, que eles o negligenciam completamente. Porém, muitos que não ignoram este livro, fazem algo ainda pior: usam-no mal. Algumas vezes o mau uso não é nada mais sério do que um exagero de minúcias, sem importância. Outras vezes, contudo, a mensagem central é obscurecida ou passada por alto. Os estudantes da Bíblia não devem permitir que tal negligência ou abuso deste livro os desencoraje. A mensagem deste livro mergulha nas profundezas da fé cristã e retrata, em termos exaltados, a vitória final de Cristo e seus seguidores”. (ASHCRAFT, 1983, p. 283).
“Estudar o livro do Apocalipse é adentrar ao mundo fascinante da soberania de Deus, onde podemos perceber a forma incomparável com que Ele dirige cada e todos os acontecimentos que aconteceram, acontecem e haverão de ainda acontecer na história humana” Me. Ivan Pereira Guedes
Poderia citar uma infinidade de outras referências de estudiosos deste livro, que gastaram anos se debruçando sobre esta mensagem, para ao final se renderem ao fato de que ele é grande demais para mentes tão pequenas quanto às nossas.
Entretanto, todos aqueles que investirem tempo na leitura e estudo deste livro, jamais sairão vazios. Pois ele é parte integrante da biblioteca inspirada e preservada pelo Espírito Santo, para fortalecimento e edificação de todos aqueles que creem.
“Quem tem ouvidos, ouça, o que o Espírito diz ...”

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br//

Artigos Relacionados
Apocalipse – mmmmm

Referências Bibliográficas
ALEXANDER H. E. Apocalipse. São Paulo: Ed. Ação Bíblica do Brasil, 1987.
ASHCRAFT, Morris. Comentário Bíblico Broadman, v.12, ed. JUERP, 3ª ed., 1983.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado, v. 6, ed Milenium, São Paulo, 1988.
CLARKE, Adam, The New Testamento of Our Lord and Saviour Jesus Christ. Nova York: Abingdon-Cokesbury Press, vol. II, s. d.
CORSINI Eugênio. O Apocalipse de São João. São Paulo: Edições Paulinas, 1984.
DOUGLAS J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Ed. Vida Nova, 2001.
HENDRIKSEN, William. Mais Que Vendedores - Interpretação do livro do Apocalipse. São Paulo:  ed. CEP, 1987.
LAYMON, Charles M. The Book of Revelacion. Nova York: Abingdon Press, 1960.
McDOWELL, Edward A. O Apocalipse – Sua Mensagem e Significação. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1960.

SUMMERS Ray. A Mensagem do Apocalipse. Rio de Janeiro: Ed. JUERP, 1980.

Nenhum comentário:

Postar um comentário