Após a saída do Egito e a peregrinação por quarenta anos no deserto, bem como a morte do grande líder Moisés, uma nova geração de israelitas, agora liderados por Josué, estão prontos para tomarem posse da terra que lhes havia sido prometida por Deus.
A chamada
conquista da terra de Canaã[2] não foi rapida e nem foi fácil. As nações que estavam
localizadas na zona fronteiriça com o deserto do Sinai ofereceram grande
resistência. Os movimentos ao norte por ambos os lados do Mar Morto tiveram que
superar resistencias e embates, a estratégia deles foi ocupar o Vale do Jordão[3]. Durante o período do Juízes eles sofreram bastante com
as investidas do cananeos e seus carros de guerra, com a resistência dos
moabitas e a belicosidade dos filisteus. Somente nos reinados de Davi e Salomão
os israelitas conseguiram ocupar de fato a quase totalidade do território
palestino.
A
estratégia israelitas visava evitar a chamada “via do Rei”, que se constituia na principal rota na Transjordania,
bem como evitar também os reinos de Edom e Moabe; foram ocupando paulatinamente
a região da Transjordania até
cruzarem o rio Jordão para conquistarem a região da Cisjordania.
A conquista da cidade
de Jericó: A posição que ocupa o
oásis de Jericó demonstra que se tratava de uma cidade estratégica para a
ocupação da Transjordânia em direção as montanhas de Canaã.
A
Jericó veterotestamentária se localiza na atual Tell es-Sultan, entretanto, a
grande erosão naquele local não permite a extração de muitas informações
arqueológicas sobre suas origens. Tratava-se de uma cidade de porte médio,
guardada por muralhas que se remonta a idade do Médio Bronze. Segundo o relato
bíblico somente com ajuda de Yahvé foi possível aos israelitas invadirem e
conquistarem esta cidade.
Uma vez ocupada o sul da
Cisjordania, a narrativa do livro de Josué (capto 11) informa que os reis do
norte de Canaã, preocupados com o avanço israelita, se unem para um ataque, mas
Josué se mobiliza rapidamente, promove um ataque surpresa junto as margens de
Merom, e alcança uma significativa vitória sobre estes reis, tendo como grande
conquista a cidade de Hasor[4].
Ao final
do século XIII a.C. os israelitas estavam ocupando as colinas às margens do rio
Jordão. Mas como podemos perceber na leitura dos livros Históricos da bíblia
esta conquista arrastou-se por um longo e sofrido período, e no capítulo 13 de
Josué relaciona-se diversas regiões que ainda estavam pendentes. A arqueologia
indica que cidades como Megido e Basã resistiram durante gerações,
provavelmente pelo aporte egipcios a estas cidades.
O Período dos Juízes[6]
A
figura dos Juízes surgiam somente quando as tribos corriam grande perigo. Não
havia também um local único de adoração e culto, pois Siló era apenas um destes
diversos locais espalhados por todo o território israelita. Somente depois da
conquista de Jerusalém que tornou-se a capital da nação, nos dias de Davi e com
a construção do Templo, nos dias de Salomão, é que se alcançou certo grau de
unidade nacional politica, econômica e religiosa.
Essa
fragmentação das tribos fica explicitada na guerra sangrenta ocorrida entre as
tribos de Efraim e Gileade (Jz 12.6), onde se relata que para distinguir a que
tribo a pessoa pertencia, deveria se pronunciar uma determinada palavra, que
caracterizava o “sotoque” da origem
do individuo.
O
exercício da função de “Juiz” podia ser por um chamado especifico, como o caso
de Gedeão, ou por predestinação desde o nascimento, como o exemplo de Sansão.
Muitos estudiosos também fazem uma distinção entre juízes “maiores” e
“menores”, não por causa da quantidade de relatos ou registros das atividades
deles, mas pelo fato de que os primeiros exerceram de fato uma autoridade
judicial e administrativa (governo) neste período premonárquico.
O marco
fundante do estabelecimento da monarquia israelita esta no século XI a.C.,
quando os filisteus invandiram a Palestina, apoderaram-se da Arca da Aliança e
destruiram o santuario de Siló. Aproximadamente em torno de 1030 a.C. Saul
assume a função de rei e conclama a todas as tribos para que formem um único
exército, com o qual vence os filisteus e recuperam o domínio do país. A partir
de Saul a nação passa a ter uma liderança nacional capaz de enfrentar seus
inimigos em defesa de seus territórios. Estão entrando em uma outra fase, de
crescimento urbano e organização social, econômica, politica (Jerusalém como
capital) e religiosa (construção do Templo).
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes,
Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia
Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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Referências
Bibliográficas
ABBAGNANO, Nicola (1901-1990). Dicionário de
Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revista por
Alfredo Bossi; revisão da tradução dos novos textos Ivone Castilho Benedetti,
5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ADAMS, J. McKee. A Bíblia e as civilizações
antigas. Rio de Janeiro: Dois Irmãos, 1962.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Geografia bíblica. Rio
de Janeiro: CPAD, 1987
KRESTSCHMER, K. História dela geografia. 3ªed.
Barcelona: Editorial Labor, 1942
MORA, José Ferrater. Diccionario de filosofía
(A-K), 5ª ed. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1964.
ROCHA, Genylton Odilon Rêgo da. Geografia
clássica – uma contribuição para história da ciência geográfica. Presença
- Revista de Educação, Cultura e Meio Ambiente, dez. nº 10, vol. I, 1997
(Universidade Federal de Rondônia). Disponível em:
http://www.revistapresenca.unir.br/artigos_presenca/10genyltonodilonregodarocha_geografiaclassicaumacontribuicaoprahistoriadaciencia.pdf.
Acesso em 04/08/2014.
[1]
Formação Acadêmica: Mestre em
Ciências da Religião (Universidade Mackenzie); Teologia (Seminário
Presbiteriano); Especialização em História do Cristianismo (Universidade
Metodista de Piracicaba); Ciências Contábeis (Universidade Cruzeiro do Sul); Profº Introdução Bíblica: Seminário
Bíblico de São Paulo (SBB); Faculdade de Teologia Integral da América Latina
(FLAM); Faculdade de Teologia Paschoal
Dantas (SP). Dissertação de Mestrado:
O protestantismo na capital de São Paulo - Igreja Presbiteriana Jardim das
Oliveira. Dissertação [Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013];
Blogs: Reflexão Bíblica – http://reflexaobiblica.spaceblog.com.br/
e Historiologia Protestante - http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
[2]
Após a dispersão da humanidade, ocorrida quando da construção da Torre de
Babel, os descendentes de Canaã, filho de Cam e neto de Noé, fixaram-se nas
terras que seriam entregues a Abraão. Isso ocorreu há mais de três mil e
quinhentos anos antes de Cristo. Nessas paragens, notórias por sua fertilidade
e riquezas naturais, os cananeus multiplicaram-se e forjaram uma vigorosa
civilização.
[3]
É o maior vale de Canaã. Começa no sopé do Monte Hermom, no extremo norte, e
vai até ao mar Morto, no extremo sul, recontando longitudinalmente o território
israelita. Esse vale, importantíssimo cenário na história do povo de Israel, é
na verdade uma grande fenda geológica. Através desse vale, corre o rio que lhe
empresta o nome: o Jordão, onde foi o Senhor Jesus batizado. É o vale mais
profundo da Terra: encontra-se a 426m abaixo do nível do Mar Mediterrâneo. Do
Hermom, onde nasce, até ao Mar Morto, onde termina, tem o Vale do Jordão uma
extensão de 215km de extensão.
[4]
Hazor era uma cidade do período Bronze Recente e era a mais importante de Canaã
e mantinha relações internacionais. Sofreu influencia hitita e fontes egipcias
a mencionam em diversos textos comerciais. Há vestigios arqueológicos de
intensa atividade religiosa, templos, objetos de culto, mesas de libações e um
grande altar de incesario de basalto decorado e estelas de pedra. Também
encontra-se indicios de que foi destruida por fogo em torno de 1.200 a.C., que
pode ser relacionado com a narrativa bíblica. Somente nos dias de Salomão esta
cidade resgatou um pouco de seu explendor.
[5]
As doze tribos israelitas remontam aos
descendentes de Jacó (Gn 29.31-35 e 30.1-24). São os filhos das esposas de Jacó
(Lía e Raquel) e suas concubinas (Billá e Zilpá). A distribuição dos
territórios seguem o grau de parentesco: os quatro primeiros filhos de Lía
(Rubem, Simeão, Levi e Judá) são as tribos meridionais e os dois filhos de
Raquel (José e Benjamim) ocuparam o centro da Palestina. Essa dualidade
manteve-se e demarcou os eventos históricos da nação quando posteriormente o
reino dividiu-se em duas nações independentes: Judá e Israel.
[6]
O Termo “juíz” vem da mesma raíz da palavra semítica que trás a idéia de alguém
que exerce plenos poderes de governo e não somente funções judiciais. Eles eram
pequenos “reis” regionais em uma época premonárquica.
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