segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Evangelho Segundo Mateus: Propostas de Estruturas


É sempre difícil estabelecer qual é a estrutura de um evangelho. Continuamente aparecem novas propostas de divisão do Evangelho que se sobrepõem e até mesmo tornam-se conflitantes entre si, o que torna quase impossível estabelecer um consenso sobre a importância destes esforços dos estudiosos.
Mas quando examinamos a narrativa inteira de Mateus é possível detectar ao menos quatro modelos estruturais:
Modelo dos Cinco Discursos: Vários estudiosos caminham junto com B. W. Bacon em que Mateus estrutura seu evangelho em cinco grandes discursos e/ou seções e que cada um destes discursos é precedido de uma narrativa e por esta razão ele propõe a divisão do Evangelho em cinco livros:
1º Livro         Narrativa caps. 3-4            Discurso caps. 5-7  (Sermão da Montanha)
2º Livro          Narrativa caps. 8-9  Discurso cap. 10 (Missão dos Apóstolos)
3° Livro         Narrativa caps. 11-12       Discurso cap. 13 (Sermão sobre o Reino)
4º Livro          Narrativa caps. 14-17         Discurso cap. 18 (Sermão Comunitário)
5º Livro         Narrativa caps. 19-22       Discurso caps. 24-25 (Sermão Escatológico)
Desta forma os caps. 1 e 2 tornam-se um preâmbulo e os caps. 26-28 um epílogo. Para Bacon a intenção de Mateus, ao estruturar desta forma seu trabalho, era fazer uma ligação direta com os Cinco Livros de Moisés e demonstrar que Jesus era aquele que veio para Cumprir toda a Lei.
Modelo Quiástico: Os defensores desta estrutura parte do costume dos escritores do AT em utilizar esta forma literária tanto na poesia quanto na prosa. A ideia é de enfatizar o ensino mais importante, colocando-o no centro da narrativa ou da poesia. O exemplo abaixo coloca como centro o cap. 13, mas outros colocam o cap. 14 ou o cap. 11.
1) 1-4, Nascimento – começo da atividade do Messias
    2) 5-7, bem-aventuranças – promulgação do Reino
             3) 8-9, autoridade do Messias e convite ao Reino
                       4) 10, discurso da missão
                                5) 11-12, o Messias rejeitado
                                              6) 13, parábolas do Reino
                                 5) 14-17, o Messias reconhecido pelos seus
                        4) 18, discurso eclesial
               3) 19-22, autoridade do Filho do Homem e convite ao Reino
     2) 23-25, maldições – realização do Reino
1) 26-28, morte, ressurreição, novo começo
Esta forma de estruturar a narrativa coloca como tema central o Reino de forma que tudo antes e depois realçam essa temática.
Modelo Geográfico: Os defensores desta estrutura partem da grande cisão existente entre cap. 16,20 e 16,21 – logo após a declaração de Pedro de que Jesus é o Messias, o evangelista declara: “A partir deste tempo, Jesus começou a mostrar aos seus discípulos...” (16,21). Esta frase nos reporta ao cap. 4,17 A partir deste momento, começou Jesus a pregar...”. Assim, a narrativa divide-se em duas partes principais: o ministério de Jesus na Galileia e a sua viagem para Jerusalém. Muitos chamam de “modelo marcano”, pois coincide bastante com o modelo proposto por Marcos. Todavia, essa estrutura acaba por deixar de lado os diversos marcadores literários que Mateus estabeleceu.
Modelo Cristológico: Vários estudiosos entendem que Mateus se estrutura no tema cristológico utilizando três grandes seções: caps. 1.1-4.16 – A Pessoa de Jesus, o Messias; caps. 4.17-16.20 – A Proclamação de Jesus, o Messias; caps. 16.21-28.20 – Sofrimento, Morte e ressurreição de Jesus, o Messias. O referencial literário é que ao final das duas primeiras divisões aparece a expressão “desde esse tempo” marcando um avanço na narrativa da história.
Conclusão
Nenhum esboço e/ou esquema poderá fazer justiça a esta preciosa obra escrita por Mateus, mas pelo menos nos ajudam a perceber a multiplicidade dos detalhes e a grandiosidade da obra completa.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Referência Bibliográfica
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